Plagiando Pinter
Jornalista: Senhor ministro, confirma o encerramento das maternidades do interior?
Ministro: Sim, confirmo.
Jornalista: Mas , senhor ministro ...
Ministro: Não há mas, nem meio mas. Encerram-se e pronto.
Jornalista: Mas, senhor ministro ...
Ministro: Já lhe disse. As mulheres terão de vir parir para as cidades.
Jornalista: Mas ...
Ministro: O SNS paga os transportes.
Jornalista: Táxi ?
Ministro: Táxi ? Com esta situação ? Você conhece o valor do défice?
Jornalista: Quanto ao aborto, senhor ministro ...
Ministro : Os abortos terão que ser feitos, custe o que custar.
Jornalista: Senhor ministro, mas os hospitais ...
Ministro: Eu conheço a situação. Os hospitais Públicos não cumprem a lei. Mas neste país quem é que cumpre a lei? Veja o caso dos impostos...
Jornalista: Mas senhor ministro, se os hospitais públicos não cumprem a lei e o senhor ministro não faz nada ...
Ministro: É uma questão cultural. Há que respeitar.
Jornalista: Mas senhor ministro, são os mesmos médicos que fazem os abortos nas privadas!
Ministro; Eu sei, eu sei. Se ao menos eu conseguisse assegurar o sigilo conseguia que me fizessem os abortos nos hospitais públicos. Talvez depois da criação de incentivos. É tudo uma questão cultural.
Jornalista: Mas, senhor ministro, até lá ...
Ministro: Até lá, vou contratar clínicas estrangeiras para fazer cumprir a lei.
Jornalista: Mas, senhor ministro, o défice público ...
Ministro: O défice ?
Jornalista: Sim, senhor ministro, o défice ...
Ministro: Ah, bom. Como sabe em 2006 vou ter um orçamento reforçado que me vai dar para algumas estravagâncias.
Ministro: Sim, confirmo.
Jornalista: Mas , senhor ministro ...
Ministro: Não há mas, nem meio mas. Encerram-se e pronto.
Jornalista: Mas, senhor ministro ...
Ministro: Já lhe disse. As mulheres terão de vir parir para as cidades.
Jornalista: Mas ...
Ministro: O SNS paga os transportes.
Jornalista: Táxi ?
Ministro: Táxi ? Com esta situação ? Você conhece o valor do défice?
Jornalista: Quanto ao aborto, senhor ministro ...
Ministro : Os abortos terão que ser feitos, custe o que custar.
Jornalista: Senhor ministro, mas os hospitais ...
Ministro: Eu conheço a situação. Os hospitais Públicos não cumprem a lei. Mas neste país quem é que cumpre a lei? Veja o caso dos impostos...
Jornalista: Mas senhor ministro, se os hospitais públicos não cumprem a lei e o senhor ministro não faz nada ...
Ministro: É uma questão cultural. Há que respeitar.
Jornalista: Mas senhor ministro, são os mesmos médicos que fazem os abortos nas privadas!
Ministro; Eu sei, eu sei. Se ao menos eu conseguisse assegurar o sigilo conseguia que me fizessem os abortos nos hospitais públicos. Talvez depois da criação de incentivos. É tudo uma questão cultural.
Jornalista: Mas, senhor ministro, até lá ...
Ministro: Até lá, vou contratar clínicas estrangeiras para fazer cumprir a lei.
Jornalista: Mas, senhor ministro, o défice público ...
Ministro: O défice ?
Jornalista: Sim, senhor ministro, o défice ...
Ministro: Ah, bom. Como sabe em 2006 vou ter um orçamento reforçado que me vai dar para algumas estravagâncias.
Jornalista: Estravagâncias ?
Ministro: Sim estravagâncias, como mandar todos os gestores hospitalares para a rua.
Jornalista: Os seus amigos ?
Ministro: Eu não tenho amigos !
Jornalista: E, a gestão dos hospitais ?
