domingo, novembro 6

Que Troika!

Cavaco, Passos Coelho, Seguro & Cia. SA

Presidente da República apelou hoje ao diálogo no Parlamento sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2012.
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"Eu não devo comentar em público decisões partidárias, mas considero da maior importância que, a propósito do Orçamento do Estado, que ocorra na Assembleia da República um diálogo frutuoso e construtivo, que permita alcançar entendimentos, de forma a melhorar a proposta apresentada pelo Governo", disse Cavaco Silva, quando questionado sobre a proposta do PS de cortar apenas um dos subsídios aos funcionários públicos em 2012.

O Presidente da República, que falava aos jornalistas, em Carregal do Sal, no âmbito de uma visita ao distrito de Viseu, salientou ainda a importância dos entendimentos no Parlamento sobre o Orçamento para evitar custos insuportáveis para uma parte da população. "Penso que isso [consenso no Orçamento] é da maior importância para preservar a coesão social, para criar um ambiente social menos negativo e para que possamos ultrapassar todos os problemas que temos, em particular, o desequilíbrio nas contas públicas, mas também o excesso de endividamento externo, sem custos insuportáveis para alguma parte da nossa população".

E concluiu: "desejo fortemente que o diálogo na Assembleia da República seja tão produtivo quanto seria desejável na situação que nós atravessamos".
As declarações de Cavaco surgem depois de o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, ter admitido ontem avaliar a possibilidade da manutenção de um dos subsídios da função pública, uma proposta do líder do PS, António José Seguro.
Mafalda Aguilar, DE 06/11/11

Estava-se mesmo a ver, vão ficar todos bem na fotografia. O Governo porque perdoou um dos subsídios aos funcionários públicos/pensionistas; o PR porque alertou que se estava a ir longe de mais “obrigando o governo a recuar”; José Seguro porque foi graças à sua intervenção que os funcionários públicos/pensionistas recuperaram um dos subsídios.
Sim, mas há mais orçamento para além dos cortes assinalados. Mas isso que interessa depois da acção magnânima que se anuncia?

Tavisto

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7 Comments:

Blogger Tavisto said...

Small Businesses in Greece Are Being Devastated
By LANDON THOMAS Jr.
Published: November 6, 2011
NYT

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Small shops, in many ways the lifeblood of the Greek economy, which relies on domestic demand, are shuttering by the day. And, most acutely, the heightened speculation that Greece might have to return to the drachma has given new impetus to the flood of money leaving Greek banks — money to be deposited abroad, stashed at home or in one’s car and most certainly not spent.
……….



Vale a pena ler este artigo do NYT para se perceber melhor o drama grego e antecipar o futuro que nos espera com a política recessiva em curso; imposta por Merkozy, aceite com convicção por Passos Coelho e tolerada com conformismo por José Seguro.

9:09 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Não deixa de ser chocante a afirmação repetida pelo ministro das Finanças quando confrontado, com consequencias nefastas para a economia e a nível social, da actual politica fortemente contraccionista, responde monocordicamente que ela levará "a uma trajectoria de prosperidade crescente em Portugal", quando toda a gente sabe que isso não é verdade. link

Previsões oficiais constantes do próprio Relatório do Orçamento do Estado para 2012 desmentem as palavras do próprio ministro. É isso que mostro neste estudo, utilizando dados constantes do Relatório do Orçamento do Estado para 2012, o que revela que o discurso politico do actual governo continua-se a caracterizar pela falta de verdade para não dizer mesmo pela mentira. No Relatório do OE-2012 o ministro desmente-se a si próprio: uma coisa é quando fala para a opinião pública e para os jornalistas, e outra coisa são os longos documentos oficiais que espera que ninguém leia...

É cada vez mais urgente alterar a politica que está a conduzir a União Europeia, e os paises que a integram, a um crescimento económico anémico, à recessão económica, ao declinio e à pobreza, como reconhece o Relatório do OE-2012 em relação a Portugal, apesar do pensamento económico único neoliberal, ainda dominante nos orgãos do poder e nos media, incapaz de compreender a realidade actual e de apresentar soluções alternativas,continuar a defender como única solução "cumprir e ser bom aluno", que é a prova mais clara da anemia e incapacidade a que chegou

Eugénio Rosa
Economista

11:24 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Bem!
No caso de vencer a proposta de eliminação de um dos cortes dos subsídios, temos:

