domingo, setembro 3

Médicos de Santa Maria


Para Moçambique ?
Paulo Ivo Garrido, ministro da saúde de Moçambique, de quem fui colega de carteira no liceu António Enes, saiu-se na última semana com uma tirada à CC: «O Hospital de Santa Maria, em Portugal, tem mais médicos do que Moçambique».link

Moçambique ocupa um longo território da costa oriental da África Austral com 801.590 km2 e uma população, segundo o censo de 1997, de 16.099.248 habitantes (19 milhões, segundo um estudo de Julho de 2000), com uma grande dispersão territorial (71,4% rural e 28,6% de população urbana).

A cultura, organização social e do Estado e a cobertura de cuidados de saúde, são muito diferentes do nosso país. A maioria da população rural e grandes franjas da população urbana não dispõem de acesso aos cuidados de saúde organizados pelo Estado, recorrendo habitualmente à medicina tradicional.

Segundo o relatório “Contas Globais do SNS” de 2004, publicado pelo IGIF, o hospital de Santa Maria teve ao seu serviço, nesse ano, 1.112 médicos. No relatório “Centros de Saúde e Hospitais-Recursos e Produção do SNS – 2004”, publicado pela DGS, no mesmo ano, o HSM dispunha de 1.057 médicos (menos 55 médicos, portanto. As habituais discrepâncias da nossa estatística).
Portugal, no ano de 2004, empregava no SNS, 16.933 médicos hospitalares (Igif) (16.121, segundo relatório da DGS), e 7.130 médicos na rede de cuidados primários (5.659 de medicina geral e familiar, 803 não especialistas e 668 de outras especialiddes).

Quer dizer, enquanto Moçambique dispõe para uma população urbana de cerca de 6 milhões de habitantes de menos de 1.112 médicos, Portugal, para uma população de dez milhões de habitantes, tem cerca de 24.000 médicos. São muitos milhões na prescrição de medicamentos e MCDTS por ano. É evidente que os resultados de um e outro sistema são também muito diferentes.
De qualquer forma, se a intervenção do ministro moçambicano teve a intenção de alertar para os escassos recursos humanos com que se debate o sistema de saúde daquele país, serviu também para chamar a atenção, uma vez mais, para o facto dos nossos médicos preferirem o recato dos grandes hospitais como local de trabalho, dando origem a grandes assimetrias na distribuição destes recursos (litoral/interior; hospitais/CSP).

3 Comments:

Blogger tambemquero said...

As declarações do ministro de Moçambique têm também o objectivo de lançar o anzol para ver se pesca alguma coisa por estas bandas.

Será que vamos ter ponte áerea para Moçambique ?

9:05 da tarde  
Blogger xavier said...

O caro amigo Jyronimo diz que foi meu colega no liceu antónio enes.
Que o mundo é pequeno já nós sabíamos...

Fui colega do PIG no 2.º ano.
Outros colegas que me lembro: Paulo Muguambe, chissano, o isidro (?) grande jogador de futebol.
Professores : Faustino (chamadas e chapadas), António Barreto (português), o Sorna.

Lembro-me que o PIG ocupava uma das carteiras junto à janela.
A minha carteira era a quarta da segunda fila a contar da direita. Na fila ao lado sentava-se o Paulo Muguambe.

Outros colegas de liceu (não deturma): Orlando Ipe (grande jogador de basquetebol), Pinduca, Garito, o Pina (grande combate de boxe no intervalo das aulas), Fernando Vedor (craque do 1.º de Maio).
Eu ainda cheguei a andar nas velhas instalações que funcionavam no velho 1.º de Maio.

As piores recordações: a "bufa" ao sábado com o Ringler e um outro colega "xico" muito enfesado e autoritário.
Estive para chumbar por faltas de material.

Boas recordações: os intervalos das aulas para o chocoleite e uma arrufada por uma duzenta.
A minha primeira namorada que só ao fim de um mês de namoro consegui dar a mão durante uma matiné do Manuel Rodrigues.

O Jyrónimo está em Castelo Branco ?
Vamos combinar um almoço para relembrarmos essa turma do antónio enes ?

12:22 da manhã  
Blogger xavier said...

Não sabia da morte do Orlando Ipe. Triste.
Nos tempos mais próxmos vou à Benedita para andar de bike.
Quando passar pela terra dos arcebispos aviso.

1:46 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home