domingo, outubro 16

O País e o futuro colectivo ameaçados


Passos Coelho decretou guerra à Função Pública e, de forma indirecta, ao Povo que o elegeu. Com os cortes brutais nos seus rendimentos, muitos funcionários públicos irão passar a viver ao nível da sobrevivência. Alguns poderão mesmo soçobrar, incapazes de poder cumprir com dívidas assumidas. A este pesadelo irá juntar-se por certo a degradação dos serviços públicos, em consequência da desmotivação profissional, assumindo particular preocupação as áreas da Educação, Justiça e Saúde.

Se a esta catástrofe juntarmos as consequências que trará para o sector privado a brutal perda de poder de compra dos funcionários públicos, com o consequente encerramento de empresas e sector do comércio em geral, levando à inactividade milhares de concidadãos por desemprego e contracção de emprego, temos uma ideia da situação de apocalipse social a que este governo irá conduzir o País.

Como irão os portugueses reagir a este desastre que se antecipa? Serão os partidos de oposição suficientemente responsáveis para, superando divergências, se sentarem e discutirem alternativas à actual (des)governação? Soprarão outros ventos da Europa que consintam aliviar o garrote financeiro que nos tolhe?

O País e o nosso futuro colectivo estão hoje seriamente ameaçado. Já não vale a pena continuar a gritar que nós não somos a Grécia, teremos é que lutar para que não nos remetam ao papel e insignificância política de uma Albânia. Para tal é necessário correr com esta corja de irresponsáveis comandados por um político asséptico, insensível e mentiroso.
Tavisto

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1 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Em Estado de choque

O país está em estado de choque. As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro são devastadoras para o nível de vida dos portugueses, que vai regredir para os anos 70. Ao mesmo tempo, anunciam uma mudança estrutural nos direitos dos trabalhadores: acabaram por muitos anos os subsídios de férias e de Natal e os dias de trabalho serão a partir de agora mais longos e em maior número.
Nos dois próximos anos seremos castigados pelos excessos de várias décadas, como exige a moral calvinista do norte da Europa e o fundamentalismo da troika. As palavras de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite, sublinhando que a austeridade não pode ser a única forma de combater a crise ou que o ajustamento é inexequível no prazo de três anos, não encontram eco no voluntarismo do primeiro-ministro e do ministro das Finanças. Como este último reconheceu, o estado de emergência nacional impede que os cortes sejam seletivos. Por outras palavras, o ajustamento está a ser feito à bruta porque não há tempo e é necessário cumprir o défice este ano e nos próximos e inverter a evolução da dívida pública. Por isso, a receita que nos está a ser aplicada segue, passo por passo, a tragédia grega. E como é previsível, vai ser necessário acrescentar austeridade à austeridade para cumprir os objetivos até chegarmos ao ponto em que se começará a discutir a necessidade de despedimento de funcionários públicos.

Vamos empobrecer. Mas vamos fazê-lo sem nenhuma esperança de ver o fim deste caminho em menos de uma década. É esse o drama e o perigo.

Editorial expresso 15.10.11

9:21 da tarde  

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