1.) Quanto ao Governo dificilmente se livra do gravame de proceder como um feirante, propondo cortes dramáticos assentes em cálculos viciosamente trabalhados, para objectivo de colectar capitais que permitam promover saldos na concretização do "contrato".
Resta, ou melhor, perdurará, nos portugueses a imagem do "carteirista" (pelo "lado da receita"...) a par de uma insuportável insensibilidade social;

2.) Uma meia vitória do PS / AJ Seguro.
Resta o excessivo peso da meia derrota (todo as restantes medidas de austeridade e potencialmente recessivas inclusas no OE);

3.) Para o PR o incomensurável triunfo das ambiguidades, dos rodeios e dos posicionamentos sinuosos.
Nada resta - só o sorriso da Maria (porque aqui não há vacas a pastar como nos Açores...).

11:36 da tarde  
Blogger saudepe said...

António José Seguro disse que nunca aceitaria no Orçamento de Estado mais do que foi negociado com a troika. Leu o Orçamento e o que lá encontrou foi muítissimo mais do que isso. Ficou, nas suas próprias palavras, "em estado de choque". E qual é o comportamento óbvio que se espera de um líder da oposição que fica chocado com um orçamento que ultrapassa, nas exigências de austeridade, o que ele considera necessário? Abster-se. E informar que só não vota a favor porque o seu voto não serve para nada.

No mesmo momento em que fez este anúncio, explicando que a sua abstenção será "violenta" ("abtenção violenta" é uma expressão a entrar na recheada antologia do anedotário político nacional), exigiu alterações ao Orçamento do estado. Se o PSD não acatar as exigências António José Seguro irá... abster-se na mesma. Mas com ainda mais violência, supõe-se. A coisa é de tal forma absurda que temos Cavaco Silva a fazer de líder do Partido Socialista e a pedir ao Governo, com bastante mais ousadia, tendo em conta o lugar que ocupa, para ouvir a oposição e mudar o documento. Ou seja, a pedir que Passos Coelho finja que o PS existe. A humilhação para os socialistas não podia ser maior.

Partindo do princípio que António José Seguro pensa em política, é possível que tenha, ele próprio, interiorizado o sentimento de culpa do PS em relação ao estado em que estamos. Não que não a tenha. Dividida com o PSD. Só que as suas culpas não são as que a direita lhe aponta, mas outras, mais estruturais, em relaçcão ao nosso modelo de desenvolvimento. Não foi José Sócrates - desculpem se não deixo que a minha antipatia política pela figura me tolde o juízo - que inventou esta crise financeira. E é triste que eu, sem qualquer proximidade aos socialistas, tenha de explicar isto ao líder do PS.

Talvez o problema seja, mais do que tudo, o facto do PS repetir vezes sem conta que há um problema europeu sem saber ao certo o que está a dizer. E é normal que não saiba. O PS, sobre a Europa, sabe apenas uma coisa: que é europeísta. Seja qual for o projeto europeu. E que é bom aluno. Seja quem for o professor. E, se não tem, nesta matéria, um discurso alternativo ao do PSD, não terá outro remédio que não seja o de enfiar a carapuça doméstica que a direita preparou para a sua cabeça.

Há outra coisa que António José Seguro interiorizou: a tese da suspensão democrática. A ideia de que, em estado de necessidade, um país dispensa a oposição. Este espírito está bem presente na sua explicação para se abster: "Este não é o meu Orçamento, mas é este é o meu País". Se votasse contra um Orçamento do Estado que ele acha que fará mal ao País deixaria de o ser? Parece-me que, pelo contrário, quando consideramos que um orçamento é mau temos a obrigação patrótica de nos opormos a ele. A não ser, claro, que Seguro tome o seu "estado de choque" como um mero capricho.

Na verdade, há uma parte deste patético papel a que António José Seguro se está a prestar que não é responsabilidade sua. O PS sempre foi, tal como o PSD, uma nebulosa ideológica, sem identidade clara. Só que o PSD, tal como a generalidade do que era o centro-direita europeu, defniu-se. E o PS, tal como a generalidade do centro-esquerda europeu, encolheu-se. Tenta, complexado, convencer os eleitores que a sua única vantagem em relação àqueles a quem se opõe é a de fazer o mesmo, mas com menos convicção. Quando se opõe, é manso. Quando é "violento", abstem-se.

Daniel Oliveira, expresso on line

9:36 da tarde  
Blogger saudepe said...

