domingo, novembro 27

Vaca voadora nos valha!

«Reforçar a resiliência, a eficiência e a sustentabilidade dos sistemas de saúde. 
O envelhecimento da população, associado às severas restrições orçamentais, exigirá adaptações profundas dos sistemas de saúde dos países da UE, a fim de promover um envelhecimento mais saudável e dar resposta de uma forma mais integrada e centrada nos doentes às necessidades novas e crescentes no domínio dos cuidados de saúde. Nos países da UE, a percentagem da população com mais de 65 anos aumentou, em média, de menos de 10 % em 1960 para quase 20 % em 2015, prevendo se que continue a aumentar até perto de 30 % em 2060. Actualmente, estima-se que cerca de 50 milhões de cidadãos da UE sofram de duas ou mais doenças crónicas, e a maior parte dessas pessoas tem mais de 65 anos. 
 Em 2015, as despesas com a saúde corresponderam a 9,9 % do PIB no conjunto da UE, contra 8,7 % em 2005. Segundo as projeções, os gastos com a saúde em percentagem do PIB aumentarão nos próximos anos em todos os países, devido principalmente ao envelhecimento da população e à difusão de novas tecnologias de diagnóstico e terapêuticas, e os governos estarão também sujeitos a pressões crescentes no sentido de darem resposta às necessidades cada vez maiores de cuidados de longa duração. 
 À medida que os países da UE assumem estes desafios, será necessário melhorar o planeamento e a organização dos serviços, a fim de reforçar a resiliência dos sistemas de saúde de modo a poderem responder às novas necessidades da forma mais eficiente. Os sistemas de saúde terão também de manter se sustentáveis do ponto de vista orçamental. Para dar resposta às exigências crescentes com recursos limitados, será fundamental obter mais ganhos de eficiência ao nível das despesas hospitalares, farmacêuticas, administrativas e outras despesas de saúde. Muitas das melhorias necessárias nos sistemas de saúde implicarão, pelo menos, algum investimento inicial. Ao determinar a melhor forma de afectar as despesas de saúde suplementares, será importante que os países mantenham um bom equilíbrio entre os investimentos em políticas destinadas a melhorar a saúde pública e a prevenção e os investimentos em políticas para a melhoria do acesso, da qualidade e da eficiência dos cuidados de saúde. » 
 Health at a Glance: Europe 2016, State of Health in the EU Cycle link 
Quanto ao nosso SNS, a trapalhada do costume. No início da legislatura o ministro da saúde prometia fazer melhor com o mesmo dinheiro. Desde então, as dívidas da Saúde não pararam de crescer. 
 Agora o ministro promete poupanças com a realização de MCDTS e mais cirurgias nos hospitais. Quando os profissionais se queixam da falta e mau estado de conservação dos equipamentos, o ministro promete novas aquisições.  ACF, como toda a gente sabe, comprometeu-se a fechar as contas de 2016 com um saldo de menos 179 milhões de euros e um stock de dívida e prazo médio de pagamentos igual, senão melhor, ao registado em Dezembro de 2015, apostando no apertar a fundo do cinto dos hospitais, tal qual o seu antecessor, para realização deste objectivo. link 
Estamos perante mais um episódio da multiplicação dos pães.
Sobre o andamento da dívida dos Hospitaia EPE, que representa cerca de 50% da despesa pública em saúde, eis o que diz PPB: «Mais um mês que passa, mais um mês que se adiciona à tendência de longo prazo de crescimento das dívidas dos hospitais EPE. Se no mês passado ocorreu uma contenção nesse crescimento, este mês retoma em linhas gerais o caminho histórico. Verifica-se assim o padrão de após alguma contenção, surgir a variação mensal da dívida com um pouco mais de vigor para recolocar a evolução média em valores médios elevados. Sem regularização extraordinária de dívidas não se vê como será possível atingir objectivos de stock de dívida que foram anunciados pelo Ministério da Saúde há algum tempo para o final do ano. Apesar do crescimento deste mês, o ritmo de médio de crescimento da dívida abrandou muito ligeiramente, ainda por força do decréscimo ligeira verificado no mês anterior. O ritmo de crescimento está, com a revisão por inclusão do valor referente a Outubro de 2016, em 28,8 milhões de euros por mês.» ... 
PPB 25.11.16 link 
 Concluído o primeiro ano de legislatura, segundo ACF, a lista de feitos do seu ministério é extensa link. Medidas de reforma estruturais, nicles. Paninho aqui, paninho acolá. Muita conversa. Muita parra e pouca uva. Mais lá para diante veremos. Esperamos que tudo esteja mais esclarecido. Receamos bem que não haja vaca voadora que nos valha.
Clara Gomes

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