terça-feira, novembro 8

Mendes Ribeiro em digressão (2)

“Já que gostamos tanto de nos inspirar nos americanos, porque não começamos a imitá-los nos partos, que voltaram a ser feitos em casa com recurso à figura da parteira? Foi com este tom provocatório que José Mendes Ribeiro, o coordenador do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, se dirigiu há dias a uma plateia repleta de profissionais de saúde na Ordem do Médicos do Porto.” (Público de 8 de Novembro).

Os americanos inspiram-nos, é verdade, na área técnica, quer no que diz respeito à performance clínica, quer quanto aos instrumentos e qualidade da gestão.
Estão, todavia, longe de nos impressionar no que se refere ao modelo do sistema de saúde. Um País cujas despesas totais atingem já 17,1 % do PIB e apresenta resultados em saúde inferiores aos dos países europeus mais avançados e, ainda por cima deixa milhões de pessoas sem cobertura de saúde, pode inspirar o Dr. Mendes Ribeiro, mas não quem, durante a sua vida activa trabalhou na saúde em Portugal. E muito menos àqueles que conheceram o sistema de saúde antes do 25 de Abril e depois da criação do SNS.

Parece que o Dr. Mendes Ribeiro criticou, com razão, a alta percentagem de cesarianas – 32,9 – pretendendo que a mesma seja reduzida, urgentemente, para 20%.
Espero que este objectivo seja ditado por preocupações de qualidade e, não apenas, por razões financeiras.
Mas, se assim for, o Dr. Mendes Ribeiro, tem de olhar para as taxas do sector privado que ultrapassam o dobro da verificada no sector público. E, já agora, saber quantas dessas Maternidades reúnem recursos estruturais suficientes para garantir a segurança do parto.

Afinal, não é o Dr. Mendes Ribeiro que tanto aprecia a qualidade do sector privado?

Brites

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2 Comments:

Blogger Clara said...

E é este gajo coordenador do estudo sobre a reforma da rede hospitalar do SNS !

12:40 da manhã  
Blogger e-pá! said...

As vicissitudes do senhor presidente da Comissão…

O Dr. Mendes Ribeiro é um "adiantado mental".

A previsão dos partos em casa e, já agora, porque não o regresso ao picaresco João Semana, são a lídima expressão do seu alinhamento com a política do XIX Governo Constitucional - o empobrecimento (em todos os campos e sentidos).
Portanto, Mendes Ribeiro, como luminária de gestão da saúde está - tão-somente - a adiantar o futuro (dos portugueses e das portuguesas).

Esperemos de no intervalo das suas deambulações tenha tempo para uma pequena pausa e questionar: é para isto que se estão a pedir brutais sacrifícios aos cidadãos?

E, no próximo meeting, consiga amancebar a sua dama (a excelência) com sistemas misericordiosos (de saúde). Mais, que proponha substituir os hospitais (fora da excelência) por acções domiciliárias, de preferência (por que não existem almofadas orçamentais) voluntárias.

Difícil, é certo, mas esta abébia proporcionar-lhe-á mostrar a sua genialidade.

E, assim, evitaremos todas as vicissitudes! …

12:54 da manhã  

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