sexta-feira, maio 1

Each monkey on its branch

Surpreendente ou talvez não, Adalberto Campos Fernandes e José Mendes Ribeiro concordam que directores clínicos e directores de enfermagem não devem fazer parte dos Conselhos de Administração (CA) dos hospitais. Em obediência ao inquestionável principio de cada macaco no seu ganho. Assim, libertos da malta hospitalar, genuínos gestores de profissão, sempre poderão cortar a direito mais à vontade.
Segundo Adalberto Campos Fernandes, «os hospitais devem ter uma direcção técnica independente, com gente muito qualificada, que sobre algumas matérias tem obrigatoriamente de ser ouvida pelo órgão executivo (ciclo de debates «ÁGORA – Ciência e Sociedade).
Varridos dos CA, restará aos médicos, técnicos e enfermeiros a participação galharda nos órgãos de direcção técnica. Com consulta obrigatória em matérias escrupulosamente seleccionadas.  
Nota: Todos sabemos o que se entende por gente muito qualificada. Nestes últimos anos os portugueses mudaram. Os políticos de pacotilha permanecem os mesmos.
Clara Gomes

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4 Comments:

Blogger e-pá! said...

É preciso revisitar o percurso recente da composição (e emanação)dos CA nos Hospitais públicos.

Enquanto existiram Directores Clínicos e Enfermeiros Directores eleitos o poder político não descansou enquanto não acabou com essa modalidade.
Todos nos lembramos do arrazoado então utilizado:
"A nomeação do director clínico é feita por despacho do Ministro da Saúde, mediante proposta do director do hospital, de entre médicos de reconhecido mérito, experiência profissional relevante e perfil adequados às respectivas funções, pertencentes aos quadros da carreira hospitalar..." (Dec.-Lei 39/2002 da lavra de A. Correia de Campos).

Esta 'novidade' derrogou um anterior Dec.Lei (135/96 de Maria de Belém Roseiro) onde se escrevia:
"Reconhece-se a importância da participação dos profissionais envolvidos no processo de designação dos órgãos de direcção técnica dos hospitais, como garantia do seu maior envolvimento, adesão e responsabilização, na prossecução dos objectivos dos estabelecimentos hospitalares".

Agora estamos na 3ª. via. Blair não faria melhor!
Com os resultados que conhecemos...

9:58 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Procurar na composição do Conselho de Administração a (s) causa (s) para as dificuldades que atravessam os hospitais do SNS é um exercício estéril. Não vai ser seguramente o afastamento dos profissionais da sua estrutura que vai resolver os problemas existentes, como não o foi a passagem do modelo de eleição para o de nomeação do director clínico e do enfermeiro director.
A revitalização do hospital público carece de outras medidas, tendo como principais: aprofundar os mecanismos de contratualização externa e interna; política salarial que tenha em conta a produtividade individual e de grupo considerando as três vertentes principais de actividade (assistencial, ensino e investigação); privilegiar o regime de trabalho a tempo inteiro dos diversos grupos profissionais; intensificar mecanismos de responsabilização aos mais diferentes níveis da prestação de cuidados e das estruturas de apoio técnico.
Considero, porém, que a montante desta problemática está a opção política em Saúde de quem nos governa. Se se mantiver o subfinanciamento e se prosseguir no objecitvo de afastamento dos sectores sociais de maiores rendimentos, protegidos por seguros de saúde privados ou subsistemas públicos, do hospital público em benefício do sector privado empresarial ou social, a degradação dos hospitais do SNS continuará, independentemente da forma de participação dos profissionais no órgão de gestão.

1:25 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

O que é surpreende é encontrar, nos mais variados fóruns que vão ocorrendo por esse país fora, sempre os mesmo gurus da saúde. A debitar as mesmas receitas, a mesma lengalenga, sem acrescentarem nada de novo ou positivo ao pensamento da Saúde.

2:37 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Claro que o sistema de administração e gestão dos HH está profundamente inquinado e não serão (só) as alterações acerca da sua composição e uma emanação democrática e idónea que resolverão o problema.
Mas sendo os Hospitais importantes estruturas de saúde do sistema é compreensível e credível que se os 'comissários político-partidários' forem arredados das funções dirigentes o ar (o ambiente) ficaria mais respirável.
E assim passamos de um problema de saúde organizacional para uma questão de higiene (pública).
Porque, na realidade, o que se perfila no 'horizonte outonal' é mais do mesmo, ou ainda pior.

9:32 da tarde  

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