Acesso aos Novos Medicamentos
A suspensão de entrada de novos medicamentos nos HHs do SNS é tema de mais um artigo do DE (n.º 3945, 07.08.06) link
«O ministro Correia de Campos decidiu que cumprir o orçamento no serviço nacional de Saúde é mais importante do que aplicar o último grito da medicina aos doentes. É boa, a decisão?
Na perspectiva impessoal do dinheiro, é. O que o ministro está a dizer é que os doentes se mantêm tão clinicamente seguros hoje como estavam ontem - e que a sua decisão se ‘limita’ a adiar a segurança de amanhã. Pelo caminho, poupa milhões aos cofres do Estado.
Já se sabe que Correia de Campos acredita que o sistema público de saúde precisa de mais mercado, pelo que a sua decisão tem duas grandes virtudes: corta pela raiz a chantagem dos laboratórios e lança a discussão num país até aqui indisponível para reflectir.
Na perspectiva impessoal do dinheiro, é. O que o ministro está a dizer é que os doentes se mantêm tão clinicamente seguros hoje como estavam ontem - e que a sua decisão se ‘limita’ a adiar a segurança de amanhã. Pelo caminho, poupa milhões aos cofres do Estado.
Já se sabe que Correia de Campos acredita que o sistema público de saúde precisa de mais mercado, pelo que a sua decisão tem duas grandes virtudes: corta pela raiz a chantagem dos laboratórios e lança a discussão num país até aqui indisponível para reflectir.
martim figueiredo, DE, 07.08.06
Já todos sabemos que os recursos são escassos e que a sua utilização deve obedecer a critérios cada vez mais rigorosos.
Relativamente aos novos medicamentos já foi decidido que a sua avaliação passará a ser feita por uma comissão de peritos a funcionar no Infarmed. Assegurada a selecção criteriosa de substâncias que representem efectivas mais valias em termos de ganhos de saúde e o barramento dos medicamentos que nada adiantam ao arsenal terapêutico hospitalar, o acesso eficiente e oportuno aos novos medicamentos far-se-à sem prejuízo dos doentes do SNS, seja qual for a sua patologia. Nao estaremos a inventar. Faz-se isso, há anos, em muitos países da UE.
Portanto, a meu ver, não faz sentido estarmos a dramatizar em excesso esta discussão, considerando que o Estado terá decidido hipotecar a segurança futura do tratamento dos doentes com patologias mais dispendiosas.
Por enquanto, ainda não.
12 Comments:
Não sabemos.
Nem o número nem importância.
Por outro lado a decisão refer-se a um número restrito de HHs.
Segundo o DE só o H. de São João deliberou a suspensão.
Segundo declarações dos outros CAs a decisão foi mitigada: aprovar a introdução dos que forem absolutamente necessários.
Parece mais uma manobra para suscitar a discussão.
Estamos todos a discutir o tema como se CC tivesse tomado a decisão de suspender embora temporariamente a entrada generalizada de novos medicamentos nos hospitais.
E, eu acho, que isso não aconteceu
Parece-me, efectivamente, de uma discussão cujo lançamento na "silly season" terá sido combinada entre CC e o Diário Económico.
Os factos não enganam:
a) - A decisão é restrita e temporária, já havendo uma decisão sobre esta matéria: Comissão de peritos a funcionar no Infarmed;
b) - Portugal é dos países da UE que mais autorizações de novos medicamentos aprova anualmente.
Caro Xavier:
Esta será uma das poucas vezes em que me preparo para considerar como boa uma medida de CC para o sector do medicamento. No entanto, há um ponto em que não concordo consigo: sem se saber exactamente de que medicamentos é que estamos a falar, não é possível formar uma opinião completa.
De qualquer modo, o acto de enfrentar o problema da entrada dos novos medicamentos no meio hospitalar é, em si, positivo. No entanto, a abordagem desta questão requer alguma complexidade técnica. E é aí que os nomeados de CC vão ter que provar o que valem.
Em Relação ao mercado total (MT)(não inclui o mercado hospitalar)
a evolução dos encargos com novas substâncias comparticipadas pelo SNS, 2004/05, foi a seguinte:
04 - 167.729.754 euros, 5,6% do MT
05 - 253.604.238 euros, 8,2% do MT
Ou seja, a despesa (comparticipada)com nova tecnologia do medicamento, 2004/2005, cresceu 51,2%.
Valores do MT:
04 - 2.979.040.479 euros
05 - 3.104.611.558 euros
variação do MT 04/05 - 4,2%
No corrente ano, entretanto, já vimos que foram cometidos alguns erros nas autorizações de comparticipação de medicamentos.
CC tem de prestar especial atenção a esta porta (não descurando, como é evidente,a entrada de novos medicamentosnos HHs), pois é por ela que se esvai, ingloriamente , muito do dinheirinho dos nossos impostos.
Não tenho dados sobre os novos medicamentos introduzidos nos hospitais.
Também não sei de quem tenha.
Não sei se CC terá.
Contas à merceeiro todos nós fazemos ...
O peso relativo da nova tecnologia nos HHs deve ser bastante superior ao do MT.
Também acho que a decisão de CC enfrentar este problema é positiva.
Penso é que a forma da sua comunicação, uma vez mais, sai enrolada.
A SaudeSA é o órgão de comunicação social que melhor faz a promoção da actividade de Governação do Ministro da Saúde, António Correia de Campos.
Não há dúvida que os Boticários são trabalhadores empenhados. Mesmo em férias estão, no Saúde SA, três em serviço permanente. É por isso que há quem diga que é um lóbi...
Uma conclusão a tirar deste caso é que, uma vez mais, o Diário Económico demonstrou parecer mais um órgão oficial do Governo do que um jornal independente de linha neo lberal.
Nunca vi tanta confusão na discussão de um tema.
Tentemos ordenar o que se passou:
1.º - CC faz bem em disciplinar a entrada de novos medicamentos nos hospitais.
2.º - Quem ataca esta decisão é um jornalista do DE em editorial.
3.º CC responde escavacando a argumentação do diletante.
4.º O senhor Figueiredo no rescaldo da polémica, fazendo papel de hiena, vem dar uma no cravo e outra na ferradura, para fazer prolongar o folhetim.
5.º Só quem não conhece os jornalistas ...
6.º - Não brinquemos com coisas sérias. CC está a fazer o que é necessário.
7.º - Quais são os próximos ...
Já o bastonário da Ordem dos Médicos, prefere sublinhar a importância de não confundir os custos com a capacidade dos fármacos prescritos, explicando que «a variável custo entra na decisão clínica, como entram as acções secundárias dos medicamentos e os efeitos pretendidos, mas uma outra coisa é o Estado português afastar os portugueses da inovação tecnológica, com todas as consequências que isso teria».
Contudo, refere ainda Pedro Nunes em declarações à RR, «com certeza que isso não será feito. Se nos apercebemos que alguém o faz não hesitaremos em denunciá-lo».
Diário Digital
Três achegas:
1. Não se sabe quais são os medicamentos porque os laboratórios não os revelam. Informalmente, dizem que se o fizerem serão penalizados através de atrasos nas decisões de comparticipações e reduções na respectiva percentagem (por parte do Infarmed).
2.O ministro da Saúde não deu instruções directas para cortar os medicamentos novos, mas deu guidelines para restringir a entrada, controlando melhor o que é, realmente, inovação com mais-valia.
3.Para esclarecer o Ricardo, não houve nenhuma combinação entre o Diário Económico e o ministro da Saúde.
Mário Baptista
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