Tratamento da hepatite C com fármacos inovadores
Bastonário da O.M. apela à humanidade e sensibilidade do
ministro da Saúde
«Neste momento, há doentes que estão no limite e que
precisam de ser tratados no imediato. É preciso que os hospitais libertem os
pedidos de autorização excepcional e que todos os médicos façam
justificadamente estes pedidos», disse José Manuel Silva, bastonário da Ordem
dos Médicos (O.M.), numa conferência de Imprensa promovida na sede desta
instituição pela SOS-Hepatites, cuja presidente, Emília Rodrigues, adiantou ter
conhecimento de que, em Março havia 85 pedidos de AE para o tratamento da
hepatite C com sofosbuvir. Vários doentes relataram os seus casos dramáticos.
«A Ordem dos Médicos (O.M.) disponibilizou-se para estar ao
lado do ministro da Saúde na negociação do melhor preço possível para o SNS da
nova terapêutica para a hepatite C, mas o ministro prescindiu do apoio dos
médicos e dos doentes; por isso, cabe-nos estar aqui a exigir que os doentes
mais emergentes tenham acesso a uma terapêutica que é curativa», disse José
Manuel Silva, apelando «à humanidade e sensibilidade do sr. ministro da Saúde,
porque há doentes que têm pouco tempo e que precisam dessa terapêutica».
Segundo o bastonário da O.M., «a dimensão da despesa que isso poderia
representar é muito inferior à que foi referida». E explicou: «A Inglaterra,
mesmo antes da avaliação do NICE, tratou 500 doentes. Com a dimensão da nossa
população, deveríamos estar a tratar de forma imediata cerca de 100, os mais
graves, aqueles para quem cada dia conta. Estamos a falar de cerca de 5 milhões
de euros». Entretanto, aparecerão novos medicamentos e será mais fácil
conseguir melhores preços para o SNS, prevê o bastonário, que salientou o facto
de o medicamento que está em causa ter sido submetido a estudos de
fármaco-economia e de a sua relação custo-efectividade não estar em causa.
«Neste momento, há doentes que estão no limite e que precisam de ser tratados
no imediato. É preciso que os hospitais libertem os pedidos de autorização
excepcional e que todos os médicos façam justificadamente estes pedidos».
«Os doentes não podem esperar mais»
«Os doentes não podem esperar mais –- disse Emília
Rodrigues. --- Estão completamente desesperados, porque estão a necessitar com
urgência das terapêuticas e vão acabar por morrer sem elas. Sabem que podem
salvar-se e que nada está a ser feito para que sejam curados. O Ministério da
Saúde continua a dizer que não vai haver dinheiro, nos tempos mais próximos,
para disponibilizar os novos medicamentos. Ao mesmo tempo tenta criar a
"lei da rolha" para que os clínicos sejam impedidos de contar para o
exterior a realidade do que se passa nos hospitais. Mas os doentes contam». E
foi por decisão deles e da direcção da SOS-Hepatites que a realidade em que
vivem foi publicamente transmitida.
A realidade dos doentes, como ficou patente, «tem um traço
comum: o medo. Medo da morte, medo que a aprovação do medicamento não chegue no
tempo devido, medo de não verem os filhos crescer. Segundo informação do
Infarmed, o prazo pode ser prorrogado de cada vez que há um pedido adicional de
medicamento. Sendo assim, quanto tempo vamos esperar pelo tratamento?»,
perguntou Emília Rodrigues.
A SOS-Hepatites sabe que nem todos os 150 mil portugueses
que se calcula tenham hepatite C necessitam de tomar os novos medicamentos,
«mas negar a doentes com fígado cirrótico a medicação que os pode curar e, ao
mesmo tempo, impedir a evolução para cancro e transplante é uma atitude que
envergonha Portugal, os médicos e os doentes portugueses», afirmou a dirigente
da organização, que acrescentou: «Sabemos que há negociações a decorrer entre o
Infarmed, os clínicos e a Indústria Farmacêutica, não é a primeira vez que
estas negociações acontecem. Da última vez, entre as negociações e a aprovação
do medicamento decorreram 27 meses. Não queremos que, desta vez, os doentes
fiquem de novo à espera pelo mesmo período».
Reacção do Infarmed
Entretanto e «relativamente às dúvidas suscitadas na
Comunicação Social», o Infarmed emitiu um comunicado em que «assegura não haver
falta de tratamento para a hepatite C em Portugal», pois «em todas as situações
em que o doente corra risco de vida, e enquanto se aguarda decisão final sobre
os pedidos de comparticipação, está assegurado aos doentes o acesso aos
medicamentos pelos hospitais do SNS, através de autorizações excepcionais».
Mais adianta (detalhes em www.infarmed.pt) que «o processo
de comparticipação do medicamento para o tratamento da Hepatite C, contendo a
substância ativa sofosbuvir, link
encontra-se tecnicamente concluído na análise relativa ao valor terapêutico
acrescentado e quanto ao custo-efectividade, faltando apenas para a sua
aprovação final que a empresa detentora da Autorização de Introdução no Mercado
proponha um preço adequado que não ponha em risco a sustentabilidade do SNS (…)
O Infarmed tem em curso um processo negocial, aguardando, neste momento, proposta
de um preço adequado e comportável, por parte da Indústria Farmacêutica». link
link
Tempo Medicina
Etiquetas: Medicamento
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home