Cortes da Saúde, "carninha da melhor"
... Faz parte, aliás, de uma fundação criada recentemente para defender o SNS. Acha, pois, que o SNS está em risco? Receia que as conquistas SNS sejam comprometidas? link
Receio. A ideia de que estamos a tirar gordura ou desperdícios é perfeitamente errada. Nós estamos a tirar carninha da melhor. É necessário ter a consciência do que o que se está a tirar está a provocar degradação de serviços, situações gravíssimas de sacrifício das populações, está a ser extremamente pernicioso. Não há outra maneira de fazer isto sem lesar a população. Mas que dure o mínimo tempo possível. Agora diz-se: gastou-se dinheiro de mais. Tentam-se tirar conclusões que são perniciosas. Diz-se que a percentagem do que gastamos com a saúde corresponde a 10 ou 11 % do PIB, que estamos a gastar mais do que a média. Isto é perfeitamente mentira. É preciso ver o valor real. Em 2009, gastámos 2120 dólares por cabeça, enquanto a Espanha gastou 2450. Nós gastámos 10 % do PIB, eles 8,3%.
... Mas ainda há dias disse que o actual ministro da Saúde não tem sensibilidade social...
É muito difícil traduzir sem mentir. O que eu disse foi que não classificava o ministro porque ele não tem objectivos de saúde, foi posto lá para tentar salvar o que é possível ainda salvar. Se ele tivesse objectivos de saúde podia classificá-lo, assim não posso, porque só sei que ele é muito bom em gestão. E a situação é catastrófica. Não temos nenhuma forma de fuga a esta situação. O mundo ocidental caiu nas mãos das casas de penhor. Em todo o mundo deixou de fazer-se política, estamos nas mãos dos contabilistas.
Entrevista de Alexandra Campos, JP 13.11.11
Também Paulo Mendo parece resignado à nossa sorte.
Receio. A ideia de que estamos a tirar gordura ou desperdícios é perfeitamente errada. Nós estamos a tirar carninha da melhor. É necessário ter a consciência do que o que se está a tirar está a provocar degradação de serviços, situações gravíssimas de sacrifício das populações, está a ser extremamente pernicioso. Não há outra maneira de fazer isto sem lesar a população. Mas que dure o mínimo tempo possível. Agora diz-se: gastou-se dinheiro de mais. Tentam-se tirar conclusões que são perniciosas. Diz-se que a percentagem do que gastamos com a saúde corresponde a 10 ou 11 % do PIB, que estamos a gastar mais do que a média. Isto é perfeitamente mentira. É preciso ver o valor real. Em 2009, gastámos 2120 dólares por cabeça, enquanto a Espanha gastou 2450. Nós gastámos 10 % do PIB, eles 8,3%.
... Mas ainda há dias disse que o actual ministro da Saúde não tem sensibilidade social...
É muito difícil traduzir sem mentir. O que eu disse foi que não classificava o ministro porque ele não tem objectivos de saúde, foi posto lá para tentar salvar o que é possível ainda salvar. Se ele tivesse objectivos de saúde podia classificá-lo, assim não posso, porque só sei que ele é muito bom em gestão. E a situação é catastrófica. Não temos nenhuma forma de fuga a esta situação. O mundo ocidental caiu nas mãos das casas de penhor. Em todo o mundo deixou de fazer-se política, estamos nas mãos dos contabilistas.
Entrevista de Alexandra Campos, JP 13.11.11
Também Paulo Mendo parece resignado à nossa sorte.
Etiquetas: Entrevistas
1 Comments:
Paulo Mendo, nesta entrevista, vive cruentas contradições à volta de um conflito entre a sua postura de médico, a de um "velho" defensor do SNS e o seu enquadramento partidário.
Desse conflito sai vencedora a sua acutilante sensibilidade social, coisa que para o actual Governo se tornou uma excrescência adiposa ("gordura")... para extirpar ad libidum, i. e., com "cortes cegos".
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