quarta-feira, abril 25

Hospitais, menos quatro mil cirurgias em Jan e Fev 2012

Bastonário da Ordem dos Médicos defende que Entidade Reguladora da Saúde devia fazer auditoria aos hospitais públicos
Os portugueses estão a ir menos às urgências dos hospitais públicos e o número de cirurgias está a diminuir. Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, praticamente todos os indicadores apresentam uma tendência decrescente em Janeiro e Fevereiro deste ano face ao mesmo período de 2011. Nos dois primeiros meses fizeram-se menos quatro mil cirurgias e até as intervenções urgentes diminuíram 4,6%. Mesmo as consultas registaram um ligeiro decréscimo de 0,2%.
……………………………….
Face ao decréscimo observado no início deste ano, José Manuel Silva defende, aliás, que devia ser feita “uma auditoria” para se perceber se esta diminuição tem a ver com a redução do financiamento. “Há uma pressão para a redução da actividade clínica, porque esta é a única maneira de atingir os cortes definidos, em paralelo com a lei dos compromissos”, sustenta o bastonário, que defende que a auditoria deve ser feita pela Entidade Reguladora da Saúde, porque se trata de uma questão de acesso.
Publico 25/04/2012 link link

José Manuel Silva põe o dedo na ferida. Com as restrições financeiras impostas ao SNS, as indicações das administrações aos directores de serviço vão no sentido da redução da actividade cirúrgica. Com esse objectivo, são pressionados no sentido de aceitarem apenas doentes provenientes da área de referenciação do hospital pondo assim em causa o espírito, quando não mesmo a letra, do estabelecido na “Carta dos Direitos e Deveres do Doente”.
Caminhamos pois a passos largos para uma sistema de saúde dual. O dos doentes do SNS, cheio de limitações e constrangimentos no acesso, e o dos subsistemas públicos generosamente financiado pelo orçamento de estado e com total liberdade de escolha, procurando cada vez mais o sector privado em detrimento do SNS.

Monitorização Regiões Saúde, documento Síntese, Fev. 2012 link
Tavisto

Etiquetas: ,

2 Comments:

Blogger tambemquero said...

Desde o agravamento das taxas moderadoras

Serviços de Urgência com menos atendimentos

Nos dois primeiros meses do ano, que coincidem com a cobrança de taxas moderadoras mais altas, os serviços de urgência (SU) dos hospitais públicos realizaram menos atendimentos. A quebra foi de 7,6% face ao que se passou nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2011.
Num documento síntese, que pela primeira vez acompanha a monitorização mensal das unidades do SNS, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), contudo, não correlaciona a diminuição dos episódios urgentes com as novas taxas moderadoras ( http://www.acss.min-saude.pt/DownloadsePublicações/SNS/MonitorizaçãoMensal/tabid/533/language/pt-PT/Default.aspx ).
«A actividade de Urgência hospitalar está em linha com o esperado», considera antes a ACSS, justificando que se está a comparar 2012 com um «período atípico» de afluência aos SU, como foi o ocorrido no ano passado.
«A actividade dos Serviços de Urgência está muito dependente de efeitos epidemiológicos relacionados com as infecções respiratórias. Nomeadamente, pela manifestação da epidemia anual de gripe, dependendo ainda da virulência da estirpe em circulação», explica a ACSS.
Tais efeitos, em princípio, também deveriam reflectir-se nos dados respeitantes aos cuidados de saúde primários. Mas não foi isso que aconteceu. De facto, nos centros de saúde tradicionais e USF, conforme diz a mesma ACSS, «realizaram-se mais 138128 consultas médicas, ou seja mais 2,1% que em igual período de 2011».
Como neste nível de cuidados os utentes pagam menos do que se forem aos SU, a tese em torno do factor taxa moderadora não será descabida para sustentar algumas das variações ocorridas.
Refira-se entrtanto que a tradução prática da diminuição de 7,6% de urgências hospitalares tanto pode ser menos 131 mil como 82 mil episódios.
Isto consoante o cálculo seja feito a partir dos dados de um gráfico de barras específico sobre os atendimentos urgentes ou de um quadro resumo da actividade hospitalar, ambos publicados no documento divulgado pela ACSS - apresentam números diferentes e a única coisa que têm em comum é a percentagem.

Intervenções cirúrgicas programadas também em queda

Não são só as urgências que estão a cair no acumulado até Fevereiro. Todos os indicadores relativos à assistência hospitalar estão a ir pelo mesmo caminho: intervenções cirúrgicas programadas (menos 4,2% ou uma redução de quase quatro mil operações comparativamente ao período homólogo), sessões de hospital de dia (menos 3,6%), doentes saídos do internamento (menos 3,1%) e consultas externas (menos 0,2%).
Apesar da menor actividade, os hospitais continuam a aumentar o prejuízo. Este já chegou praticamente aos 55 milhões de euros, feitas as contas aos dois primeiros meses do ano.
E isto sem que todos os estabelecimentos de saúde constem dos quadros disponibilizados pela ACSS.
«Não são consideradas as seguintes instituições por falha no reporte mensal: Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Centro Hospitalar de Leiria-Pombal», informa o instituto público responsável pela monitorização, fazendo ainda saber que «o Centro Hospitalar de São João e o IPO do Porto foram desconsiderados por alterações nos processos de reporte».
Talvez resida aqui uma justificação para o facto de os dados terem sido divulgados, pela primeira vez, muito para lá do prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Sérgio Gouveia

Tempo Medicina, 23 de Abril de 2012

10:59 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Se a epidemia anual de gripe foi pouco virulenta e gerou menos episódios de urgência nos meses de Janeiro e Fevereiro (de acordo com o sugerido pela ACSS) como explicar um aumento significativo da taxa de mortalidade nesses mesmos meses?
Não seria melhor tentar coordenar as estruturas orgânicas do MS quanto a (precárias) justificações de modo a não cair em flagrantes (e constantes) contradições?

1:20 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home