sábado, setembro 14

Na forja: ‘apressar’ o Êxodo…

1. Os ‘anúncios’ sobre exclusividade dos trabalhadores do SNS link link foram publicamente apresentados como passíveis de conferir ao nosso serviço de saúde uma gestão mais racional, uma nova dinâmica, enfim, uma maior eficiência. Esconde-se que, de facto, esta proposta - neste momento - será mais um ‘instrumento’ para encetar uma profunda mudança do modelo de prestação do SNS em que, no final, os serviços públicos de saúde acabarão debilitados e decorrentes de constrangimentos orçamentais – hoje mais do que evidentes – ‘esvaziados’. 
 O fim das carreiras profissionais (não admitido oficialmente, mas praticado), tem permitido ao emergente mercado da saúde funcionar ad hoc, através de mecanismos avulsos e insidiosos, com evidentes reflexos na qualidade dos cuidados prestados, mas também, pela via de uma perversa compressão de custos, no caso vertente, subsidiária de alterações do modelo laboral que começam pelos horários de trabalho, passam pela ‘dedicação’ (exclusiva) e acabam no ‘esmagamento’ dos regimes remuneratórios. 
 Não é de estranhar que estas pré-campanhas de sensibilização e propaganda sejam transversais ao ‘centrão’ embora existam nuances na concepção, nas justificações, na tramitação sequencial e nos timings de execução das medidas trazidas à liça. 
O ‘sistema de remuneração por tempo’ que ocorre em grande número de situações de trabalho médico nos serviços públicos de saúde tem permitido, ao longo do tempo, alguma segurança aos profissionais de saúde (estabilidade e previsibilidade dos rendimentos) e, concomitantemente, porque gira em volta de um conjunto de obrigações conhecidas e organizadas (‘distribuídas’), reduz os níveis de crispação e disputas nos locais de trabalho e tem permitido a pacifica rotação de chefias intermédias. Ora, este ‘ambiente’ é altamente propiciador de eficiência na gestão e a definição de objectivos. 
 2. No caso concreto do SNS permitiu conquistar, nos anos mais recentes, um saldo positivo em relação a ganhos quantitativos (produção de mais actos médicos no mesmo período de tempo), sem evidenciar – para além de casos pontuais - sacrifícios da qualidade dos serviços prestados. Esta tem sido uma das mais-valias visíveis do modelo laboral dos recursos humanos existentes no SNS que, ao longo dos últimos anos em conjugação com a introdução de inovação tecnológica e o desenvolvimento científico, tem gerado saudáveis equilíbrios entre a procura de cuidados e a adequação das respostas. Em resumo, o sistema vigente terá evitado a multiplicação de actos acessórios cujo mobile é a sobrefacturação e a derrapagem dos custos. 
Tem, como é óbvio, alguns problemas. O primeiro seria que qualquer tipo de esforço acrescido de empenho ou de especial dedicação não tendo tradução nos ganhos individuais – nomeadamente no campo remuneratório e progressão nas carreiras - empurraria paulatinamente os profissionais para um ‘espírito de desvinculação’, por falta de estímulos profissionais e incentivos financeiros, dentro dos serviços, o que levaria à existência de mecanismos compensatórios externos (financeiros e de realização profissional) como seja a compatibilidade com o exercício privado da medicina, fora do sistema, mas com carácter eminentemente complementar. 
