sexta-feira, fevereiro 17

Nem a troika lhes vale...

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Para melhorar a performance dos hospitais, José Mendes de Almeida, director do Departamento de Cirurgia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, foi peremptório ao afirmar: «O segredo da despesa dos sistemas de Saúde está na caneta do médico.» A citação era de um especialista americano, mas corrobora a opinião do médico português, que considera que «é na caneta do médico que é preciso investir», no sentido de trazer mais eficiência ao sistema.
E como é que isso se faz? Incentivando os profissionais, que «têm de ter interesse genuíno em que as mudanças» ocorram e o instrumento para induzir essa mudança «é o dinheiro», admitiu claramente.

A necessidade de incentivos financeiros aos profissionais médicos também foi reconhecida por Sollari Allegro. O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto reconheceu que sem esse mecanismo, se para o profissional «tanto faz fazer bem como fazer mal, então vai fazer como calha». «Os mais conscientes fazem bem e os menos conscientes fazem mal», relatou o dirigente, admitindo ironicamente que os directores de serviço que se preocupam mais com o desempenho apenas têm direito «a uma medalha porque não têm qualquer benefício, só têm mais aborrecimento».

A ideia é partilhada por Adalberto Campos Fernandes, para quem, para além da necessidade de incentivos morais, porque os «médicos têm sido, de forma geral, mal tratados», os profissionais também precisam de «liberdade para se organizarem» — em centros de responsabilidade integrada, unidades autónomas de gestão ou noutro modelo semelhante de autonomia — e de incentivos de «natureza financeira». «Se não captamos os médicos para o processo de gestão, daqui a uns anos estamos a discutir as mesmas questões», alertou Adalberto Campos Fernandes.

A «coragem» dos actuais gestores

Mas para o médico e actual gestor do Hospital de Cascais é igualmente fundamental não esquecer os administradores dos hospitais, nomeadamente dos EPE. É que para Adalberto Campos Fernandes está-se a voltar ao antigo modelo «burocrático e centralista» em que os administradores hospitalares são «meros executantes» das directivas do Ministério da Saúde. E atendendo às «circunstâncias humilhantes» e à «responsabilização individual» de que estão a ser alvo, o também professor da ENSP considera de grande «coragem» o acto de gerir, nos dias que correm, um hospital EPE.
Até porque, recordou, apesar de o actual ministro ter reconhecido que a dívida a fornecedores ascende a três mil milhões de euros, não revelou «quanto é que a administração central deve aos hospitais», uma verba que, segundo o administrador, corresponde a «dois terços da dívida dos hospitais a fornecedores».

«Começamos a ter estudos a mais e acção a menos»

Para Adalberto Campos Fernandes começa também a ser tempo de a tutela definir «melhor o recorte do modelo estratégico», nomeadamente no que diz respeito ao sector hospitalar. Para o médico e administrador hospitalar, o Governo precisa de dizer «qual é o papel efectivo» que pretende dar a um hospital de agudos e fazer o que não foi feito nos últimos 20 anos: ajustar o parque hospitalar às necessidades.

Nessa matéria, o especialista inquiriu: «Quando começa a reforma estrutural hospitalar?» É preciso saber com alguma brevidade quantos hospitais vamos ter, quantas Urgências vão fechar, quantas duplicações de ofertas vão acabar, pois, como sublinhou Adalberto Campos Fernandes, «começamos a ter estudos a mais e acção a menos».

E o momento é o oportuno, na opinião do gestor, porque, frisou, «ou fechamos o que temos de fechar enquanto a troika cá está ou nunca mais fechamos nada».

Tempo Medicina 20.02.12

Paulo Macedo: Fraco rei faz fraca a forte gente. Fracos são os estudos.Quanto aos generais, temos dito.
Concluindo: Nem a troika lhes vale.

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1 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Qual plano estratégico qual carapuça!
Este ministro, esta equipa da Saúde só sabe fazer cortes a eito!

1:10 da tarde  

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