Manifesto por uma ética republicana e democrática na Administração Hospitalar
Manifesto por uma ética republicana e democrática na
Administração Hospitalar
Conforme estratégia acordada, vimos dar conhecimento dos
contactos havidos com a direção dos partidos que poderão vir a ter assento
parlamentar e das posições por estes assumidas, relativamente ao nosso
Manifesto.
Como nota prévia informa-se que o Manifesto foi enviado aos
Partidos com um novo formato e uma nova arrumação de ideias de modo a tornar a
sua leitura mais agradável e mais facilmente compreensível face à quantidade de
informação nele inserta.
Os partidos foram contatados por escrito e telefonicamente.
Todos receberam a iniciativa com simpatia tendo-se mostrado interessados em
responder, afirmando vir a fazê-lo dentro do prazo que lhes foi indicado. Houve
contatos ao mais alto nível com parte significativa dos partidos, alguns dos
quais nos manifestaram, inclusive, interesse em vir a analisar a questão
pessoalmente. Foram-lhes dados contatos para o efeito. Em prazo útil, contudo,
apenas responderam por escrito, até à data, o Bloco de Esquerda pela mão do seu
deputado e dirigente, Dr. João Semedo, e, o Partido Comunista Português,
através do Gabinete Técnico do Secretariado do Comité Central. Por nos ter sido
pedido, ficámos a aguardar mais algum tempo a resposta do novo Partido
Democrático e Republicano e do Partido Socialista. Deste último Partido
recebemos sempre a indicação que o assunto estava a ser analisado pelo Grupo
que está a preparar o Programa Eleitoral do Partido. Não nos chegou,
entretanto, até à data qualquer resposta.
«É impossível não comunicar». É este o primeiro corolário da
comunicação humana. Significa isto que as delongas e ausências de resposta por
parte de alguns partidos, ainda que a venha a haver, têm um significado,
evidenciam um comportamento. Que cada um tire a ilação que entender, sendo certo
que:
1.É de louvar a frontalidade, a coragem e a preparação do
Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. Ambos os partidos assumiram
ao mais alto nível a sua posição sem tibiezas, nem arranjismos eleitoralistas.
Mais louvamos o facto de estarem de acordo com a nossa posição;
2.Podemos interpretar a ausência de resposta dos demais
partidos, por cautela, por não terem ainda qualquer opinião sobre o assunto (o
que é mau) ou por estarem a contar em manter o sistema (o que é pior ainda). Se
for esta a posição dos partidos; se dos seus programas nada constar (é bom que
os administradores estejam atentos), tudo evidencia que o que nos espera é mais
do mesmo…que mudem as moscas e que tudo o mais permaneça igual. Pela nossa
parte, não obrigado. Não iremos votar no escuro.
Aos vários colegas que subscreveram o Manifesto (e foram
muitos), o nosso obrigado, por não se esconderem de ter e de dar a sua opinião.
Houvesse mais unidade e mais ética por parte de alguns colegas e a carreira de
Administração Hospitalar não estaria certamente na posição em que se encontra.
Sobretudo, se tomarmos por certo, o que tomamos, que é uma carreira que
continua a ter todo o sentido hoje com os mesmos pressupostos com que foi
criada, nomeadamente, a especialização, igualdade de acesso e mérito.
Transcrevemos a posição dos partidos respondentes e voltamos
a publicar o Manifesto com o novo formato e arranjo. A luta continua. Daremos
conta, a breve trecho, dos próximos passos.
Que até lá, a APAH, que irá reunir em Assembleia no próximo
dia 13 de maio, tome em consideração o que aqui é transmitido.
BLOCO DE ESQUERDA
Exprimo a nossa concordância genérica com o Manifesto por
Uma Ética Republicana e Democrática na Administração Hospitalar quer no
diagnóstico e causas da situação a que se chegou quer nas linhas gerais
enunciadas para ultrapassar os problemas e bloqueios atuais. Redesenhar e
respeitar a Carreira e regressar aos Concursos são certamente mudanças
indispensáveis para uma requalificação da administração hospitalar e para a
valorização do mérito e da transparência na gestão pública. Não será a atual
política de saúde – e em particular a orientação imposta ao SNS - a assumir estas mudanças na exata medida em
que ela tem aplicado e alargado a todas as carreiras do SNS a subalternização e
instabilidade de que se queixam – e bem – os administradores hospitalares. As
mudanças reclamadas pelos administradores hospitalares exigem uma nova lei de
gestão hospitalar cujo centro seja a formação, habilitação e competência,
afastando o compadrio e a partidarite, e um novo estatuto para os hospitais do
SNS cujo eixo seja a rejeição da sua empresarialização e o reforço da sua
natureza pública.
