Falar claro, é preciso
Hospitais obrigados a reduzir em 35% os
encargos com tarefeiros
Os hospitais e centros de saúde vão ter de
reduzir os encargos com as empresas de médicos tarefeiros em, pelo menos, 35%.
Esta é a face visível da contrapartida da reposição do pagamento de horas
extraordinárias a 75%, que já está em vigor e que tem efeitos retroativos a 1
de abril.
O decreto-lei publicado nesta sexta-feira no
Diário da República, determina que «os estabelecimentos do Serviço Nacional de
Saúde têm de reduzir os encargos trimestrais com a aquisição de serviços de
profissionais de saúde, em, pelo menos, 35 % face ao trimestre homólogo».
Relativamente
à reposição do valor integral (100%) das horas extra, o diploma refere que a
mesma só vai acontecer a partir do dia 1 de dezembro.
Ainda de acordo com o normativo, que procede à
primeira alteração ao decreto que estabelece as normas de execução do Orçamento
do Estado para 2017, os ministérios das Finanças e da Saúde vão criar uma
comissão conjunta que, a cada trimestre, verificará se os gestores dos
hospitais e dos centros de saúde estão a fazer os cortes.
Os hospitais e centros de saúde vão ter de
reduzir os encargos com as empresas de médicos tarefeiros em, pelo menos, 35%.
Esta é a face visível da contrapartida da reposição do pagamento de horas
extraordinárias a 75%, que já está em vigor e que tem efeitos retroativos a 1
de Abril.
Mantém-se a regra de que o somatório do número
de horas extraordinárias e de horas contratadas a médicos tarefeiros nos
serviços de urgência e nas unidades de cuidados intensivos não pode ultrapassar
o valor registado no trimestre homólogo, em cada um dos serviços do SNS.
De salientar igualmente que «os atos de gestão
que violem estas diretivas são nulos e passíveis de punição civil, financeira e
disciplinar».
Tempo Medicina 06 de Junho de 2017
Não se entende a reacção desfavorável a esta
medida da parte de algumas organizações profissionais, nomeadamente do
Bastonário da Ordem dos Médicos. Que se alerte para os riscos da aplicação cega
do diploma, entende-se; que se anuncie o caos generalizado dos serviços de
urgência resultantes da sua aplicação é manifestamente excessivo.
Como se
quer então que lugares do quadro em zonas mais periféricas, às vezes distando
escassos quilómetros de Lisboa, Porto e Coimbra, sejam ocupados quando os
mesmos profissionais recebem mais em regime de prestação de serviço numa
urgência de vinte e quatro horas? Como acreditar na indignação de quem alerta
para o desequilíbrio do que é pago aos contratados a empresas (tarefeiros) e
aos profissionais do SNS? Como levar a sério quem alerta para o burnout médico
quando se põem em causa medidas que procuram “normalizar” a actividade
profissional?
Não basta
dizer-se que se é pelo Serviço Nacional de Saúde, é preciso sim clarificar por
que SNS nos batemos.
Tavisto
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1 Comments:
«Será que ainda não entendeu que acabar com as empresas prestadoras de serviços médicos (medida positiva) e médicos tarefeiros significa contratar para os quadros os médicos em falta no SNS? Até quando se vai continuar a permitir a degradação do Estado Social como base estruturante da nossa democracia? Até quando vamos continuar todos a sofrer, doentes e profissionais de saúde?
A Ordem dos Médicos não vai pactuar com este estado de desinvestimento e deterioração do nosso maior factor de coesão social, o SNS. E não vai hesitar em denunciar e responsabilizar os ministérios das Finanças e da Saúde, a todos os níveis, pelas consequências negativas que esta medida, somada ao desinvestimento no sector público da saúde, pode acarretar para a saúde dos doentes, nomeadamente em contexto dos serviços de urgência.»
JP 14.06.17https://www.publico.pt/2017/06/14/sociedade/noticia/saude35-o-desastre-dos-numeros-1775452
Vergonha é um bastonário da OM vir a público defender a contratação de resmas de tarefeiros,
Que saudades do anterior bastonário Manuel Silva.
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