O sinal está dado
Afinal, os hospitais privados vão continuar a
operar beneficiários da ADSE
O presidente da Associação Portuguesa de
Hospitalização Privada avança à TSF que a ADSE adiou a implementação das novas
regras para os hospitais privados por um mês. O boicote às operações,
fisioterapia ou exames de gastro fica suspenso.
O braço de ferro entre hospitais privados e ADSE
mantém-se, mas por agora as unidades de saúde privadas não vão deixar de operar
beneficiários da ADSE. Esta manhã, o Expresso revela que está a ser preparado
um boicote a partir de outubro com os hospitais privados a deixarem de fazer
cirurgias, exames de gastroenterologia e sessões de fisioterapia a estes
doentes por causa das novas regas da ADSE. No entanto, tal não vai acontecer,
pelo menos para já, garante à TSF o presidente da Associação Portuguesa de
Hospitalização Privada.
Na origem do diferendo estão as novas regras da
ADSE para os hospitais privados, como explica Óscar Gaspar: "A ADSE
introduziu uma série de regras para implementar a partir do dia 1 de outubro,
nomeadamente a necessidade de nós termos informações prévias ou autorizações
prévias sobre os atos clínicos, os exames de gastro, as colonoscopias, as
endoscopias. Ora, as regras tal como foram previstas não são possíveis de
concretizar, porque o sistema de ADSE não permite. A ADSE no final de julho
tinha dito que o sistema começaria em funcionamento a partir do dia 1 de
setembro, mas a verdade é que até ontem não estava em funcionamento."
Os hospitais privados não gostaram destas regras
e começaram mesmo a avisar os beneficiários da ADSE que precisassem de fazer
operações, fisioterapia ou exames de gastro a partir de outubro teria de
assumir a totalidade da despesa e pagar a pronto.
Entretanto, a ADSE recuou e os hospitais
privados vão adiar a medida: "Ontem à tarde, a ADSE reconheceu esta
situação, houve aqui um recuo e mandou uma nota aos hospitais privados no
sentido de adiar as regras um mês. Portanto, isto significa que o problema não
está resolvido, mas esta data de 1 de outubro deixa de estar em cima da mesa, a
partir de ontem ao final do dia quando a ADSE emite uma nova instrução aos
hospitais privados."
TSF 22/09/2018
Contrariamente ao que o Expresso anunciava em
manchete na última
edição, os privados continuam disponíveis para atender os
beneficiários da ADSE. Num momento em que o PSD apresenta uma proposta de
reforma do SNS que mais não faz que propor o alargamento do universo PPP, o
presidente da associação que representa os grupos económicos muda de estratégia
procurando esconder a natureza rapace dos privados na Saúde.
O sinal, porém, está dado. Se duvidas restassem
quanto à “bondade” do modelo PPP na recuperação do SNS, as ameaças que pairam
em torno da ADSE dizem bem do que nos espera se deixarmos a saúde dos
portugueses entregue ao arbítrio dos privados e de quem os representa.
Tavisto
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