Modelo Distribuição Farmacêutica
Porque o meu Amigo me lançou uma pergunta directa, bem formulada na extensão em que inteligentemente explora um eventual preconceito meu, dado o estracto profissional, tenho a ousadia em lhe dirigir estas palavras (letras).
A função farmácia apenas faz sentido na perspectiva de se constituir em instrumento da racionalidade terapêutica. Deixada a função de produção de medicamentos, o farmacêutico ou evolui para um especialista em farmacoterapia (noto que a terapêutica é um processo no qual a prescrição é uma etapa, ainda que decisiva, e que defendo que deve ser médica. A prescrição não se esgota necessáriamente na autorização para que um doente possa aceder a um medicamento, mas deve ser entendida como parte de uma estratégia destinada a modificar mecanismos fisiológicos disfuncionalmente identificados no decurso da história natural da doença) ou tende a desaparecer.
O farmacêutico do futuro (não muito longínquo) será um integrador de fuxos de informação de natureza farmacológica, clínica, terapêutica e económica à custa de sistemas informáticos sofisticados que incorporam e confrontam modelos previsionais do impacto da exposição a um ou vários medicamentos, num doente individual, com a evolução da resposta tal como medida no doente e pelo doente.
Considero que a facilitação do acesso aos medicamentos tal como se está a promover, disso sendo exemplo os MNSRM, consititui um erro estratégico na perspectiva da saúde pública, embora colha frutos políticos imediatos e simpatias precoces.
Considero que, salvo esclarecimento em contrário, toda a política do medicamento em curso tem um viés que o porvir realçará, mas não corrigirá. O fantasma da ANF.
Será sempre, para todos as partes, um problema mal resolvido. E isso deve-se ao modo como o problema "ANF" tem sido politicamente gerido.
Bem sei que, tal como nas "manifs" quando os "choques" intervêm, tudo o que está à frente leva.
Aconteceu e está a acontecer a muito boa gente. Repare que o debate sobre o medicamento, quando envolve farmacêuticos, requer, por norma, a necessidade de esclarecimentos prévios:
- posição sobre a propriedade das farmácias;
- posição sobre a venda de medicamentos fora das farmácias.
Xavier: o problema não está nestes dois aspectos. O modelo organizacional e funcional da cobertura farmacêutica e da distribuição de medicamentos é uma consequencia da política do medicamento e não o contrário.
O que se está a passar é que as forças- determinantes da formação de opinião - que querem separar a regulação do medicamento da regulação da distribuição farmacêutica - com objectivos óbvios - vão ganhar. E esta vitória vai ser apresentada como geradora de ganhos para o cidadão (acessibilidade e preço). No momento seguinte, será verificável que apenas se formou mais um grupo financeiro (ou se engordaram os já existentes).
Quanto a farmácias nos hospitais: um "fait diver" que só economias de escala tornarão viáveis.
Propriedade da farmácia ? Uma questão de modelo em função do foco estratégico do SNS no que à política do medicamento respeita.
guidobaldo
A função farmácia apenas faz sentido na perspectiva de se constituir em instrumento da racionalidade terapêutica. Deixada a função de produção de medicamentos, o farmacêutico ou evolui para um especialista em farmacoterapia (noto que a terapêutica é um processo no qual a prescrição é uma etapa, ainda que decisiva, e que defendo que deve ser médica. A prescrição não se esgota necessáriamente na autorização para que um doente possa aceder a um medicamento, mas deve ser entendida como parte de uma estratégia destinada a modificar mecanismos fisiológicos disfuncionalmente identificados no decurso da história natural da doença) ou tende a desaparecer.
O farmacêutico do futuro (não muito longínquo) será um integrador de fuxos de informação de natureza farmacológica, clínica, terapêutica e económica à custa de sistemas informáticos sofisticados que incorporam e confrontam modelos previsionais do impacto da exposição a um ou vários medicamentos, num doente individual, com a evolução da resposta tal como medida no doente e pelo doente.
Considero que a facilitação do acesso aos medicamentos tal como se está a promover, disso sendo exemplo os MNSRM, consititui um erro estratégico na perspectiva da saúde pública, embora colha frutos políticos imediatos e simpatias precoces.
Considero que, salvo esclarecimento em contrário, toda a política do medicamento em curso tem um viés que o porvir realçará, mas não corrigirá. O fantasma da ANF.
Será sempre, para todos as partes, um problema mal resolvido. E isso deve-se ao modo como o problema "ANF" tem sido politicamente gerido.
Bem sei que, tal como nas "manifs" quando os "choques" intervêm, tudo o que está à frente leva.
Aconteceu e está a acontecer a muito boa gente. Repare que o debate sobre o medicamento, quando envolve farmacêuticos, requer, por norma, a necessidade de esclarecimentos prévios:
- posição sobre a propriedade das farmácias;
- posição sobre a venda de medicamentos fora das farmácias.
Xavier: o problema não está nestes dois aspectos. O modelo organizacional e funcional da cobertura farmacêutica e da distribuição de medicamentos é uma consequencia da política do medicamento e não o contrário.
O que se está a passar é que as forças- determinantes da formação de opinião - que querem separar a regulação do medicamento da regulação da distribuição farmacêutica - com objectivos óbvios - vão ganhar. E esta vitória vai ser apresentada como geradora de ganhos para o cidadão (acessibilidade e preço). No momento seguinte, será verificável que apenas se formou mais um grupo financeiro (ou se engordaram os já existentes).
Quanto a farmácias nos hospitais: um "fait diver" que só economias de escala tornarão viáveis.
Propriedade da farmácia ? Uma questão de modelo em função do foco estratégico do SNS no que à política do medicamento respeita.
guidobaldo
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home