A recente aposta num alargamento do horário semanal, controlos mais apertados da assiduidade e, fundamentalmente, a escalada de ‘progressivos’ objectivos, sem qualquer compensação adicional, têm progressivamente desregulado a actividade mista (público-privada) dos profissionais médicos. A grande deficiência é crónica e parece eternizar-se: estabelecer objectivos (ou metas) incapazes de serem concertados com boas práticas, manter em ‘estado larvar’ a capacidade concreta de avaliação dos resultados capazes de incentivar melhores respostas, desregulam o sistema público e não são obrigatoriamente sinónimo da gestão racional, quer na perspectiva médica quer na do utente. 
 3. A exclusividade envolvendo um vasto leque de médicos no sistema público existe há longos anos sem a revelação de evidentes indícios que essa modalidade tenha demonstrado – em relação aos trabalhadores em tempo completo – melhorias de produção. O superavit de 6 horas semanais (das 36 para as 42 horas), se existe, traduz-se essencialmente na redução de horas extraordinárias, no caso de a procura não sofrer grandes alterações. Isto é, a existência de horário de trabalho alargado na exclusividade, em vigor há muitos anos, não se traduziu directamente num aumento de actos médicos programados. Os ganhos neste campo foram diluídos pelo desempenho da globalidade dos profissionais independentemente do regime de trabalho.
 O ‘timing’ destes anúncios e a sua incontornável função de sensibilização têm, contudo, outras motivações e dizem respeito a mecanismos de ‘ajustamento’ que visam ‘transferir’ (neste momento de crise tudo passa por ‘transferências’) a prestação de cuidados do sistema público para o sector privado e social. E aí a exclusividade poderá ser essencial por motivações diferentes (a que não é estranha a vertigem ‘concorrencial’ do liberalismo) mas por detrás do pano vagueia o sonâmbulo desejo de produzir mais por menores custos o que, no actual momento, passa pela redução a todo o vapor da ‘massa salarial’, pela redução de efectivos, pela degradação da qualidade das prestações e transferência de funções. Isto é, estamos perante mais um instrumento de alienação da capacidade prestadora do SNS para o sector privado e social.
 4. A ‘separação das águas’ - um tema recorrente acerca do regime de trabalho dos médicos no SNS - faz lembrar o episódio bíblico do Êxodo conduzido por Moisés que ao permitir-lhe atravessar enxuto o Mar Vermelho e alcançada a outra margem, teria lançado os hebreus numa longa e forçada estadia num território desértico (Sinai), muito próxima de uma dolorosa agonia. As repercussões da introdução, por motivações políticas ‘urgentes’ (eleitorais), de um regime de exclusividade médica no SNS não são indiferentes aos interesses a curto e médio prazo do sector privado e até do social. Muito pelo contrário. Reduzir este tema a uma questão de eficiência, de promiscuidade, de corporativismo, de transparência é muito sedutor, e essencialmente ‘populista’, mas deixa de fora o rebate (e o debate) de tudo o que está na forja. Esta uma análise que importa fazer com urgência – nomeadamente entre os profissionais do SNS - para evitar a realidade envolta em pruridos aparentemente moralizadores desemboque num ‘mal maior’. 
 E-Pá!
Apostila: 
 Sem ter ‘separado as águas’ ou tentado sequer atravessar o Mar Vermelho (não confundir com a ‘linha vermelha’ de Portas) o Êxodo, como podemos constatar, já começou. link Isolando das estatísticas o ‘movimento migratório’ do pessoal da saúde - que começou pelos enfermeiros e estendeu-se rapidamente aos médicos – interessa saber porque razão a debandada começa a ‘encher’ como se fosse a onda da Nazaré. Existirá alguma ‘falha’ na costa? Só aparece no horizonte uma certeza: quem cavalgará esta onda não será o Mc Namara mas os ‘surfistas’ andam por aí...

