terça-feira, dezembro 13

3.ª Vaga de PPP em preparação

Part one:
A notícia faz manchete na edição desta terça-feira do DE que, citando fonte do Ministério da Saúde, refere que o Governo está a preparar o encerramento, até ao final da legislatura, em 2009, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental ( Desterro, Capuchos e São José), substituídos por três hospitais PPP (Loures, Margem Sul e zona Oriental de Lisboa).
Part two:
Em declarações à rádio Renascença, o gabinete do ministro fez saber que o encerramento é apenas uma hipótese que está a ser estudada há muito tempo.
A decisão deverá ser tomada com base no estudo que está a ser feito pela estrutura de missão das parcerias público-privadas na área da saúde, a ser apresentado em breve.
diário digital, 13.12.05
Comentário:
Depois dos rumores de encerramento do Hospital Miguel Bombarda, parece haver uma política consistente(?) de acabar com as unidades hospitalares nesta zona da cidade. Haverá planos para a revitalizar ou isso é um assunto para se pensar depois? Vamos ter mais um bairro residencial, sem outro movimento que a entrada de residentes de manhã e o regresso à noite ? E a Faculdade de Ciências Médicas, fica sem hospitais perto para os estudantes de medicina fazerem a sua formação clínica? Ou será mais um argumento para fechar a faculdade e instalá-la na Caparica?
Lamento que se governe desta maneira: atiram-se "notícias" para o ar e espera-se pela reacção das corporações, das autarquias e dos cidadãos para avaliar a (im)popularidade das medidas.
Por fim: cheira-me a mega-negócio de especulação imobiliária: as áreas dos 3 hospitais e da faculdade de medicina darão belíssimos condomínios fechados; até se pode aproveitar os muros dos hospitais e deixar ficar as cancelas para controlo das entradas.
Luís Cardoso, DE, 13.12.05

10 Comments:

Blogger xavier said...

Barómetro DE:
O ministro dasaúde propõe-se reorganizar a oferta hospitalar de Lisboa.
Uma intenção saudável de modernizar os mais ineficientes hospitais da capital, que terá agora o desafio de a conjugar com a manutenção de um livre e efectivo acesso à Saúde.
DE n.º 3776,13.12.05

10:58 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Ao ritmo que tem caracterizado o processo do Hospital de Loures, no final do século XXI teremos certamente este objectivo concretizado.
E afinal com tantos investimentos anunciados pelo Governo, na saúde como noutras áreas (investigação na saúde, equipamento para as forças de segurança, modernização das cadeias, choque tecnológico, TGV e OTA, etc.), não consigo perceber por que razões temos que pagar mais impostos. Somos um país a nadar em dinheiro. Não faltam milhares e milhares e milhares de milhões de euros a entrarem-nos todos os dias pela porta dentro, nos grandes projectos de Investimento.

11:45 da tarde  
Blogger saudepe said...

E os milhões das Scuts

11:50 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Caro Saudepe,
Pois são só mais uns milhares de milhões!
Aproveito para dizer que li os seus comentários a meu respeito. Tenho procurado contribuir a meu modo, com o que sei por experiência própria e sobretudo procurando discorrer racionalmente sobre os temas tratados. Não sou AH mas como Economista, pos-graduado em Economia Europeia e Mestre em Administração, a que se associa muito amor e empenho sempre dedicado à Função Pública, é para mim uma oportunidade também aprender com os vários comentários (muitos com elevado rigor técnico - na minha modesta capacidade de avaliação) colocados neste blogg.
Um abraço

12:12 da manhã  
Blogger ricardo said...

A substituição dos velhos hospitais de Lisboa, nomeadamente o velho grupo HCL é um velho projecto que terá de ser muito bem estudado.

Segundo o DE estarão na calha para abater S. José, Capuchos, Desterro, Santa Marta, Estafânia e Miguel Bombarda.
Safa-se o Curry Cabral.

Este pacote incluirá a Faculdade de Ciências Médicas ?

Este mega projecto terá de ser articulado com o plano urbanístico da cidade de Lisboa paraestudar o melhor destino a dar às instalações dos velhos hospitais.

O Estado poderá dispor ou não livremente deste património.
É que há muito património que é doado ao Estado com claúsula de indisponibilidade que não seja o objectivo social a que o doador quis consignar a propriedade.

Seja qual for a situação há que precaver este projecto da especulação imobiliária e aproveitar a oportunidade para trazer à cidade de Lisboa projectos urbanísticos de qualidade.

No RU, na cidade de Londres, renovaram os velhos hospitais deixando algumas unidades no miolo da cidade.

CC, segundo parece, quer varrer todos os hospitais para a periferia.
Durante as horas de trabalho os cidadãos não estão nos dormitórios da periferia mas sim no centro da cidade. E ninguém escolhe ficar doente quando vai para casa.

CC deverá promover um debate público sobre este projecto de requalificação da oferta hospitalar da cidade de Lisboa do qual poderão resultar algumas boas ideias.

