Quem muito viu
Pintura de Jorge Pinheiro
Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos,
mágoas, humilhações, tristes surpresas;
e foi traído, e foi roubado, e foi
privado em extremo da justiça justa;
e andou terras e gentes, conheceu
os mundos e submundos; e viveu
dentro de si o amor de ter criado;
quem tudo leu e amou, quem tudo foi –
não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
em sorte como a todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.
Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
será sempre sem pátria. E a própria morte,
quando o buscar, há-de encontrá-lo morto.
Jorge de Sena. Os Poemas da minha vida" de Vasco da Graça Moura. Edição JPúblico.
Os poemas da minha vida" de VGM não são uma escolha metódica dos melhores poemas líricos mas sim aqueles que mais o influenciaram.
Agradeço-lhe ter-me lembrado este inspirado poema de Jorge de Sena.
Etiquetas: poetas e versos
1 Comments:
A morte,a mim, quando me vier buscar, vai também encontrar-me morto.
Enviar um comentário
<< Home