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8 Comments:

Blogger Tavisto said...

Sobre este assunto divirjo profundamente de “é-pá”. Em minha opinião o trabalho a tempo inteiro promove a qualidade sendo a sua implementação desejável. O “part-time”, característico dos serviços de saúde dos países economicamente menos desenvolvidos, desresponsabiliza e é potencialmente conflituante.
Nesta matéria a Saúde não está a salvo da mais que identificada promiscuidade público/privado que se verifica na nossa sociedade com tão nefastas consequências no desenvolvimento e na repartição da riqueza. Não podemos sentir-nos indignados quando ouvimos, por exemplo, Paulo Morais descrever os conflitos de interesses da nossa classe política e considerarmos ser perfeitamente natural que os profissionais de saúde se movimentem e gozem do mesmo ambiente profissional.
Com a entrada dos grandes grupos económicos no dito mercado da Saúde esta conflitualidade agravou-se e, se nada for feito, terá tendência a piorar levando a uma maior degradação dos cuidados prestados no SNS. Resumo o ambiente atual citando uma frase bíblica: ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Considero pois que as razões que levaram à criação da dedicação exclusiva em 90, através do DL 73/90, têm hoje um ainda maior fundamento. Foi um erro político enorme ter-se descontinuado, ao invés de se ter aperfeiçoado e aprofundado aquele regime.
Argumentar-se-á dizendo que há hoje um conjunto de normas de incompatibilidades que asseguram a transparência nas relações entre sectores. A legislação existe mas, tal como no passado, é facilmente ultrapassada através da figura do “testa de ferro”. Para quem duvide é só ver quantos profissionais com responsabilidades de direção no SNS detêm “de facto” as mesmas funções nos hospitais privados.
As minhas dúvidas nesta matéria não estão pois na justeza e potenciais virtudes da medida mas em saber se há vontade, capacidade financeira e conhecimento para a implementar. De um governo que despreza profundamente os serviços públicos, totalmente nas mãos dos grandes grupos económicos, num País cada vez mais empobrecido, o mais que poderá sair será uma exclusividade “low cost” a aplicar aos “pobres” dos jovens médicos.
Medida que parece não desagradar também a José Seguro pois só lhe ouvi falar duma exclusividade para futuras entradas no SNS. Ignorando que, entre outras, uma das razões que desvirtuou, ao tirar eficácia, o anterior regime de dedicação exclusiva foi precisamente a revogação para os diretores de serviço. Pensar-se que sem chefias a tempo inteiro é possível tirar total proveito do trabalho em exclusividade é ilusório.
Termino dizendo que a manter-se o atual estado de coisas na Saúde, em especial na área hospitalar que é a que melhor conheço, arriscamo-nos a não ter cuidados de excelência nem no público nem no privado. Talvez os mais esclarecidos encontrem saída para os seus problemas mais complexos recorrendo às prerrogativas concedidas pela legislação sob medicina transfronteiriça. Se não para sempre, pelo menos enquanto os dinheiros públicos aguentarem.

Jorge Almeida

6:46 da tarde  
Blogger e-pá! said...

No post tentei alertar para situações imediatas (que estão em já em desenvolvimento) à volta das recentes propostas sobre a exclusividade, nomeadamente sobre a possibilidade de esta medida intensificar o êxodo de profissionais do SNS para o 'exterior'.
Não pretendi fazer uma análise cuidada desta proposta já que é necessário envolver nesta questão muitos parâmetros que têm a ver com o actual momento do País e o que será muito importante, qual o futuro e o papel que se deseja e se 'quer' para o SNS. Facto, que está longe de ser límpido e transparente no actual momento governativo.
Encarar a exclusividade dos profissionais do SNS como uma medida puramente 'técnica' que conduziria inevitavelmente a melhores respostas com menores custos financeiros pode - e esse é o risco evidente - levar a resultados inesperados e/ou aleatórios, nem sempre bons.
Na verdade, a medida proposta , ignora custos marginais e efeitos colaterais que tenderão a ser 'colocados' fora do desenho da solução que terão de ser minuciosamente avaliados (no aspecto técnico, orçamental e de 'respostas').
Finalmente, será um grande embuste tentar isentar (essa medida) de carga política e ideológica.

