segunda-feira, fevereiro 6

Farmácia Hospitalar

GHFarmácia Hospitalar. Fala-se em mudanças também neste domínio. Quais a que veria com bons olhos ?
Aranda da Silva (AS) – O que se tem passado nos últimos anos é um autêntico escândalo. Todos os ministros de todos os partidos, têm aprovado legislação com o intuito de solucionarem as lacunas da farmácia hospitalar e depois, na prática, não são capazes de concretizar nada. É um mau exemplo a forma como se fazem diagnósticos que depois não se aplicam. A posição da OF é simples. Há um problema preocupante referente a gastos de medicamentos em meio hospitalar ...
GHGasta-se de mais ?
AS – O controlo devia ser melhor. Mas não podemos esquecer que é pelo hospital que entram os medicamentos mais inovadores e, portanto, mais caros. A grande inovação terapêutica entra muito e é muito utilizada em meio hospitalar, portanto tem de se usar a perícia e a técnica científica do farmacêutico – no fundo é ele o especialista do medicamento – para seleccionar melhor e para melhor utilizar os fármacos.
No hospital há a tendência por parte do grupo de médicos para valorizarem a sua própria especialidade. O farmacêutico, por seu lado, tem uma visão global do hospital e essa visão não é apenas técnica e científica. Ela está muito ligada à gestão do medicamento. A verdade, no entanto, é que o papel do farmacêutico hospitalar não está a ser valorizado, nem a ser aproveitado.
GHConsidera então que o farmacêutico hospitalar tem sido posto à margem ?
AS – Completamente marginalizado. Dou um exemplo: muitas comissões de farmácia com dezenas de anos e que são instrumentos muito importantes dentro dos hospitais, não funcionam. Cabe aos Administradores dos Hospitais e ao próprio Ministério da Saúde criar condições para que tenham um papel activo e possam exercer as suas funções com dignidade.
Por outro lado, dentro dos hospitais não tem havido renovação dos quadros farmacêuticos e isso pode ser um problema grave no futuro.
Deixe-me ainda dizer que, no que diz respeito aos sistemas de informação, há hospitais onde pouco foi feito e esse sector funciona muito deficientemente, apesar de haver boas experiências que deviam ser aproveitadas.
GHNos hospitais que relação existe entre o farmacêutico e o gestor ?
AS – Habitualmente há uma boa relação. É uma tradição que se tem mantido e costumo dizer que os farmacêuticos são os principais aliados dos administradores hospitalares, no que se refere à política do medicamento.
entrevista do bastonário da OF, José Aranda da Silva à GH (n.º 13).

2 Comments:

Blogger ricardo said...

Tem havido vários planos de reorganização da Farmácia Hospitalar prevendo a reestrutração de instalações, equipamentos, pessoal e implementação de sistemas de informação.

O balanço destes projectos é francamente negativo.

Criação de um manual de procedimentos, alguns investimentos do programa saúde XXI.

A prescrição on line ainda está muito longe de ser concretizada num número significativo de HH.

As Comissões de Farmácia intervêm pouco na gestão do medicamento.

Há muitos farmacêuticos a executar tarefas que pouco têm a ver com os seus conhecimentos e preparação.

O panorama é bem pior do que o bastonário aqui faz transparecer.

10:08 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Felizmente a minha experiência passa por um hospital onde os serviços farmacêuticos não enfermam dos males apontados. E as melhorias introduzidas a nível da prescrição electrónica contaram com a sua colaboração e empenho.
São, estou certo, os tais bons exemplos quer das boas relações entre a gestão e os serviços de farmácia quer entre os vários serviços hospitalares. A relação Médicos/Farmacêuticos/Enfermeiros, etc., funciona. O que não significa que tudo esteja perfeito.

11:01 da tarde  

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