Cuidados de Proximidade e Urgências (III)
Caro Tonitosa
Agradeço os seus comentários e achegas que li com atenção, como sempre, dado que a sua perspectiva é a minha: melhorar sempre (não lançar atoardas ou chamar nomes).
Concedo de imediato que falhei em pelo menos 2 pontos:
1º- Não ter explicado minimamente porque era "natural" que a Espanha, com PIB per capita 27,6% superior ao de Portugal, em PPC e em 2004 (23.889 Vs 18.725), gastasse percentualmente mais que nós em saúde;
2º- Não concluir/quantificar o acréscimo do número de actos programados que as ideias expostas permitiam oferecer (penso que quanto não ficaram dúvidas aos custos e aos efeitos positivos nos HH da diminuição de "urgências").
Quanto ao primeiro ponto tentarei concretizar/clarificar a minha posição até 6ª (depois vou de férias!).
Relativamente ao 2º vou tentar, em poucas linhas e de seguida, quantificá-lo.
2.1. Para lembrar apenas:
a)- Considerando todo o tipo de atendimentos médicos em ambulatório nos CP e tomando 4 consultas/hab. (cf. GB) chegamos a deficit de mais de 7 milhões em 2004 (o que ajudaria a suportar o afluxo exagerado aos SU).
b)- Em tempos, quando comparei, os HH, na Galiza e no Norte, concluí que do lado de lá os nuestros hermanos tinham bem mais CE e operações mas muito menos urgências (suporta a necessidade de substituir o tempo desperdiçado nos SUs por muito mais CE e MCDT, de modo a reduzir as listas de espera, que o Tonitosa refere, e a oferecer maior quantidade de actos programados, com maior qualidade e a menor custo).
c)- Também dou como pacífico que o número de atendimentos na urgência (banco) é aberrante, quer quando comparamos com os restantes países, quando analisamos a sua evolução nos últimos 20 anos ou quando analisamos a composição da produção efectuada (esta situação provoca custos elevados e, sobretudo, gera enormes custos de oportunidade, para além de prejudicar gravemente a eficiência e a qualidade de resposta dos restantes sectores do hospital).
d)- Seguindo a prática dos nuestros hermanos devemos aumentar significativamente os atendimentos programados e melhorar substancialmente os atendimentos emergentes (desde o pré-hospitalar), para o que a concentração de SUs é essencial – a limitação do acesso inapropriado à urgência surge como um must e as taxas moderadoras devem facilitá-lo.
Agradeço os seus comentários e achegas que li com atenção, como sempre, dado que a sua perspectiva é a minha: melhorar sempre (não lançar atoardas ou chamar nomes).
Concedo de imediato que falhei em pelo menos 2 pontos:
1º- Não ter explicado minimamente porque era "natural" que a Espanha, com PIB per capita 27,6% superior ao de Portugal, em PPC e em 2004 (23.889 Vs 18.725), gastasse percentualmente mais que nós em saúde;
2º- Não concluir/quantificar o acréscimo do número de actos programados que as ideias expostas permitiam oferecer (penso que quanto não ficaram dúvidas aos custos e aos efeitos positivos nos HH da diminuição de "urgências").
Quanto ao primeiro ponto tentarei concretizar/clarificar a minha posição até 6ª (depois vou de férias!).
Relativamente ao 2º vou tentar, em poucas linhas e de seguida, quantificá-lo.
2.1. Para lembrar apenas:
a)- Considerando todo o tipo de atendimentos médicos em ambulatório nos CP e tomando 4 consultas/hab. (cf. GB) chegamos a deficit de mais de 7 milhões em 2004 (o que ajudaria a suportar o afluxo exagerado aos SU).
b)- Em tempos, quando comparei, os HH, na Galiza e no Norte, concluí que do lado de lá os nuestros hermanos tinham bem mais CE e operações mas muito menos urgências (suporta a necessidade de substituir o tempo desperdiçado nos SUs por muito mais CE e MCDT, de modo a reduzir as listas de espera, que o Tonitosa refere, e a oferecer maior quantidade de actos programados, com maior qualidade e a menor custo).
c)- Também dou como pacífico que o número de atendimentos na urgência (banco) é aberrante, quer quando comparamos com os restantes países, quando analisamos a sua evolução nos últimos 20 anos ou quando analisamos a composição da produção efectuada (esta situação provoca custos elevados e, sobretudo, gera enormes custos de oportunidade, para além de prejudicar gravemente a eficiência e a qualidade de resposta dos restantes sectores do hospital).
d)- Seguindo a prática dos nuestros hermanos devemos aumentar significativamente os atendimentos programados e melhorar substancialmente os atendimentos emergentes (desde o pré-hospitalar), para o que a concentração de SUs é essencial – a limitação do acesso inapropriado à urgência surge como um must e as taxas moderadoras devem facilitá-lo.
