domingo, novembro 11

A senhora, o capataz e os ‘pobres’…

"...E o custo da mão de obra se degrada mês após mês"...
A 'senhora' que amanhã visita a sua 'quinta', de que se tornou feitora, não terá azo para conhecer o brutal 'empobrecimento' dos seus súbditos. Terá – isso sim – a oportunidade de, na actual sala de visitas de Lisboa (ex-libris do consulado cavaquista) perorar, para incautos caseiros e submissos pajens, sobre os custos do trabalho e a sua determinante influência na competitividade, passando ao lado dos fortes ventos da recessão que assobiarão, em frente, nas margens do Tejo.
Por outro lado, o 'capataz' (ainda) de serviço nesta submissa e ocidental leira, não saberá em que ambiente está a introduzir a sua ‘lídima protectora’.
Receberá a 'venerável credora', e ao que antecipadamente quis fazer crer uma ‘injustiçada benemérita’, com ‘honras prandiais’ na sala de armas de um velho forte quinhentista desactivado, longe do bulício da plebe. Por sinal, no mesmo local onde Gomes Freire de Andrade penou e acabou por ser executado, por revoltar-se contra ‘ocupação’ estrangeira (nessa época inglesa)…
Simbólico, não é?

E-Pá!
Portugal, um país em sofrimento, na véspera da visita senhora Merkel
População: 10.656 habitantes (2011) ; PIB (a preços de mercado) : 170.928 milhões euros; PIB per-capita: 16.089 euros; Taxa desemprego (% população activa): 15,5; Dívida externa: 200.000 milhões de euros (120% do PIB); Défice previsto para 2012: 7% do PIB.
O OE/2013 prevê a redução do défice para 4,5 do PIB, ou seja, a espoliação dos portugueses   em mais 5.338 milhões (3,2% do PIB),  através das armas do costume: aumento generalizado de impostos (4.312 milhões de euros) e cortes dos salários e despesas sociais (1.026 milhões euros).
Constatado o que já se sabia: na execução de politicas de austeridade especialmente severas os ganhos do défice não compensam as perdas da recessão, o governo veio propor, em cima do joelho,  a “refundação da trapalhada que tem feito”. Mais um plano severo de  cortes, desta vez, das despesas estruturais (ultrapassada a epopeia do combate às gorduras do Estado), a desenvolver até 2014, avaliado em cerca de 4.000 milhões de euros (2,5% do PIB).
Um bom pretexto para dar cabo de vez do nosso imberbe Estado Social. Assim se matariam dois coelhos com uma única cajadada, terá pensado o conde Andeiro, primeiro ministro, curiosamente de apelido lapin. Tudo em prol dos ganhos de competitividade da economia deste protectorado (à beira mar plantado) ao serviço da sr.ª Merkel. 

Indicadores EU/Estudo ER:
- Euro area hourly labour costs link ; - Structure of government debt in Europe in 2011 link ; - General government expenditure link ; - EU and Member States' balance of payments during the economic turmoil link ; FUNÇÕES SOCIAIS DO ESTADO (Eugénio Rosa): A dimensão da destruição já realizada e a em curso link

Nota: foto Câmara Corporativa

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