A 'dedicação exclusiva' é uma figura aliciante para o terreno (abstracto) da capacidade (e flexibilidade) de gestão administrativa e financeira do SNS mas, da forma como (re)aparece neste momento, carrega grandes 'buracos' no seu seio.
A exclusividade per si, sem intervenções paralelas e adicionais, de vária ordem e capazes de actuar integradamente no presente contexto (de 'desinvestimento'), não conduz obrigatoriamente a melhores resultados na qualidade dos cuidados, nem à excelência das prestações. O aumento de produção (neste caso de actos médicos, cirúrgicos ou de exames complementares de diagnóstico), inerente à implementação generalizada do regime de exclusividade no SNS, é - não vale de nada esconder - uma resposta para assegurar bons níveis de acessibilidade, um dos grandes pilares de qualquer sistema público de saúde. Só que - sejamos realistas - a medida, não terá capacidade para, isoladamente, garantir esse objectivo.
Na verdade, existe uma grande diferença entre as premissas existentes no tempo da ministra Leonor Beleza e as actuais. O esboço e os indícios sucessivos, cada vez mais visíveis, de estar a ser fomentado um 'mercado concorrencial', altamente 'liberalizado' que, se não for regulado (travado), irá condicionar profundamente todo o vector dos recurso humanos nas vertentes de recrutamento, regime laboral e remunerações, com implicações 'transversais' (imediatas no SNS e a médio prazo no sector privado e social).
No sector público, a exclusividade, como (re)aparece agora, dificilmente deixará de favorecer a 'desnatação' do SNS e, pior, poderá perversamente encaixar-se num plano com evidentes finalidades de 'amputar' as prestações públicas.
O SNS poderá estar - pelos actuais decisores - a ser paulatinamente esvaziado de grande parte sua capacidade prestadora e os utentes transferidos (em 'pacotes de low cost') para o sector privado e social.
É nesse sentido que encaro esta medida, neste momento, como pouco ou nada 'estruturante' dos recursos humanos do SNS, mas não excluo a possibilidade de ser um violento 'empurrão' para uma mudança de paradigma do SNS, que não me parece politicamente aceitável, nem socialmente justa, para o País.

Repito: este será um tema que terá de ser avaliado nos seus propósitos (políticos, sociais e estratégicos), meticulosamente inventariado (nos aspectos técnicos e de impactos) e, finalmente, amplamente discutido entre todos os profissionais do SNS, mas por enquanto estamos no adro ou talvez dentro de igreja.

10:51 da manhã  
Blogger Tavisto said...

Compreendo a argumentação de “E-Pá” relativamente à exclusividade médica no SNS e concordo que, se mal conduzida, a medida comporta um risco para o seu funcionamento. Penso no entanto que caminhar nesse sentido é não só desejável como inevitável, face ao consenso político que hoje se verifica.
É bom de ver que no terreno da prestação de cuidados de Saúde existem essencialmente hoje dois protagonistas. O SNS e os grupos económicos privados nos quais incluo as misericórdias pois, na prática, os objetivos e modelo de funcionamento em pouco ou nada os distinguem. A medicina liberal, entendida como medicina de consultório, é hoje residual e irá sofrer a última estocada com a entrada em vigor da nova lei de convenções.
Temos pois dois modelos de prestação de cuidados integrando o Sistema Nacional de Saúde com filosofias e regras de funcionamento distintas, partilhando entre si doentes e profissionais. Há pois que estabelecer regras, sob pena do SNS continuar a ver-se esvaziado de profissionais e utentes pelo sector privado/social, através de conhecidos métodos de recrutamento dos melhores e desnatação de patologias.
O que aqui digo já hoje se verifica e, a nada ser feito, irá agravar-se nos próximos tempos. A verdade é que recorre cada vez mais ao SNS quem não tem seguros, sejam eles privados ou públicos (subsistemas), correndo-se sério risco de filosofias e regras de funcionamento distintas conduzirem a uma marcada separação socioeconómica entre sectores com fortes repercussões na qualidade dos cuidados prestados pelo SNS.
Face ao atual estado de coisas, considero ser de todo desejável avançar-se para a separação de sectores que, para ser eficaz, terá de envolver os principais protagonistas e pedra-de-toque no funcionamento dos serviços de saúde, os profissionais (médicos com especial relevo).
Na Medicina Familiar, com a evolução para modelos de prestação em USF com componente salarial variável em função de parâmetros de produtividade e qualidade, a exigência do trabalho em exclusividade parece-me decorrer com naturalidade do novo estatuto dos profissionais.
Na Medicina Hospitalar, pela maior complexidade estrutural e heterogeneidade profissional, a implementação de modelos de avaliação eficazes que conduzam à introdução de uma componente salarial variável, que tenha em conta as aspetos quantitativos e qualitativos da atividade de grupo e individual, é mais difícil mas está em desenvolvimento.
Lembro que o SIGIC, com todas as críticas que lhe possam se feitas, é já hoje um mecanismo de correção salarial utilizado nas especialidades cirúrgicas. Interrogo-me por que, até serem encontrados melhores parâmetros, não se introduzem mecanismos idênticos de produção adicional nas áreas médicas, de imagem e laboratorial.
Relativamente à alegoria do adro e da Igreja, direi que já estivemos no adro mas recolhemos à Igreja. É preciso por de novo a procissão em movimento sob pena de termos de adorar falsos deuses.