2.2. Pressupostos:
a)- Consideramos os seguintes valores de referência:
– Hospitais: SU 2,5 doentes socorridos/hora médico; CE 4 CE/hora. Dos mais de 6 milhões de DS apenas 25% continuariam a ser atendidos nesses serviços, outros 25% passariam à CE hospitalar e os restantes 50% à consulta de CS. O tempo correspondente aos atendimentos excessivos seria distribuído pelo próprio SU (20%) e pela CE (80%);
– CS: SAP 3 atendimentos/hora (0,5 das 0-8 horas), CE 5 consultas/hora; 7% dos atendimentos nos CS passariam a ser atendidos noutras unidades de CP. O tempo médico sobrante seria utilizado na consulta programada.
b)- Considerámos ainda que o aumento de ambulatório programado hospitalar iria originar maior procura de consultas de seguimento nos CS (mais 1 milhão/ano).
a)- Consideramos os seguintes valores de referência:
– Hospitais: SU 2,5 doentes socorridos/hora médico; CE 4 CE/hora. Dos mais de 6 milhões de DS apenas 25% continuariam a ser atendidos nesses serviços, outros 25% passariam à CE hospitalar e os restantes 50% à consulta de CS. O tempo correspondente aos atendimentos excessivos seria distribuído pelo próprio SU (20%) e pela CE (80%);
– CS: SAP 3 atendimentos/hora (0,5 das 0-8 horas), CE 5 consultas/hora; 7% dos atendimentos nos CS passariam a ser atendidos noutras unidades de CP. O tempo médico sobrante seria utilizado na consulta programada.
b)- Considerámos ainda que o aumento de ambulatório programado hospitalar iria originar maior procura de consultas de seguimento nos CS (mais 1 milhão/ano).
2.3. Resultados:
a)- Esta reafectação de recursos geraria os seguintes acréscimos: CS mais de 4 milhões/ano de consultas; HH: menos urgências mas muito mais CE, conduzindo a saldo positivo superior ao milhão de consultas;
b)- Redução do deficit de CE nos CS de 7,2 milhões para apenas 3,1 milhões (de 22% para 8,4%);
c)- Estrutura de ambulatório mais equilibrada possibilitando avanços significativos quer na continuidade de cuidados, quer na programação de admissão e alta (menor demora média, etc.);
d)- Globalmente: maior qualidade de atendimento, menor desperdício em prescrições e menor custo.
clicar p/ ampliar
Termino agradecendo vivamente as suas questões, que me dão a possibilidade de suprir (ou não) as falhas, e desejando que continue em forma e a contribuir para que este fórum tenha um nível elevado e disponha sempre de um contraditório (atento e oportuno!). Um grande abraço para si.a)- Esta reafectação de recursos geraria os seguintes acréscimos: CS mais de 4 milhões/ano de consultas; HH: menos urgências mas muito mais CE, conduzindo a saldo positivo superior ao milhão de consultas;
b)- Redução do deficit de CE nos CS de 7,2 milhões para apenas 3,1 milhões (de 22% para 8,4%);
c)- Estrutura de ambulatório mais equilibrada possibilitando avanços significativos quer na continuidade de cuidados, quer na programação de admissão e alta (menor demora média, etc.);
d)- Globalmente: maior qualidade de atendimento, menor desperdício em prescrições e menor custo.
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Semmisericórdia
Etiquetas: Semisericórdia
2 Comments:
Meu caro amigo Semmisericordia,
A minha nota de desacordo consigo relativa às despesas em saúde em Portugal e Espanha não pretendeu, de modo algum, desvalorizar a sua reflexão. Penso que estaremos a falar de coisas eventualmente diferentes ou sob perspectivas diferentes.
Eu julgo que as despesas em saúde não tem um comportamneto uniforme, em função do rendimento. E tendo a concordar que nos situamos no domínio dos bens de primeira necessidade. Logo, quanto mais pobre é o País, maior será a proporção do seu Rendimento gasta em Saúde.
É isto e nada mais.
Podemos, depois fazer uma análise mais profunda e mesmo constatar que, para além de um certo limite, haverá cuidados de saúde que não satisfazem já necessidades básicas.
Aguardo a sua clarificação mas creia, a minha nota não teve qualquer intenção de desvalorizar o seu texto.
Um abraço
Para quem se interessa pelas questões económico-financeiras da saúde sugiro uma visita ao site do IGIF - www.igif.min-saude.pt e consultar o anúncio do
Seminário - System of Health Accounts
21de Março de 2006
Já está disponível para consulta o Programa do Seminário - System of Health Accounts.
Que tem por objectivo:
- responder as questões como :
Quem suporta e em que medida os gastos em saúde dos portugueses;
Quem produz os Serviços/Produtos que fazem parte da Prestação de Saúde aos Portugueses;
Quais são as funções que os serviços cobrem;
Como permitir a sua comparação com os diferentes países da Comunidade Europeia.
...e é gratuito.
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