Arraial de São João
O país noticioso não desiste de nos surpreender.
Hoje a abertura do Jornal
da TVI revela-nos que o presidente (há sete anos) do hospital de São
João descobriu ter uma batelada de cirurgiões que pouco ou nada operam.
Descobriu, igualmente, que todos os dias tem mais de 660
“malandros” que vivem de expedientes de ócio negligente, indolente preguiça ou
outra qualquer desmazelada razão para o epíteto tecnocrático de “absentismo”.
Não terá o hospital, cimeiro dos rankings, mecanismos de
gestão inovadora capaz de resolver tal maleita?
Já sabíamos que os concursos públicos e o tribunal de contas
são um entrave ao progresso gestionário hospitalar. Também ficámos a saber que,
afinal, as centrais de compras são um disparate. Mas a grande novidade veio com
a afirmação de que afinal o dinheiro orçamentado para a saúde para 2013 chega e
sobra.
No meio de tudo isto parece ficar claro que a redução geral
do acesso (a consultas e cirurgias) e à inovação terapêutica são uma absoluta
normalidade. Os problemas que subsistem devem-se, com certeza, à malandragem
médica que vai infestando os hospitais superiormente geridos (há longos anos)
pelos oráculos da virtude, da decência e da ética.
Existirá, afinal uma ética no racionamento tão útil no
branqueamento da cegueira orçamental.
Se dúvidas existissem parece haver nesta narrativa folclórica
um suporte doutrinário ao fundamentalismo do ministério dos cortes a eito.
Olinda