2:36 da tarde  
Blogger Clara said...

Paulo Macedo "confessa" que o modelo da exclusividade dos médicos tem virtualidades.
Num SNS, assistencialista,com escassos recursos, reduzido a uma carteira mínima de cuidados, a exclusividade dos médicos do público, que não tiveram oportunidade de acesso ao privado, pouco motivados, faz sentido...

11:26 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Clara,

Não me parece correcto dizer-se que temos um SNS assistencialista. Há de facto esse risco caso o desinvestimento público se mantenha mas não é essa a situação actual. Há graves problemas no acesso, em especial pelo brutal aumento das taxas moderadoras, mas estamos longe de um modelo reduzido a uma carteira mínima de cuidados.
Também, mal estará o SNS se o seu corpo profissional for constituído por médicos desmotivados e que só nele permanecem por não terem conseguido lugar no privado. Então o SNS estará morto e toda esta nossa discussão deixou de fazer sentido.

12:40 da tarde  
Blogger victor said...

Esta politica de saude visa a destruicao do sns. Menos financiamento, reducao de salarios, encerramento de servicos, fuga de profissionais para o privado.










7:45 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A discussão sobre a exclusividade dos médicos (ou de todos os profissionais do SNS?) aparece, agora, em 'contra-corrente'.
Com as limitações orçamentais que foram e vão continuar a ser introduzidas no SNS (não vamos discutir aqui as suas múltiplas motivações económicas e razões políticas) o que aparenta ser uma 'trincheira' de defesa do SNS facilmente se transformará na sua 'vala comum', já que não é possível excluir a instauração de um ambiente de 'execuções sumárias', grupo por grupo profissional, em que o 'outplacement' precederia o 'outsourcing'.
É preciso sublinhar que a exclusividade num serviço público de características universais faz todo o sentido, para qualquer grupo profissional, e será um dos instrumentos de consolidação deste tipo sistemas que, dadas as suas características, funcionam como um pilar do Estado Social que, para cumprir esse desígnio, necessita de uma quadro de pessoal apto e 'dedicado'.
Mas no actual momento de desagregação, de fragmentação, da 'livre escolha', a exclusividade poderá ser a espada de Damocles do SNS, já que não parece ser possível ousar pensar (sonhar) que essa medida seja acompanhada de quaisquer tipo de enquadramento, como 'medidas de estímulo' (na formação, nas carreiras profissionais, nos modelos remuneratórios, etc.) ou de 'motivação' (investigação, inovação, desenvolvimento, etc).
A exclusividade dos médicos (e outros profissionais da saúde) pode, por outro lado, ser um sofisticado (perverso) modelo de 'requalificação' a ser insidiosamente aplicado neste sector e que, como foi concebido por este Governo, seria antecedido por uma maré de 'rescisões voluntárias'...(neste caso induzidas pela exclusividade).
E, deste modo, submerso em maciças deserções, o SNS ficaria automaticamente e globalmente 'requalificado' como residual (no incensado 'mercado da saúde').
A exclusividade, neste momento, será um dos 'instrumentos' disponíveis (existem outros em plena aceleração) para 'transferir' as actuais funções prestadoras do SNS para outros actores e enveredar decididamente na rota do 'assitencialismo'...
Esta questão da exclusividade é mais um exemplo de uma oportunidade perdida (em devido tempo) e quando tentada agarrar mais tarde pode transformar-se numa 'perdição'.

8:39 da manhã  
Blogger Clara said...

O SNS ainda não é.
Mas se os portugueses deixarem será em breve um serviço de tipo assistencialista,de baixos recursos, reduzido a uma carteira mínima de cuidados.
É este o objectivo das politicas liberais pacotilha e, ao fim e ao cabo, da política de cortes a eito de Paulo Macedo.

10:57 da tarde  

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