Abstenção violenta

António José Seguro tem razão: a opção pela abstenção do PS em relação ao próximo Orçamento de Estado é violenta, pois legitima, de forma inexorável, uma proposta orçamental que o próprio classifica como contendo «medidas violentas e profundamente injustas». link

De facto, ao apresentar «três moedas de troca» para não votar contra (poupar um dos cortes previstos aos funcionários públicos e reformados, reduzir o aumento do IVA para a restauração e criar uma linha de apoio ao crédito às empresas através do BEI), Seguro dá a sua benção a todos os outros golpes no Estado social e nas políticas públicas, que o OE consagra (nomeadamente os cortes brutais na Saúde e na Educação).

Não pense pois o secretário-geral do Partido Socialista que a abstenção o demarca do Orçamento. Quando o país estiver, no próximo ano, a viver dolorosamente o seu impacto, será como se o PS tivesse votado a favor. O acordo da troika não o obrigava a subscrever, mesmo que a tinta incolor, este orçamento, que está muito para lá das suas fronteiras.

Fica aliás uma dúvida inquietante por esclarecer: quanto pior teria que ser a proposta orçamental para que o PS votasse contra?

Nuno Serra , ladrões de bicicletas

9:46 da tarde  
Blogger tambemquero said...

"Venho alertando há muito que ou se alterava o rumo dos acontecimentos ou se assistiria à 'revolta dos escravos'. É com grande preocupação que assisto [ao que está a acontecer em Portugal e na Europa], mas também não é surpresa nenhuma", disse à agência Lusa o coronel, que preside à Associação 25 de Abril.

Para Vasco Lourenço, as políticas dos últimos anos são "inaceitáveis" porque "estão a pôr-se cidadãos contra cidadãos, funcionários [públicos] contra trabalhadores do sector privado, estão a criar-se divisões artificiais que podem dar lugar a confrontos e situações complicadas em Portugal".

O coronel, que foi um dos protagonistas da Revolução do 25 de Abril de 1974, diz que o problema é a falta de "ideias políticas para resolver os problemas" já que os dirigentes nacionais e internacionais estão a tentar solucioná-los "com as mesmas medidas que deram origem à crise".

"É evidente que a contestação social teria de ser um facto. A convulsão está em marcha e vem aí. Não vale a pena meter a cabeça na areia, que é aquilo que se anda a fazer há muito anos. Portugal não é excepção. Por muito bons costumes que tenhamos, por muito que tenhamos a mania que somos pacíficos, a minha convicção é que a convulsão social será um facto", afirmou.

"A minha esperança é que os militares consigam ser um esteio no meio da perturbação e consigam ter a calma suficiente para não entrar na própria convulsão de forma anárquica e possam, em último caso, evitar perturbações maiores", disse ainda.

Mas o coronel espera também "que os políticos em Portugal olhem para as Forças Armadas como um sustentáculo do Estado e não como uma coisa que se pode deitar fora, que é o que tem sido feito de há bastantes anos a esta parte".

Vasco Lourenço referiu-se, a este propósito, ao caso da Grécia, que mudou recentemente as chefias militares: "Não sei bem o que se terá passado lá. Aquela mudança cheirou-me um bocado a encenação. Mas se havia alguma coisa em marcha não é a demissão dos generais e de uns quantos oficiais que vai resolver o problema”.

Sobre as manifestações de funcionários públicos e militares convocadas para sábado, em Lisboa, Vasco Lourenço diz que "fazem parte da situação, dessa convulsão que vai aumentando".

"As pessoas têm direito de se manifestar, espero que o façam de forma ordeira, pacífica, vincando as suas posições, e espero que os políticos saibam ler os sinais que daí vêm. Agora, se se manifestarem e ficar tudo na mesma ou ainda pior, é evidente que virão novas manifestações e a seguir outras atitudes menos correctas", acrescentou, considerando a seguir que "a 'revolta dos escravos' pode depois transformar-se numa revolução" para "alterar as regras do jogo", ou seja, "a exploração que o capital faz aos trabalhadores, as desigualdades que vêm aumentando".

Vasco Lourenço sublinhou estar a fazer "apenas uma análise" e não "a defender que se faça isto ou aquilo". link

JP 07.11.11

10:15 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Violências (políticas) domésticas

Quando se referiu a uma "abstenção violenta", AJ Seguro, quereria (talvez) equacionar a violência que representa esta abstenção.
Um lapsus linguae ou um trocadilho do .......!

10:17 da tarde  

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