quinta-feira, junho 12

Acuso, Paulo Macedo

Acuso o Ministro da Saúde de querer silenciar os profissionais de saúde com a criação de um falso “Código de Ética da Saúde”.
Acuso o Ministro da Saúde de pretender um retrocesso democrático, ao impor uma Lei da Rolha para impedir as denúncias das deficiências encontradas nos hospitais e centros de saúde ou as situações de falta de qualidade na prestação de cuidados de saúde.
Acuso o Ministro da Saúde de esquecer que o Serviço Nacional de Saúde é um bem público que a todos os Portugueses pertence e que não é propriedade de uma só pessoa nem sequer de um Ministério.
Acuso o Ministro da Saúde de querer iludir a opinião pública com medidas populares que, na realidade, acabam por nunca ser aplicadas.
Acuso o Ministro da Saúde de prejudicar o desenvolvimento dos serviços de saúde, através de decisões que dificultam o acesso às consultas, aos medicamentos, aos meios de diagnóstico e aos cuidados de saúde.
Acuso o Ministro da Saúde de estar a desprezar os Cuidados de Saúde Primários, apesar de ter definido esta área como prioritária.
Acuso o Ministro da Saúde de estar a estrangular financeiramente os hospitais, criando ruturas diárias de materiais e medicamentos indispensáveis ao tratamento dos doentes.
Acuso o Ministro da Saúde de ter falhado a oportunidade histórica de reformar um sistema de saúde que necessita, urgentemente, de uma verdadeira modernização.
Acuso o Ministério da Saúde de querer capturar as funções da Ordem dos Médicos, desprezando a importância da qualidade da formação de especialistas e estimulando a emigração de profissionais.
Acuso o Ministro da Saúde de estar a paralisar as unidades de saúde com programas inadaptados à rede informática e que prejudicam ostensivamente as consultas médicas.
Acuso o Ministro da Saúde de irresponsabilidade, ao recusar-se a publicar o Ato Médico que possa definir claramente as competências dos profissionais de saúde.
Acuso o Ministro da Saúde de tratar a área dos cuidados de saúde numa perspetiva exclusivamente contabilística, esquecendo a humanização e as necessidades específicas dos doentes.
Acuso o Ministro da Saúde de perder mais tempo a denegrir publicamente o papel dos profissionais de saúde do que a resolver os verdadeiros problemas do setor.
Acuso o Ministro da Saúde de incapacidade de tratar os problemas da Saúde e de ser o responsável pala situação gravosa em que este setor foi colocado.
A Saúde está à beira de um colapso perigoso para o qual o Ministério tem sido insistentemente alertado pelos vários agentes do setor.
Na realidade, o Dr. Paulo Macedo está a tornar-se o maior entrave ao desenvolvimento de uma verdadeira política de saúde capaz de dar as respostas de qualidade que lhe são exigidas. Lamentavelmente, o Ministério que dirige lida mal com a diferença de opinião ou com a crítica construtiva e quer impor uma vergonhosa Lei do Silêncio, inadmissível num país de liberdades e democracia.
Os médicos não aceitarão mais a contínua degradação do sistema de saúde em Portugal e estão dispostos a defender, energicamente, o direito a uma Saúde de qualidade para todos.
Este é o momento para os profissionais de saúde defenderem com responsabilidade um legado de várias décadas que os doentes não merecem perder.
Carlos Cortes, Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

JP 12/06/2014 

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1 Comments:

Blogger Olinda said...

A hipocrisia tem limites
De acordo com notícias recentes só no 1 trimestre de 2014 a industria farmacêutica tera atribuído cerca de 28 milhões de euros em patrocínios e apoios. Grande parte destes apoios foram dirigidos a médicos e sociedades medicas. Nao se sabe que parte tera correspondido a apoios a "associações de doentes". E esta mesma industria farmacêutica que gasta por ano mais de 100 milhões em "apoios" que se recusa a diminuir os precos de medicamentos importantes tanto na área da infecciologia como da oncologia. Em vez disso prefere alimentar o circo mediatico através da manipulação dos diferentes agentes tendo em vista a pressão ultima sobre o poder político.
Pergunta-se: quantos destes apoios resultaram em produção cientifica credível e independente? Quantos destes apoios foram atribuídos a associações de doentes? Em que medida os conflitos de interesse estão aclarados? Afinal nestas dezenas de milhões gastos em "promocao", turismo medico inútil, lobbyismo ilegítimo qual o beneficio que o cidadao cadenciado retirou?
Quantos doentes necessitados de terapêuticas inovadoras poderiam ter sido tratados?
A hipocrisia tem limites.

3:21 da tarde  

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