terça-feira, dezembro 18

Arraial de São João

O país noticioso não desiste de nos surpreender.
Hoje a abertura do Jornal da TVI revela-nos que o presidente (há sete anos) do hospital de São João descobriu ter uma batelada de cirurgiões que pouco ou nada operam.
Descobriu, igualmente, que todos os dias tem mais de 660 “malandros” que vivem de expedientes de ócio negligente, indolente preguiça ou outra qualquer desmazelada razão para o epíteto tecnocrático de “absentismo”.
Não terá o hospital, cimeiro dos rankings, mecanismos de gestão inovadora capaz de resolver tal maleita?
Já sabíamos que os concursos públicos e o tribunal de contas são um entrave ao progresso gestionário hospitalar. Também ficámos a saber que, afinal, as centrais de compras são um disparate. Mas a grande novidade veio com a afirmação de que afinal o dinheiro orçamentado para a saúde para 2013 chega e sobra.
No meio de tudo isto parece ficar claro que a redução geral do acesso (a consultas e cirurgias) e à inovação terapêutica são uma absoluta normalidade. Os problemas que subsistem devem-se, com certeza, à malandragem médica que vai infestando os hospitais superiormente geridos (há longos anos) pelos oráculos da virtude, da decência e da ética.
Existirá, afinal uma ética no racionamento tão útil no branqueamento da cegueira orçamental.
Se dúvidas existissem parece haver nesta narrativa folclórica um suporte doutrinário ao fundamentalismo do ministério dos cortes a eito.

Olinda

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