O papel dos Administradores Hospitalares
A carreira de administração hospitalar existe desde 1968, tendo ficado
consagrada a exigência do curso de administração hospitalar como habilitação
indispensável.
Em 1980, a carreira é revista e o exercício de funções é feito, em comissão
de serviço, após concurso público nacional. O ingresso fica reservado a
licenciados que tenham obtido diploma em Administração Hospitalar pela Escola
Nacional de Saúde Pública. A progressão na carreira é feita mediante o tempo de
exercício profissional, avaliação positiva por comissão de avaliação
constituída por administradores hospitalares e provas (apresentação e discussão
de trabalho preparado para o efeito).
No final da década de 1988 é criada a figura de administrador-delegado
enquanto membro dos recém-criados Conselhos de Administração (CA). Todos os
elementos deste órgão colegial (entre 5 e 7) passam a ser nomeados por
confiança política, não sendo exigido qualquer mecanismo transparente de
recrutamento, formação específica, comprovação de competências e avaliação de
desempenho. Paralelamente, as remunerações de todos os membros do CA são
aumentadas significativamente.
A partir da empresarialização dos hospitais, em finais de 2002, cessaram os
concursos de ingresso e de acesso na carreira de administração hospitalar. Os
diplomados em administração hospitalar passaram a ser contratados em regime de
contrato individual de trabalho sem acesso a formação contínua, avaliação de desempenho
e possibilidade de progressão de carreira.
Os hospitais são organizações extraordinariamente complexas pela utilização
intensiva de recursos humanos, capital, tecnologia e conhecimento. Peter
Drucker afirma mesmo que representam a forma mais complexa de organização
humana que alguma vez se pretendeu gerir. Efetivamente, longe vai o tempo em
que se acreditava que as organizações de saúde eram tão simples de gerir que
poderiam ser facilmente lideradas por profissionais não preparados. Assim, não
é aceitável que a administração seja desempenhada por políticos, curiosos ou
profissionais de saúde sem um conhecimento profundo dos métodos e dos
instrumentos de gestão hospitalar.
Certamente que o conhecimento e a competência necessários não se adquirem
através de cursos em horário pós-laboral sem qualquer avaliação de
conhecimentos. Não podem existir dúvidas de que a qualidade dos gestores e de
dirigentes depende da sua formação e experiência e dos conhecimentos,
capacidades e competências que detêm.
Neste contexto, é imperativo garantir um consenso alargado para um quadro
de qualificação da administração hospitalar/gestão em saúde, passando pela
educação especializada, processo de recrutamento transparente, avaliação do
desempenho e formação contínua.
Por definição, os administradores hospitalares são os primeiros a exigir a
profissionalização da gestão intermédia e de topo dos agrupamentos de centros
de saúde, hospitais e unidades locais de saúde do SNS. Todos, sem exceção e sem
demora, são bem-vindos a este movimento. Saibamos todos tirar as devidas
ilações e consequências.
Alexandre Lourenço, presidente da APAH, 14 07. 2016
Etiquetas: APAH
3 Comments:
Os curiosos também estão nos grupos de trabalho constituidos por esta direcção da APAH.Como é possivel alguém que tratou muito mal os administradores hospitalares (enquanto vogal do CA) que tem uma licenciatura na Lusiada fazer parte do grupo que vai analisar as necessidades de formação continua dos AH?
RIDICULO!
Como é possivel indicar alguém cuja actividade favorita foi perseguir os AH e cujo unico atributo é uma licenciatura na Lusiada, para integrar o grupo que vai avaliar as necessidades de formação continua dos AH?
RIDICULO!
Mais uma vez venho comentar o que nem sequer devia ser comentado por ser uma evidencia.O que é certo é que Portugal e o Ministério da Saúde têm feito nomeações de bradar aos Céus .Lanço o desafio à APAH que faça o levantamento dos dirigentes de HH e ARS do país e depois enviem ao SR Bastonário da Ordem do Médicos.
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