quarta-feira, novembro 2

Gripe das Aves


Gestão Hospitalar (GH): Como é que está a prevenção da gripe das aves ?
Francisco Antunes (FA): Portugal tem acompanhado as medidas dos outros países, tendo em conta que a vacina, a prevenção, não existe. Deposita-se alguma esperança na eficácia de um tratamento precoce, um a dois dias após o início dos sintomas.
Temos é de considerar que estrutura vai ser usada para que sejam diagnosticados precocemente os casos, sejam confirmados pelos laboratórios adequados e que haja o acesso fácil das pessoas ao SNS. Uma coisa é dizer que estamos preparados, temos armas para combater mas onde estão os soldados, onde estão os aquartelamentos, as defesas estruturais ?
Temos de considerar que a eficácia de uma terapêutica tem de assentar numa estrutura funcional à qual as pessoas infectadas e as pessoas em risco possam ter acesso fácil.

GH: Portugal corre perigo ou é só alarmismo ?
FA: Há alertas em que será desencadeado um processo em que seremos antecipadamente avisados de que vai ocorrer essa epidemia e que passaremos a estar em perigo. Não é como uma bomba invisível que vai aqui cair, vai haver sinais.
Vão morrer pessoas, isso está fora de causa ! As mais fracas fisicamente, as que vivem em sítios isolados ... Mas vão morrer mais ou menos dependendo da preparação. É esta a linha entre a vida e a morte, entre a morte de milhões ou de centenas. A preparação e um sistema de saúde que tem de ser montado de forma a que as coisas funcionem com algum critério e que o sistema esteja já montado para quando for necessário.

GH: O Governo já distribuiu os vários cenários de crise aos hospitais públicos. Estes estão preparados para a crise?
FA: Não é a capacidade de resposta dos hospitais públicos. Os hospitais têm de ser preparados do ponto de vista estrutural para terem essa resposta. Desde que esse planeamento seja feito de forma antecipada, ordenada, cientificamente válida, os hospitais passam a ter uma capacidade de resposta igual à de qualquer outro que exista. É preciso é que as pessoas sejam treinadas para essa situação.
Entrevista de Francisco Antunes, Director do Serviço de Doenças Infecciosas, Hospital de Santa Maria, à Gestão Hospitalar. Outubro 2005.

1 Comments:

Blogger ricardo said...

O Director Geral FG diz que está tudo pronto para enfrentar a pandemia. Tudo nos trinques.
O Director do Serviço de Infecciologia do Hospital de Santa Maria diz que não há a organização, o treino, os soldados e os aquartelamentos.
Em que ficamos?

1:13 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home