segunda-feira, outubro 17

Cambão


De acordo como Jornal de Negócios (n.º 612 de 17.10.05), a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) está sob suspeita de estar envolvida no processo de concertação de preços efectuado pelos laboratórios Abbot, Bayer, Johnson & Johnson, Menarini e Roche para o fornecimento de tiras de teste sanguíneo para diabetes a 22 hospitais públicos, denunciada pela Autoridade da Concorrência (AdC).
Segundo o JN existem provas documentais, como e-mails, que apontam para a realização de reuniões de responsáveis dos laboratórios condenados nas instalações da Apifarma para a concertação de preços.
Será que o ministro da saúde, António Correia de Campos, ainda vai negociar o acordo de congelamento de preços até 2009 com a Apifarma depois deste escândalo?
Pensamos não haver já condições.

4 Comments:

Blogger xavier said...

alegado envolvimento da Apifarma na concertação de preços de laboratório farmacêuticos no fornecimento de produtos para a diabetes aos hospitais é avançado esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios. De acordo com aquele órgão de informação, existem provas documentais que apontam para a realização de reuniões dos responsáveis dos laboratórios condenados pela Autoridade da Concorrência na sede da Apifarma.
Em declarações à agência Lusa a porta-voz da Apifarma negou que a associação «tenha sido notificada para responder perante alguma suspeição» e que nunca foi «indiciada para responder em algum processo ou perante alguma suspeição».
Diário Digital

12:56 da tarde  
Blogger helena said...

Que influência terá este episódio da Apifarma no relacionamento de CC com a ANF?

2:30 da tarde  
Blogger xavier said...

Comunicado da APIFARMA:

A Apifarma foi hoje confrontada com notícias referindo um suposto envolvimento da Associação no processo conduzido pela Autoridade da Concorrência e que incidiu sobre cinco empresas suas associadas da área dos meios de diagnóstico.

Estas notícias são totalmente infundadas e caluniosas, pelo que a Apifarma não deixará de tomar todas as medidas que a lei lhe confere na defesa do seu bom nome.

No âmbito deste processo, a Apifarma prestou toda a informação que lhe foi solicitada pela Autoridade de Concorrência.

A Apifarma não é, não foi nem nunca será responsável por políticas individualmente desenvolvidas pelas suas associadas.

Lamentamos igualmente a interpretação abusiva de que esta é uma prática corrente em todos os sectores e todas as empresas que a Apifarma representa, incluindo o dos meios de diagnóstico.

O respeito das leis de mercado é um dos nossos princípios basilares, que defendemos escrupulosamente, através de informações sistemáticas aos associados e de posições públicas claras.


Apifarma, 17 de Outubro de 2005

9:25 da manhã  
Blogger xavier said...

Luís Oriente said:

1. Não lhe parece que aquele apelo de Correia de Campos contra o cartel da ANF (4ª feira, à tarde, na A da R) era, afinal, apenas uma manobra para tentar esconder o cartel do cambão que a Autoridade da Concorrência estava a preparar para se denunciar? (Cheguei a enviar-lhe uma nota anunciando que esse processo estava a chegar ao fim).

2. É interessante pormo-nos a especular sobre se a Autoridade da Concorrência tinha já previsto comunicar o processo no dia em que o fez ou se o fez nessa data porque, de repente, a coisa chegou ao domínio público.

3. Manda verdade que se diga que não existe qualquer comparação entre o que se passou com os 5 laboratórios (hoje o Jornal de Negócios avança com o envolvimento da própria Apifarma) e com o que ocorre com as farmácias. Nas farmácias existe uma concertação de preços e de margens (agora restrita apenas aos medicamentos prescritos e comparticipados) porque tal resulta do próprio regime legal – tanto os preços como as margens são fixados pelo Governo – e não devido a qualquer combinação das farmácias, com ou sem ANF envolvida. Portanto, se a Autoridade da Concorrência não gosta do sistema terá de propor uma revisão do mesmo ao Governo – é o que irá fazer a partir de um estudo que encomendou a um departamento da Universidade Católica (Porto). Não estamos, portanto, perante qualquer ilegalidade.

4. Entretanto, o ministro inventou uma nova para atacar, como ele diz, “as farmácias ou quem as representa”. É que existiria um cartel na distribuição grossista porque, entre Alliance Boots (onde está a ANF) e cooperativas de farmacêuticos, “as farmácias ou quem as representa” controlariam 55% do mercado. Esta acusação só faz sentido para os MNSRM. Ora, neste caso, o que ocorreu foi que foram os próprios laboratórios que aumentaram os preços à saída da indústria (lembra-se que lhe enviei em tempos uma lista com os preços antigos e os preços que resultaram da liberalização?). Quanto às novas lojas de venda de MNSRM não se percebe como é que, se o alegado cartel das farmácias apenas representa 55% do mercado grossista, elas não conseguem abastecer-se nos outros 45% ou, mesmo, directamente na indústria. O merceeiro da minha rua não está à espera de nenhuma carrinha com produtos, vai comprá-los à Makro ou à Grula. As novas lojas podem fazer algo de semelhante em vez de “parasitarem” o sistema criado pelas farmácias. Porque não criam elas um sistema idêntico? Só nos falta ver o ministro vir em defesa de Belmiro de Azevedo e pedir à Autoridade da Concorrência para ajudar este grande comerciante a usar as cooperativas de farmacêuticos.
Luís Oriente

11:51 da manhã  

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