domingo, novembro 20

As Reformas do Governo


Eufurecido o Governo ataca

Embora eu não seja um particular admirador das crónicas do António Barreto, ainda assim não resisto a chamar a atenção para a sua crónica de hoje no Público, até por que vem de encontro a muitos dos comentários que aqui foram ventilados neste blogg ao longo da semana passada. António Barreto refere:
-Foi uma semana negra de informações preparadas para fomentar a cólera;
-São as péssimas informações sobre o estado da nossa economia, são os juízes que estão de baixa e deixam acumular os processos, são os professores que faltaram milhões de aulas e deixam os alunos ao abandono, são os médicos que abundam pelos hospitais mas deixam os doentes sem tratamento, sem serem operados, sem assistência, são os militares e os polícias que têm privilégios a mais e deles não querem abdicar.
-«Nunca tanta informação sobre os desastres da Administração e dos serviços públicos esteve tão disponível. Verdadeiras ou manipuladas, estas informações têm intenção: são colocadas na praça para justificar a acção dos governantes, sensibilizar a opinião, provocar a cólera dos cidadãos e definir os bodes expiatórios para as medidas que se preparam. Sem que seja recordado que a maior parte destas situações anómalas são da responsabilidade de governantes demagógicos e fracos»

Na mouche, António Barreto! Nunca estive tão de acordo consigo, como aqui deixei dito em alguns dos meus comentários. E reafirmo novamente o seguinte: o Governo está brincar com o fogo. Tal qual aprendiz de feiticeiro. Em especial quando «provocam a cólera» contra as forças armadas, os polícias, os juízes, os professores, os médicos, os funcionários públicos, ou seja, contra os sectores da sociedade, afinal, mais directamente responsáveis e envolvidos na socialização dos portugueses (das crianças, dos jovens, dos adultos). O resultado desta campanha do Governo vai ser o rastilho que faltava à sociedade portuguesa para a anomia social. Voltamos a Durkheim, voltamos a Darhendorf. #

#Émile Durkheim cunhou, há um século, o termo «anomia», no sentido de suicídio, suicídio colectivo.
Vivóporto

Meu Caro Bibóporto:

É por isso que o Mundo não vira - não vamos todos ao mesmo tempo para o mesmo lado.
Ora convergimos, ora divergimos.
Ora concordo totalmente consigo - e com o delicioso estilo -, ora me sinto na obrigação moral de manifestar determinadamente a minha discordância (para não utilizar termos que o meu amigo não merece).

Então concorda com António Barreto? Eu não ou eu também!
Eu não: se a crítica é ao Governo querendo dizer que mais valia não mexer em nada para não incomodar ou mesmo que o povo é estúpido e o melhor é continuar na ignorância de nada saber, julgar que tudo está bem e criticar os Governos que "incomodam" - já não me lembro quem disse "Se soubessem o que custa Governar, preferiam obedecer".
Eu sim: se este artigo for entendido como uma autocrítica de quem concorda que há erros do passado da responsabilidade de governantes demagógicos e fracos, e bem de quem foi governante e que ao acusar o actual Governo de procurar corrigir, se mostra demagógico e fraco.

E o meu caro Bibóporto acha bem que os militares ao fim de 20 anos de serviço possam passar à reserva voluntária, trabalhar no sector privado como o comum dos mortais e acumular o seu vencimento normal com o salário que tinham pago pelas forças armadas para todo o sempre?
Acha de justiça que não haja possibilidade de aumentar o salário mínimo em 5 contos por mês e todos os generais, almirantes, e demais que são ex-combatentes acumulem aos seus rendimentos de largas centenas de contos mais 3 contitos por mês dados (ou melhor, prometidos) pelo ex-Ministro Paulo Portas?
Acha correcto que os filhos bastardos, as ex-mulheres e ex-maridos, pais, mães, sogros e sogras dos polícias tenham todos os medicamentos comparticipados a 100%, sejam comparticipados nas consultas sem limite de número mensal ou de preço e que nem um cêntimo descontem para isso - para não falar do acesso ao SNS que é universal, dos hospitais, clínicas e postos médicos específicos para esta actividade exigente e de risco ou dos médicos e outros profissionais de saúde avençados para todas as esquadras (sem se saber quem são, quem avençou, quanto ganham, o que fazem...)
Acha admissível que os juízes recebam subsídio de renda quando na maior parte das vezes residem onde trabalham, outras vezes trabalham fora mas recusam ir para apartamentos que o Ministério da Justiça tem desabitados e reservados para este fim ou ainda quando um casal de juízes recebe dois subsídios de renda - é que assim fazem aumentar a reforma -; que os juízes sejam os mais bem pagos (os em início e os em final de carreira) de toda a europa (e por larga distância) quando comparado o seu rendimento com o rendimento médio dos países e a justiça esteja como está com processos a chegar ao final e a serem anulados pois logo no início alguém meteu a "pata na poça"?
Acha razoável 7,5 milhões de aulas por dar, centenas de milhares de horários zero, de destacamentos para milhentas entidades - na saúde gasta-se muito mas há resultados, na educação tamvém se gasta de forma crescente mas, atingido o objectivo primeiro da democratização do acesso, começa a não se perceber para quê!
Acha perfeito o mundo dos médicos? A sua distribuição geográfica, a sua distribuição por especialidades face às necessidades futuras mais que evidentes, a acumulação de horas extraordinárias, os turnos sobre turnos a dormir nos cantos (ainda se fala do perigo dos camionistas de longo curso fazerem muitas horas seguidas!)
E a isto não acrescem os funcionários públicos, visto todos estes serem funcionários públicos. Há outros, mas são a minoria - são os que não são corpos especiais. Em Portugal a excepção é a regra.
E a ruptura da segurança social prevista para 2015, não lhe diz nada?

