Urgências Hospitalares
Nas urgências está o grande busílis da organização hospitalar
Os SU absorvem por lei 12 horas do trabalho normal de um médico e, em regra, mais 12 horas de trabalho extraordinário, dado que as urgências em geral estão organizadas por períodos de 24 horas. Se um médico estiver em horário normal, 35 horas, significa que retirando 12 para a Urgência apenas ficam 23 horas para tudo o resto: Consultas, visitas médicas, reuniões de serviço, Bloco Operatório. Sucede além disso que os horários médicos, por razões a maior parte das vezes não imputáveis aos médicos nem às Administrações, organizam-se normalmente quase só no período da manhã, «fechando» os hospitais a sua actividade no período da tarde. Isto faz com que de manhã os médicos se acotovelem, em regra, em instalações exíguas e insuficientes, durante a manhã. Deve concluir-se deste breve relato que a grande ineficiência do trabalho médico decorre em grande parte da má organização do trabalho médico, a qual ou resulta de imperativos legais ou de medidas impostas ou impedidas pela tutela. Sucede assim que talvez a maior quota parte da responsabilidade do elevado desperdício de recursos médicos neste país se deve não aos médicos eles próprios nerm às administrações hospitalares mas sim à inércia, à incompetência e ao desmazelo dos sucessivos Ministros da Saúde que nada têm feito para alterar a situação podendo e devendo fazê-lo.Medidas?
Reorganizar as Urgências hospitalares.
Criar quadros de Urgência, dotá-los de médicos «intensivistas» (especialistas em urgências) a trabalhar em full-time nas Urgências (com organização do trabalho e dos tempos de trabalho que salvaguardem a segurança e a saúde dos médicos, bem como a qualidade dos actos médicos)
Os SU deviam ter uma larga autonomia de gestão nomeadamente para poderem contratar médicos ao «Hospital», fora do horário normal destes médicos.
Os médicos «do Hospital» deviam ser obrigados a cumprir o seu horário integralmente nos serviços e só poderiam fazer horas na urgência fora desse horário, como prestadores de serviços, como se estivessem a vir de fora. Para isso é preciso mexer nas leis. O que compete ao Ministro fazê-lo.
Muitas outras medidas poderiam ser adoptadas. Compete contudo ao Ministro tomar a iniciativa. Não é com «bocas» que estas coisas se fazem. É com imaginação, com diálogo, com respeito pelas diversas vontades que existem nos hospitais, que quer queiramos quer não são vontades muito esclarecidas, muito qualificadas, que suaram muito para serem médicos e serem bons profissionais e que seguramente não gostam, como eu não gosto, de serem tratados abaixo de cão.
Vivóporto
Reorganizar as Urgências hospitalares.
Criar quadros de Urgência, dotá-los de médicos «intensivistas» (especialistas em urgências) a trabalhar em full-time nas Urgências (com organização do trabalho e dos tempos de trabalho que salvaguardem a segurança e a saúde dos médicos, bem como a qualidade dos actos médicos)
Os SU deviam ter uma larga autonomia de gestão nomeadamente para poderem contratar médicos ao «Hospital», fora do horário normal destes médicos.
Os médicos «do Hospital» deviam ser obrigados a cumprir o seu horário integralmente nos serviços e só poderiam fazer horas na urgência fora desse horário, como prestadores de serviços, como se estivessem a vir de fora. Para isso é preciso mexer nas leis. O que compete ao Ministro fazê-lo.
Muitas outras medidas poderiam ser adoptadas. Compete contudo ao Ministro tomar a iniciativa. Não é com «bocas» que estas coisas se fazem. É com imaginação, com diálogo, com respeito pelas diversas vontades que existem nos hospitais, que quer queiramos quer não são vontades muito esclarecidas, muito qualificadas, que suaram muito para serem médicos e serem bons profissionais e que seguramente não gostam, como eu não gosto, de serem tratados abaixo de cão.
Vivóporto
Etiquetas: Vivóporto
2 Comments:
Na verdade as urgências surgem como o Calcanhar de Aquiles do nosso sistema de saúde! Desde logo porque os SU são a porta de entrada da generalidade dos doentes e é nesse primeiro atendimento que se geram os principais descontentamentos dos cidadãos, que muitas vezes têm que esperar horas para serem atendidos. A principal questão que se coloca aos SU's, em meu entender, não é porém a de falta de recursos. O principal problema tem a ver com questões de organização dos serviços, associada muitas vezes ao funcionamento em espaços exíguos e sobretudo inadequados. Depois há claros interesses profissionais, sobretudo nos grupos de médicos mais jovens e menos solicitados por consultórios particulares, pois é do trabalho em Urgência que lhes advém um atraente complemento remuneratório. Em parte é isto que leva a que nem sempre as equipas de urgência sejam as mais ajustadas às necessidades em determinadas especialidades.
Ao mesmo tempo, as primeiras 12 horas de trabalho prestadas em urgência, permitem aos mais experientes libertar horas para actividades fora do hospital. Esta, a meu ver, é uma das razões pelas quais o trabalho dos médicos nos hopitais se concentra sobretudo no período da manhã.
Se como sugere o Vivóporto, as 35 horas semanais fôssem prestadas integralmente no serviço, isso permitiria reduzir as tão famosas listas de espera, e estou convicto de que o número de médicos poderia também ser reduzido.
Mas não tem sido muito atraente para os médicos o trabalho em "equipas fixas" na Urgência e também sob o ponto de vista profissional me parece que se torna necessário que os mesmos trabalhem com doentes em internamento.
Penso também que no contexto actual, a prestação de todo o trabalho em Urgência fora do Horario das 35 horas teria como resultado uma carga horária semanal de 47 ou 59 horas, com manifesta sobrecarga para os médicos. Haveria, então que recorrer a médicos não vinculados ao próprio hospital (o que aliás já se verifica) solução que, por enquanto, se tem mostrado de difícil concretização.
A minha observação da realidade leva-me a concluir que a forma de organização dos serviços hopitalares a que se chegou foi resultante da procura de soluções onde os verdadeiros interesses dos doentes foram frequentemente relegados. Hoje porém, vão surgindo indicadores de que as coisas estão a mudar. Alguns hospitais têm já horários alargados de consultas, com muita dificuldade alguns médicos vão aceitando que a designada "urgência interna" possa ser assegurada pelos médicos dos SU, vão aparecendo excelentes exemplos de procura de melhoria no aproveitamento dos blocos operatórios,etc.. Mas as dificuldades existem e, em meu entender, só uma verdeira mobilização de esforços de todos (governantes, gestores, médicos e demais profissionais de saúde e sem esquecer os restantes trabalhadores) poderá permitir uma adequada reforma da gestão hospitalar. E não será pelo apontar o dedo a este ou àquele grupo profissional, nem pela procura de "expedientes opulistas" que se conseguirá uma urgente e adequada melhoria do nosso sistema de saúde.
As soluções são necesariamente complicadas mas, por isso mesmo, devem ser tentadas com bom senso e boa-fé. E que todos se sintam responsáveis.
"Expedientes populistas e não opulistas, como é obvio.
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