domingo, junho 4

A mesma falta de vergonha!

... No âmbito das jornadas parlamentares do PSD, a decorrer no Algarve, Passos Coelho deu conta aos jornalistas de que as preocupações no centro hospitalar do Algarve “são transversais” às de todo o país como a “falta de recursos humanos” e a falta de investimento na saúde em 2016 por parte do Governo, o que leva a crescer os tempos de espera, em especial na cirurgia e nos exames complementares. Lembrando que a dívida dos hospitais está a “aumentar, o líder do PSD fez o contraponto com o discurso do Governo: “Há uma retórica que não casa com a realidade”, afirmou o líder social-democrata, defendendo que é preciso “melhorar com realismo e não com demagogia”. Exemplo disso é a necessidade de um hospital novo no Algarve – admite – mas também disse acreditar que “não há dinheiro” para o construir pelo menos para já. De qualquer forma, Passos Coelho criticou o facto de o Governo não ter colocado o centro hospitalar do Algarve no topo das prioridades definidas pelo Governo para novos investimentos na saúde. 
JP 30.05.2017 link 
 Dando início, ao que parece, a nova estratégia de oposição ao governo da geringonça, Passos Coelho visitou o hospital de Faro e não poupou críticas à governação dos hospitais: Falta de financiamento e tempos de espera a crescer. 
Passos foi primeiro-ministro do XIX Governo Constitucional (2011-2015). Todos temos presente os profundos cortes a eito do orçamento da Saúde levados a cabo pelo seu governo (a quebra da curva do gráfico acima é assustadora). 
O relatório sobre o acesso aos cuidados de saúde do SNS (2016) ainda não foi publicado. link Segundo o relatório de 2015, 74% das primeiras consultas hospitalares tiveram lugar no tempo recomendado para o nível de prioridade atribuído ao pedido em sede da triagem hospitalar, valor idêntico ao registado em 2014. O tempo médio de resposta ao pedido de consulta em 2015 foi de 115,2 dias e a mediana do tempo até à realização da primeira consulta foi de 82,1 dias (81,5 dias em 2014 e 80,8 dias em 2013). 
 Em 2015, foram submetidos a intervenção cirúrgica 559.441 utentes do SNS, um aumento de 1,7% face ao ano anterior. O número de doentes propostos para cirurgia foi também superior ao de 2014 (+1,9%). O número de inscritos a aguardar cirurgia aumentou em 6,7% face ao ano anterior, no final de 2015 estavam a aguardar cirurgia mais 12.286 utentes do que no final de 2014. 
 Transplantação, em 2016 foram realizados 864 transplantes, mais 4,9% que em 2015 (424), terminando o ano com 2.230 utentes em lista de espera, menos 3% que no ano anterior (2.299). 
Face aos cortes de financiamento profundos (2010-2015), não repostos pelo governo da geringonça (2016-2017), é natural que o SNS apresente graves problemas de funcionamento (recursos humanos, equipamentos, instalações). 
Nem vemos vontade política deste governo para alterar a situação. Acarinhar o desenvolvimento do sector privado. Desenvolver o projecto das PPP. Reduzir, paulatinamente, a intervenção do Estado ao papel de financiador do sistema de saúde. A agenda liberal da Saúde mantém-se. Com liberais de pacotilha, uns mais dissimulados que outros.
Clara Gomes

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