Teófilo ameaça
Privados ameaçam deixar de fazer cirurgias do SNS.
É um aviso: o presidente da associação que representa os hospitais privados em Portugal diz que estes podem deixar de fazer algumas cirurgias ao abrigo do programa de combate às listas de espera no Serviço Nacional de Saúde (SNS), devido à diminuição de preços decretada no início deste mês. Se esta ameaça se concretizar, as listas e o tempo de espera para cirurgia no SNS - que em 2011 já tinham aumentado - poderão crescer mais.
"Algumas cirurgias deixam de ter qualquer viabilidade para serem prestadas no privado" face à nova tabela de preços das operações efectuadas ao abrigo do SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia), o programa de combate às listas de espera, afirmou ontem o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Teófilo Leite, em entrevista à agência Lusa.
A nova tabela prevê uma diminuição média da ordem dos 10%, que, nalguns casos, pode ir até aos 20%. "Determinadas cirurgias" não poderão, "mercê do seu custo (superior ao preço), ser feitas nos hospitais privados", disse Teófilo Leite, sem especificar quais. Por exemplo, o preço de uma cirurgia às cataratas (uma das intervenções mais frequentes) baixa cerca de 100 euros.
Pelo contrário, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, antecipou uma reacção diferente dos hospitais das instituições de solidariedade social: "A nossa forma de reagir [à descida de preços] é operar, operar, operar [...]. Se o Estado pede a nossa colaboração através de um programa para ajudar as pessoas, cá estamos para ajudar".
Respondendo à ameaça do representante dos hospitais privados, o secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, assegurou também que "ninguém deixará de ser operado se precisar" e frisou que o Governo está a definir "um conjunto de regras que criam condições para que a capacidade de resposta nos hospitais públicos seja maior e ainda mais aproveitada".
175 mil em lista de espera
A portaria que baixou a tabela de preços das cirurgias link estipula que os hospitais públicos passam a ser financeiramente responsáveis "pela realização atempada" de toda a sua actividade cirúrgica. O que significa que pagarão a factura sempre que for necessário mandar doentes para o sector convencionado. Resta saber como é que isto vai funcionar na prática. O número de pessoas a aguardar por uma cirurgia nos hospitais públicos aumentou no ano passado em mais de 16 mil pessoas, indicam os últimos dados sobre listas de espera. Em Dezembro de 2011, aguardavam por uma operação no SNS mais de 175 mil pessoas, o que colocou as listas de espera ao mesmo nível de 2008, numa inversão da tendência de descida que se sentia desde esse ano.
Teófilo Leite adiantou ainda que a procura dos hospitais privados tem estado a crescer a um ritmo médio de 10% ao ano, um movimento explicado em parte devido ao aumento das taxas moderadoras no SNS. Quem tiver seguro de saúde ou beneficiar de um subsistema de saúde (como a ADSE) e não estiver isento de taxas moderadoras no SNS acaba por pagar menos num hospital privado do que num público (a taxa moderadora cobrada desde Janeiro numa urgência polivalente ascende a 20 euros), justifica.
Alguns dos cerca de 50 hospitais privados até "já estão saturados e a precisar de fazer obras de expansão", ilustra Teófilo Leite. Os clientes dos hospitais privados têm sobretudo seguros de saúde (40%) ou pertencem a subsistemas (outros 40%).
JP 24.09.12 link
No meu entender o presidente da Associação Portuguesa dos Hospitais Privados (APHP) está a fazer bluff. As coisas não são bem como o eng.º Teófilo as pinta.
Esteve bem o Ministro da Saúde em responsabilizar financeiramente as administrações dos hospitais "pela realização atempada" de toda a actividade cirúrgica. O que significa que pagarão a factura sempre que for necessário mandar doentes para o sector convencionado.
Tentar a rentabilização plena de recursos, redução do envio de doentes para os privados, parece-me um objectivo de ouro dos hospitais públicos.
Por outro lado, o número de episódios para os quais foram emitidos vales cirurgia no âmbito do SIGIC tem decrescido todos os anos desde 2008. (110 / 70 mil) link
O dramático deste desafio é que a Lista de Inscritos em Cirurgia (LIC) 2012/2013 não pode aumentar mais (cresceu 2% em 2011).
Etiquetas: Público e privado, Sigic
5 Comments:
As misericórdias não protestam. Os médicos do público dão uma ajudinha. Assim as coisas ficam mais em conta.
O Hospital da Luz, Lusíadas e a Clínica do Hipólito estão saturados. Pelos vistos não precisam dos vales de cirurgia do MS.
Por sua vez, Paulo Macedo quer aumentar a produção cirúrgica, mesmo com muitos milhões de cortes no financiamento dos hospitais do SNS.
Quem disse que não havia mercado da Saúde em Portugal.
As misericórdias não protestam. Os médicos do público dão uma ajudinha. Assim as coisas ficam mais em conta.
O Hospital da Luz, Lusíadas e a Clínica do Hipólito estão saturados. Pelos vistos não precisam dos vales de cirurgia do MS.
Por sua vez, Paulo Macedo quer aumentar a produção cirúrgica, mesmo com muitos milhões de cortes no financiamento dos hospitais do SNS.
Quem disse que não havia mercado da Saúde em Portugal.
Se há hospitais privados saturados chegou a hora de retirar os funcionários públicos da ADSE. Era menos um desconto nos vencimentos dos funcionários públicos.
Segundo dados do Instituto de Seguros de Portugal (ISP), o número de pessoas com título individual de seguro de saúde caiu 2,5% no ano de 2011 (- 26.000 segurados).
O optimismo do eng.º Teófilo é claramente exagerado. A crise veio para ficar e vai tocar a todos.
Vamos ver se a oferta dos hospitais privados em 2013 continua saturada.
Remodelação do Governo
Fontes dos dois partidos, admitem que o actual ministro da Saúde, Paulo Macedo, pode ser uma solução para as Finanças.
A vocação de cobrador de impostos fala mais alto.
Enviar um comentário
<< Home