É verdade que a culpa não é (toda) destas pessoas. A culpa é de todos nós (também, que não exclusva, dos políticos). Quando alguns no passado deram: palmas e louvores. Quando alguns no presente procuram corrigir em nome da sustentabilidade dos sistemas: urros e solidariedades incompreensíveis (como incompreensível é a crítica a quem corrige, colorida com a crítica retrospectiva a quem exagerou).

Só para reflexão a mensagem (subliminar) mais grave do texto em análise - com entoação brasileira vai melhor

vai, me engana que eu gosto!
Avelino

6 Comments:

Blogger helena said...

Vai, me engana que eu gosto aconteceu pela última vez nas últimas legislativas.
Saiu-nos uma couve flor como primeiro ministro.
Após a eleição de Cavaco o povo português bem pode pensar em fazer um novo 25 de Abril.
Vão ser mais 50 anos de ditadura do liberalismo.

11:36 da manhã  
Blogger xavier said...

A pedido de bárias famílias bou deixar de traduzir os textos do Abelino.
Não porque dê travalho como o caraças, mas porque lhe retira, segundos os criticos, autenticidade.
E bai um abraço para o Abelino.

5:45 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Gospto de BOM PORTUGUÊS...
Sinceramente o digo: acho que este blogg é um espaço sério de debate, mesmo quando possamos discordar um dos outros de forma mais acalorada.
Nos meus primeiros passos de comentador do blogg tive ocasião de manifestar discordância da forma como o Avelino escreve, e talvez o tenha feito de forma um tanto irreverente. É tempo de me penitenciar!
Sou do norte, portista, e até fiz os meus estudos no Porto, que ainda hoje é a "minha cidade". Talvez por isso não me agrada o que pode parecer "chacota" à pronúncia do norte. Mas há uma coisa que eu sei: a pronúncia do norte não corresponde à grafia. As pessoas do norte escrevem português tão correctamente quanto as de outras regiões do País (salvaguardada a correspondente formação académica). Por isso e porque a Língua Portuguesa me merece o maior respeito, não concordo com a grafia usada pelo Avelino.
É que nem sequer estamos perante uma forma de estilo literário!
O Avelino não escreve com erros; deturpa, intencionalmente, a grafia e isso, sinceramente, irrita-me.

10:03 da tarde  
Blogger xavier said...

O Avelino é um velho camarada destas andanças da Blogosfera.
Reconhi à pouco ao acaso um dos seus trabalhos nos "Estados da Nação":

E o Menezes, carago !
E assim foi mais uma tarde animada na Residência Oficial do nosso Primeiro.

As cadeiras no centro do salom, Ministros e conbidados encostados à parede e ... zás, começa a música a tocar e a malta a correr !

Santana dibertidíssimo acelereraba a música até que ... parou !

Entre encontrons e cotobeladas lá se foram sentando. A malta doPorto, mais organizada, somou às já conquistadas Secretarias de Estado para Marco António e Jorge Neto os Assuntos Parlamentares para Montalbom Machado !
O povre do Menezes tropeçou no "bice-presidente" (e árvitro da vrincadeira) Rui Rio e ficou de fora !

Nom se faz ! O homem a fazer-se e fica de fora !

A escolha, balha a berdade, foi tom criteriosa como tem sido a acçom do Goberno.
O resultado, injusto !

E assim se fez mais uma remodelaçom, nom no Goberno mas na parte do Goberno do PPD/PSD, porque na malta do PP nunca tocou o Durom e nom toca o Santana.

Bib'ó Porto ! E para o Menezes nom bai nada, nada, nada ?
posted by AVELINO, quarta feira 24 novembro 2004

11:14 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:34 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Avelino
O estudo nos cafés da Invicta e a vida académica moldaram em muito, também, esta minha forma de ser. E quem não tem saudades do café "Piolho", do Café Diplomata, da casa Zé de Braga, do café Estrela d' Ouro, da Adega Papagaio, e tantos outros (alguns já desaparecidos)?!.
E das serenatas às colegas das residências universitárias femininas?! E das sessões de cinema no Velho Carlos Alberto e no Batalha?!
E o recordar da entrada da polícia no edifício da Faculdade de Ciência/Reitoria (Praça dos Leões)perseguindo estudantes em greve!
Deixem-me que aqui deixe, a propósito dessa invasão, uma pequeníssima passagem dos jograis do então OUP e que a certa altura dizia: só não nos cabe cá na tóla...que entre na Universidade quem nunca andou na Escola!
Como vê,(ou não deixará de admitir) Avelino, tenho boas razões para falar de Norte-"haferes"!

2:02 da tarde  

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