Operação de Concentração ?
Segundo o DE n. º 3777 (14.12.05) cerca de 30 inspectores realizaram buscas na Associação Nacional das Farmácias e subsidiárias Alliance Unichem e Farmatrading, com o objectivo de recolher provas que confirmem que a compra de 49% da distribuidora de medicamentos configura uma operação de concentração (link)
A ANF e a José de Mello Saúde, adquiriram 49% da Alliance Unichem, passando as farmácias a controlar a maior parte do sector da distribuição, para além do exclusivo do retalho.
A ANF e a José de Mello Saúde, adquiriram 49% da Alliance Unichem, passando as farmácias a controlar a maior parte do sector da distribuição, para além do exclusivo do retalho.
5 Comments:
Para onde irão trabalhar no futuro (mais curto ou mais longo) muitos dos actuais responsáveis de topo do sector da Saúde? Será que os grupos privados vão aproveitar da sua experiência(?)?
Isto é aflitivo: cada vez escasseiam mais as oportunidades de emprego público e qualquer dia o "cartão" já nada vale!
Algumas adendas e correcções à notícia:
- As adendas: os inspectores eram da Autoridade da Concorrência e, para além da ANF e da AU visitaram também algumas cooperativas de distribuição de medicamentos;
- As correcções: segundo informações que obtive junto de responsáveis por algumas das estruturas inspeccionadas, a preocupação dos inspectores relacionava-se essencialmente com a possibilidade desses armazéns, sob instrução da ANF, terem-se negado a vender medicamentos não sujeitos a receita médica a empresas que não sejam farmácias (o que explica o motivo pelo qual também as cooperativas foram visitadas). A inspecção foi feita sob um imenso aparato policial, que inclusive interrompeu durante algumas horas a distribuição de medicamentos (ninguém podia sair do armazém e quem entrava ficava retido) e decorreu de uma queixa apresentada pela AdC. Ainda na área das correcções: a ANF não controla o exclusivo do "retalho", pois há cerca de 50 (ou mais?) farmácias que não são associadas da ANF.
Agora o comentário:
Esta foi essencialmente uma operação de show-off para os media. Tal como já aqui escrevi anteriormente, só uma imensa estupidez faria com que a ANF procedesse do modo como a acusam (e quem trabalha no sector sabe que o que se passou até foi precisamente o contrário...). Por outro lado, não deixa de ser impressionante a forma como o governo utiliza as autoridades policiais como instrumento de amedrontamento colocado ao serviço das suas teses políticas ou de ajustes de contas pessoais dos seus elementos. Estamos em plena América Latina! (esta frase foi dita por Pacheco Pereira a propósito de um acto de Santana Lopes). Aliás, se este acto tivesse sido cometido pelo governo Santana Lopes, certamente que cairiam o Carmo e a Trindade e que por todo o lado se veriam acusações de "Estado policial", utilização de autoridades para fins partidários, etc.
Por outro lado, a imprensa: desde o início do mandato do actual governo que o DE tem levado o seu apoio a Sócrates e a Correia de Campos a limites muito para além do razoável. Martim Avillez de Figueiredo começa-se a afirmar claramente como o "Luís Delgado" do PS (para quando a sua nomeação para a Lusa?). A própria forma como a notícia é dada é deliberadamente enganosa. Se fosse verdade o que o DE escreve, o que iriam os inspectores procurar? Documentos internos em que João Cordeiro explicasse aos seus súbditos qualquer coisa como "vamos comprar a AU e assim dominar o mundo"? Já agora, e porque ninguém parece ter reparado nisso: porque é que acham que a ANF só comprou 49% da AU? Será pelos lindos olhos da José de Mello Saúde? Como sempre, João Cordeiro pensa 100 km à frente dos seus adversários...
Para terminar, uma última reflexão: a mesma AdC que se entretém a coçar micoses enquanto as gasolineiras fazem o que se sabe aos preços dos combustíveis revela-se agora tão zelosa no caso das farmácias... O que é que aconteceria se os inspectores da AdC entrassem de rompante e com um mega contingente policial nas instalações da Galp Energia, da Repsol ou da BP?
Concordo com muito (quase tudo) do que diz Vladimiro Jorge. Na verdade seja quem for o titular da iniciativa, o aparato referido e o relevo dado pelo DE deixam-nos a sensação de que se "anda à procura de criminosos"(?). Se esses agentes fôssem deslocados para o Algarve, talvez pudessem ter um papel mais útil.
Concordo em particular com a apreciação que faz do DE e com as críticas à falta de actuação da AdC em relação às empresas petrolíferas.
Quanto à guerra ANF-CC aguardemos pelas próximas batalhas.
A propósito: alguém me sabe informar qual a redução de preços dos MNSRM em resultado da venda fora das farmácias (por amostragem).
PS.: Permitam-me que deixe aqui uma nota de rodapé: a propósito do caso dá bébé de Viseu foi curioso (repugnante) ouvir ontem na rádio um responsável dizer que "neste caso tudo decorreu como previsto"?!... Ou seja estava previsto que a criança fôsse objecto dos maus tratos que a levaram ao estado de coma?! Se ela não tivesse já sido tratada outras vezes no hospital...até seria compreensível. Assim, é caso para dizermos que "tão criminoso é o 'criminoso' como quem fica a vigiar".
A Unichem só tem uma quota de mercado de 20%.
50% (?) de 49% de 20% é domínio de mercado?
Concordo com tudo o que diz o Vladimiro.
Tudo o que se passa actualmente no que diz respeito às farmácias, é pura perseguição política!
Há uma suspeita, muito bem, investigue-se. Agora, é preciso o espalhafato que está criado junto de fornecedores de medicamentos - grossistas e retalhistas? É que parece que todos os bandidos deste país se terão aí refugiado, tal a vontade que há em persegui-los.
Há tanto tempo que se fala do cartel das gasolineiras e nunca, mas nunca vi a AdC a fazer o mínimo sussuro sobre o assunto... Onde está a isenção? E depois digam que não é perseguição política!
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