Que tudo não se resuma a mais um maná para os empresários privados como parece estar a acontecer com o TGV.
E o Zé contribuinte a pagar.

9:30 da manhã  
Blogger xavier said...

O Bloco de Esquerda (BE), em comunicado, lamenta que o anúncio seja feito "sem se conhecerem as prioridade do Ministério da Saúde para a modernização e requalificação da rede hospitalar e a sua articulação com os sistemas locais de saúde".
JP 14.12.05

9:46 da manhã  
Blogger xavier said...

Saúde decide bem
Editorial DE
Martim Avillez Figueiredo

A notícia é surpreendente: três hospitais de Lisboa vão fechar portas.
Surpreendente pela positiva. Demonstra coragem política, determinação para concretizar as medidas que fazem falta ao país e, talvez mais importante, consciência social.
Primeiro: a coragem política. Fecham três hospitais, todos grandes e situados em Lisboa. A contestação social (violenta) já se anuncia: todos quantos usam o Hospital dos Capuchos, de São José e do Desterro vão queixar-se de que lhes retiram direitos fundamentais. Acontece que a determinação do ministro é sustentada em estudos. Assinados por especialistas, claro. É verdade: para qualquer estudo pode produzir-se um contra-estudo. Pode. Mas o papel de um político sério é ouvir especialistas e aceitar ou recusar as suas recomendações técnicas – ou seja, o sim ou o não tornam-se uma decisão política, e é preciso coragem para executá-la. Correia de Campos parece tê-la.
Segundo: determinação para fazer o que o país precisa. A frase é propositada: “o que o país precisa”, e não o que a saúde precisa. É que este editorial não pretende defender a decisão dos técnicos, mas antes a determinação do político. E essa parece simples: se existem três hospitais numa mesma zona de Lisboa (a Almirante Reis), e estudos rigorosos indicam que podem ser fechados sem perigos para a saúde pública, fecham-se. E disso o país precisa: decisões que cortem com os excessos do Estado paternalista – a quem tudo se exige mas nada se dá – e que introduzam racionalidade nas decisões políticas – porque o dinheiro do Estado não chega para tudo.
Terceiro: consciência social. A saúde é um bem público que merece ser preservado – justamente na sua vertente pública. Ora, os habitantes da Lisboa antiga largaram as suas casas e os seus filhos moram agora nas periferias: margem Sul (Almada, Alcochete...) zona oriental (Expo, Olivais, Moscavide...) e zona Norte (Lumiar, Odivelas, Loures...) – justamente as localizações dos novos hospitais. E não é segredo que essa velha Lisboa, quando requalificada, não vai atrair lisboetas de baixo rendimento. Vai chamar os mais ricos. Que podem pagar, se não o total, grande parte dos seus gastos com saúde. Tudo perfeito, portanto?
Há uma ponta solta: o Governo tem obrigação de introduzir o ‘opting out’ na saúde. Isto é, de dar liberdade (a quem quer) para saltar fora do sistema nacional de Saúde – podendo assim aplicar a fatia correspondente de impostos num qualquer sistema privado.
E com essa medida poderia dizer-se, já hoje, que se percebe que o futuro vai trazer um Portugal melhor.

10:05 da manhã  
Blogger ricardo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10:29 da manhã  
Blogger ricardo said...

Este Avillez é um neoliberal feito à pressa que fala e escreve do que não sabe.
Se sabe escreve de má fé.(ACS dixit).
Se todos os que podem pagar optarem por sair, ficam apenas os pobres a contribuir para o sistema tornando-o ainda mais inviável.
Foi o que sucedeu no Brasil onde há um SNS muito idêntico ao nosso (no papel) mas falido.
Aqui temos um exemplo de um jornalista que atingiu o topo a escrever bacoradas destas.

2:03 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Estou baralhado! Peço esclarecimentos!
Se o encerramento dos Hospitais referidos, que são públicos, merece o nosso aplauso; se os mesmos serão substituídos por hospitais a construir em PPP; então muitos que defendem o encerramento estão afinal a apoiar a "privatização" da Saúde.
Privatização que no seu entender (que não é o meu) resultará do desenvolvimento das PPP.
Estou certo ou estou errado?
Devo dizer que acho que os hospitais cujo encerramento se anuncia há muitos decénios com mais ou menos impacto político, não têm condições que se coadunem com os tempos modernos, salvo se forem totalmente remodelados. Os custos de tal remodelação serão bem superiores aos de uma (ou até duas) unidades modernas devidamente equipadas e projectadas em espaços funcionais, capazes também de proporcionar economia de meios (esperemos que os projectos não sejam da DGIES).
Faça-se pois a "trasladação" mas não se esqueça que, efectivamente, Lisboa não pode deixar de ter infra-estruturas dignas de uma Capital.
Concordo com o Ricardo quado se refere à eventual indisponibilidade do actualk património e na verdade não deixarão de haver tentações de ganhos fáceis.
Ps.: Eu acho que até este momento o Senhor Ministro da Saúde apenas teve coragem para "enunciar" essa medida. O que é bem diferente de ter coragem para a executar!

6:09 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home