A crise das dádivas de sangue continua
O Instituto Português de Sangue e Transplantação (IPST) registou entre jan/jul 2012 uma quebra acumulada de dádivas de sangue de cerca de 20 mil unidades, relativamente ao período homólogo do ano anterior, uma diminuição de 15%. link
Esta quebra deve-se, fundamentalmente, ao facto do ministro Paulo Macedo ter decretado o fim da isenção do pagamento de taxas moderadoras nos hospitais em relação aos dadores benévolos (isenção mantém-se nos centros de saúde, decreto-Lei N.º 113/2011, art. 4.º, alínea e) link link
..."Este ano estamos a viver no limite", admite Hélder Trindade, ao mesmo tempo que sustenta que a situação está sob controlo. A meio da semana passada, por exemplo, a reserva era superior a oito mil unidades de sangue, o que em teoria dá para uma semana, dado que a média do consumo diário ronda as 1100 unidades. Não é o ideal, mas é o suficiente para evitar a necessidade de fazer alertas públicos, afirma o responsável, que precisaria de ter mais de nove mil unidades na reserva para ficar tranquilo.
Para tentar contornar este problema, no início do Verão foram apresentadas 12 medidas, que incluem uma campanha a nível nacional de sensibilização e apelo à dádiva, um call center para contacto directo com os dadores de sangue, brigadas de recolha nas praias, em vários centros comerciais, em todas as etapas na Volta a Portugal em Bicicleta e até em várias estações da CP. Foi, também, criado um sítio na Internet (darsangue.pt) onde os interessados podem consultar os locais e horários das colheitas, nomeadamente das brigadas móveis por distrito e dos hospitais. ...
Foi entretanto publicado o Estatuto Doador Sangue (Lei n.º 36/2012, 27 de Ago) link que , entre outros direitos, prevê a criação de um seguro do doador (artigo 6º, alínea h).
Para suster a crise aberta com o corte desastrado (a eito) da isenção das taxas moderadoras, Paulo Macedo tem tentado, nos últimos tempos, com medidas e mais medidas, aparentemente desesperadas, reconquistar a confiança dos dadores benévolos.
O ministro da saúde demonstra, contudo, ter aprendido muito pouco com este processo. A confiança só será restabelecida e a crise das dádivas ultrapassada com a reposição da justiça. Ou seja, os dadores benévolos readquirirem a isenção de pagamento de taxas de acesso aos cuidados hospitalares.
Etiquetas: Paulo Macedo
1 Comments:
O seguro do dador parece na Lei (37/2012 ?) um pouco metido a martelo.
Porque não estabelecer - por exemplo - um seguro para as actividades de voluntariado nas instituições de saúde?
Este seguro só 'faz' nexo se for uma dádiva de Macedo às seguradoras. Se for assim, coloque-se a 'prebenda' no sítio certo, i. e., não misturada com actividades benévolas!
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