sábado, novembro 19

Estudo da DGS

Dum colega AH do Norte recebi por email o comentário seguinte ao Estudo da DGS:

Remeto um comentário para a Saúde Sã....
«Não querendo ser apenas negativo não posso deixar de referir que o estudo publicado no site da DGS revela alguma falta de atenção e vários lapsos (fruto porventura da escassez de recursos disponíveis) os quais prejudicam a sua utilidade.

1)- Falta de atenção, veja-se por exemplo:
a)- 1ª linha da pág 3: "... pretende avaliar o stock de capital existente..."; e depois na 1ª linha da pág 4: "... proceder a uma avaliação dos hospitais EPE e SPA numa perspectiva de gestão e da qualidade...";
b)- Fim do 2º parágrafo da pág 3: "... tomou em consideração... quer indicadores de qualidade, subjectivos,..."; depois não no fim o 4º parágrafo da mesma pág;
c)- A ausência de referência aos problemas esperados da informação disponível que pode afectar as conclusões do estudo:
i)- Se um hospital estiver a internar doentes que deviam ser considerados Cir. Ambulatória ou H. Dia de Quimioterapia como isso afecta a classificação?
ii)- Idem quanto a diferente % de transferências face à média dos hospitais semelhantes? idem quanto a omitir/desvalorizar aspectos negativos (ex. dias internamento devidos a infecções)?
iii)- Será que os doentes saídos são homogéneos quanto a: % doentes abaixo do limiar inferior (ou % mortes); % doentes saídos c/ demora média zero, 1 e 2 dias;

2)- Lapsos contidos no estudo:
a)- Utilização do ICM
i) Deveria começar por questionar-se o valor do ICM (é internamento? é Internamento+ CA+ RN?): HH do grupo 1 têm maiores ICM que os do grupos II e III? O HS Marcos (0,9977) tem menor ICM que o de Espinho (1,1115)?
ii)- Corrigir todas as actividades clínicas c/ ICM? (o H Dia Quimioterapia do Hospital X não é mais diferenciado que o do Y só porque aquele tem neurocirurgia ou cirurgia cardíaca);
iii)- Corrigir também a alimentação e a roupa pelo ICM??
b)- Contas no ex. do H. Anadia estão erradas no internamento (é 24,98 e não 66,8);
c)- Sendo a despesa apresentada nas secções principais o total (isto é inclui as secções auxiliares e administrativas, como também os medicamentos) então considerar à parte novamente as secções auxiliares e os medicamentos das S. principais é considerar em duplicado o seu efeito na classificação (independentemente da ponderação);
d)- Os ponderadores assim como os valores médios usados na classificação deveriam ser os de cada grupo de hospitais (até porque o que se pretende é comparar os hospitais dentro do grupo cf. página 2) - de facto não foi isso que se fez (o mesmo ponderador e valor médio para todos HH);
e)- Avaliação da qualidade e global:
i)- Não parece razoável defender que: em eficiência menor custo é sempre melhor (quem não der medicamentos aos doentes seria o"maior"); em qualidade a > % de CA ou a < % cesarianas é sempre melhor (há um ponto a partir do qual deixa de o ser...); ii)- Usam-se apenas 3 indicadores de qualidade sendo que 1 é raro (% DI por infecção) o que pode ser perigoso; usar a média aritmética simples com 2 indicadores de qualidade apenas (ou 3) e "n" de eficiência não parece também a melhor opção; classificar com base na média, também não parece a melhor opção. Nos resultados achei curiosa a qualidade de:
a)- Alcobaça (1º com 5,1) e do Montijo (255,8??). Olhando para os valores dos 2 únicos indicadores vemos que em Alcobaça não há infecções (?) e tem 50% de CA; Montijo tem 0,46% de DI devidos a infecções e não tem CA ...;
b)- S. Sebastião (93,2), Guimarães (170,4) e Cascais (67,1 a maior qualidade no grupo!):
i)- Guimarães distingue-se de Cascais apenas porque não tem CA;
ii)- S Sebastião tem melhor % Cesarianas e de DI devidos a infecção que Cascais mas como tem < % CA....
SemMisericórdia

3 Comments:

Blogger tonitosa said...

Ainda não me foi possível ler o estudo até final.
No entanto, como referi oportunamente, em comentário que aqui vou reproduzir parcialmente, parece-me que os dados de que se partiu para a análise não são adequados na compração entre os modelos de gestão SA's(EPE'S) versus SPA's.
Surge neste post uma avaliação fundamentada e crítica á falta de rigor deste trabalho que nos causa ainda mais surpresa.
É de lamentar que tal possa ter acontecido pois trata-se de matéria de grannde relevo no contexto das reformas em curso na área da Saúde. E maior rigor deveria ter havido por se tratar de um estudo realizado pela DGS. Se não havia condições para um trabalho mais profundo então não deveria ter-se efectuado. E há outras formas de se ganhar protagonismo!
No que me diz respeito, relembro o que escrevi sobre este assunto:
"... o que se pretende comparar não sáo os HH EPE's (que ainda não eram e não são) com os SPA's, mas sim os HH SA's com os SPA's (lapso do estudo, concerteza).
Pretende, disse eu, porque efectivamente tal comparação não passa de uma pretensão. Com efeito, se o estudo é baseado em dados da contabilidade analítica de 2003 (como é referido) quaisquer conclusões que dele se retirem não podem ser levadas a sério, em termos de se poder dizer qual dos modelos de gestão é melhor sob o ponto de vista da eficiência e da qualidade.
...
Depois a contabilidade analítica dos diversos hospitais nem sequer era fiável (e infelizmente ainda não o é) não passando de um registo meramente indicativo e sem quaisquer princípios de rigor e uniformidade. E como é possível falar-se de avaliação de um novo modelo de gestão com base num único ano económico?!
...estou com MD quando diz que os efeitos da empresarialização só serão visíveis no médio prazo (entre cinco a dez anos).
...".
Felicito o autor desta análise.

1:39 da manhã  
Blogger Clara said...

Aqui está um trabalho de análise profundo e sério que é de louvar, feito por um AH muito competente nestas matérias.

Era bom que os autores aproveitassem este contributo para proceder às necessárias correcções e tonarem útil o referido estudo.
Parabéns ao autor deste trabalho de análise.

11:41 da manhã  
Blogger helena said...

Mas então este grupo de trabalho não teve o cuidado de rever o estudo para eliminar pelo menos os erros mais grosseiros.
E que pelos vistos são muitos.

CC, por certo, já avisado sobre o que a casa gasta, mostrou-se reticente. a princípio, em admitir a existência do estudo da DGS.

Será que os estudo ainda é susceptível de ser recauchutado e recuperar a credibilidade comprometida ?

Penso que será uma tarefa difícil.!

10:13 da tarde  

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