Ministro: Vou readmitir a rapaziada do Luís Filipe Pereira. Vai-me ficar caro, mas ... para que servem os orçamentos reforçados!
Jornalista: E, senhor ministro, o cambão dos laboratórios ?
Ministro: Não tenha pena dela. A ANF está a abarrotar de património. Temos de nacionalizar a ANF.
Jornalista: Mas senhor ministro, eu referia-me às associadas da Apifarma ...
Ministro: Depois da nacionalização, tenciono esvaziá-la, abri-la, comê-la. Comê-la não. Queria dizer, exportá-la para a Polónia.
Jornalista: E, senhor ministro, o cambão dos laboratórios ?
Ministro: Não tenha pena dela. A ANF está a abarrotar de património. Temos de nacionalizar a ANF.
Jornalista: Mas senhor ministro, eu referia-me às associadas da Apifarma ...
Ministro: Depois da nacionalização, tenciono esvaziá-la, abri-la, comê-la. Comê-la não. Queria dizer, exportá-la para a Polónia.
Conferência de Imprensa e outras aldrabices. Homenagem a Harold Pinter, nobel da literatura 2005.
Etiquetas: fun stories
5 Comments:
Diálogo hilariante e a propósito.
Parabéns
Bem conseguido. Não sei se MD vai achar piada pois o seu amigo CC tem vindo a ser um tanto mal tratado neste blogg o que não "é de esperar" sobretudo vindo de AH's.
Mas pelo que tem feito (e não tem feito) não merece melhor!
No dia 29 de Setembro fui um dos muitos convidados para o lançamento do livro de António Lares dos Santos com o título "60 minutos na vida de um médico".
O seu autor aborda, entre outras questões interessantes o problema dos custos hospitalares e da manutenção da vida. Como refere o prefácio, o autor "dramatiza a problemática da vida, na sua fronteira com a morte, e a questão da dimensão espiritual da pessoa humana e do seu inerente direito à vida...".
Fala-nos da vida de um médico - Armando - e a terminar relata o sonho desse "médico especialista do Serviço de Medicina Intensiva de um Hospital S. A. algarvio" que na véspera do seu aniversário tem um sonho que dura 60 minutos. "Um sonho em que um espírito rigoroso esgrime os seus valores profissionais, humanos, morais e éticos contra o economicismo puro e duro, que o impele a desligar a máquina a uma idosa que teima em querer viver".
Interesantes,sem dúvida as seguintes passagens: "'O Doutor Americano'... foi dizendo: Armando, você deixou-se envolver emocionalmente no caso da Dona Maria. Ela tem 85 anos, apesar de manter uma cabeça muito lúcida. Não podemos tê-la toda a vida, aqui internada. "...Está cá há quarenta e cinco dias...como sabe já tivemos de enviar pacientes para Cuidados Intensivos no outro Hospital...". "O Doutor Glória já falou com os filhos da senhora sensibilizando-os para que deviam autorizar a sedá-la mais fortemente, para não sofrer e ir-se desligando os aparelhos de apoio. Despedir-se-ia, sem sofrimento."
" E você, seu administrador de números. Quando a sua mãe, em férias, adoeceu com alguma gravidade e ficou cá internada, teve pressa em mandá-la embora? Esteve, pelo menos, mais cinco ou seis dias do que os clinicamente necessários." "Naquela altura olhou a sua 'Conta Exploração'?"
O tema não deixa de ser actual e por isso aqui o trago.
E traz-me à memória a opinião de uma "técnica" (?) de uma empresa de consultoria (muito solicitada pela U.Missão e por HH's SA's ) que, entre outras medidas, sugeria que quem não tivesse dinheiro para pagar taxas moderadoras, devia deixar, por exemplo, o relógio como garantia!
Espantoso, sem dúvidas!
Glosando o Pinter seria mais correcto.
Parabéns. Também pela vitória dio Benfica.
O Xavier é candidato ao Nobel dos Blogs.
Depois do Editorial do MD a inspiração do Xavier aumentou.
Parabéns.
Enviar um comentário
<< Home