Sem prejuízo de uma nova reflexão sobre o assunto, não nos
parece que a aposta na criação de uma Ordem Profissional seja indispensável (ou
até aconselhável) para resolver os problemas da gestão hospitalar e permitir a
realização profissional dos administradores hospitalares.
Para o Bloco de Esquerda esta problemática tem uma evidente
centralidade na definição da política de saúde, razão pela qual ela será ponto
obrigatório do nosso programa eleitoral, como já aconteceu em eleições
anteriores, desenvolvendo os princípios gerais aqui referidos de forma
sintética.
João Semedo, Deputado do BE
PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS
1.º O que pensam do teor do presente Manifesto
R: Sobre o manifesto “Por uma ética republicana e
democrática na Administração Hospitalar”, subscrevemos o essencial do que é
dito, sendo que algumas das vossas preocupações encontram correspondência nos
nossos posicionamentos ao longo dos anos. Não temos opinião sobre a criação de
uma Ordem dos Administradores Hospitalares, não temos uma posição definida.
Esta é uma matéria que diz respeito em primeiro lugar aos administradores
hospitalares.
2.º Se pensam vir a integrar no Vosso Programa Eleitoral
algum objetivo explícito - e qual - sobre a questão da governação dos
hospitais, e, em particular, sobre a carreira de administração hospitalar.
R: O Programa Eleitoral que o PCP apresentará aos
portugueses nas suas linhas gerais no final do mês de Maio, incluirá um
conjunto de medidas que integram o nosso projecto político para a saúde - Um
Serviço Nacional de Saúde Universal, Geral e Gratuito.
Mais tarde o PCP apresentou na Assembleia da República um
projecto que no essencial visava, entre outros objectivos:
O concurso como método de selecção das equipas de
administração dos hospitais e das direcções dos centros de saúde, com base num
caderno de encargos elaborado pela respectiva Administração Regional de Saúde.
Já em 2010 tornámos público um conjunto de dez medidas
urgentes para a defesa do SNS e a garantia do direito à saúde a todos os
portugueses em que nas duas primeiras propusemos:
1 - Promover a sustentabilidade, reorganização e
financiamento adequado do SNS, desenvolvendo plenamente as suas
potencialidades, atr4avés do total aproveitamento da capacidade instalada e do
reforço dos recursos técnicos e humanos garantindo elevados níveis de qualidade
dos cuidados de saúde acessíveis a todos os cidadãos e pôr um ponto final na
promiscuidade entre o sector público e o privado com a total separação entre
eles.
2 - Terminar com o actual modelo de empresarialização dos
serviços de saúde públicos (antecâmara da sua privatização), reintegrando os
Hospitais EPE no Sector Público Administrativo, o que deve ser acompanhado de
medidas que tornem mais eficiente a sua gestão, salvaguardando o carácter
público de todas as unidades do SNS e, simultâneamente, implementar um modelo
de gestão pública e democrática, participada, competente e
desgovernamentalizada.
O Gabinete Técnico do Secretariado do Comité Central do PCP,
17 de abril de 2015.
Etiquetas: APAH
1 Comments:
Concordo em que é preciso fazer alguma coisa. Se os tempos são de mudança de ciclo político, como eles dizem, que o comprovem. Nomeadamente,invertendo estruturalmente muitas coisas: 1) um Estado moderno baseado nos valores perenes da gestão pública:i) igualdade; ii) mérito; iii)honestidade; iV)transparência; 2) uma administração hospitalar: i) baseada em formação especializada; ii) no mérito comprovado através de concursos; iii)avaliação pelos pares; iv)um código de ética profissional.
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