terça-feira, outubro 3

Centralização dos LACs



IDEIA: centralização de laboratórios no SNS.

O QUÊ: Quase todos os Hospitais têm laboratórios de análises clínicas e de anatomia patológica. Do ponto de vista da despesa – pessoal, equipamento, espaço, consumíveis – temos que os exames laboratoriais com mais peso não são geralmente urgentes.
As vias de comunicação e as ferramentas telemáticas evoluíram consideravelmente nos últimos anos, possibilitando transporte e transmissão de dados em tempo útil.
Propõe-se que os Laboratórios Hospitalares concentrem os seus recursos na realização de exames laboratoriais urgentes (a que chamaremos de nível I ou II) e que sejam criados laboratórios Centrais (de nível III), que se distinguem pela especialização e pelos ganhos de rentabilidade.
Estes laboratórios (nível lll) devem corresponder ao que se designa por Labcore, prevendo-se a sua robotização quando se justificar.
Esta solução deve permitir diminuir substancialmente o tempo de execução actual (internamento) e permitir consultas de alta resolução (1ª e 2ª no mesmo dia).
COMO: Os laboratórios de nível III recebem as amostras e respectiva informação dos vários hospitais “clientes” e à medida que os relatórios dos exames se completam são disponibilizados por via telemática.
Os laboratórios de nível I e II repartem os recursos entretanto libertados para uma melhor assistência aos doentes dos CS, USF e medicina privada.

QUANDO e ONDE: Este projecto deve iniciar-se pelos laboratórios das grandes cidades (Porto Lisboa, Braga, Almada, Guimarães,...). De notar que a produção destes laboratórios destina-se ao SNS e não aos HH, apenas.

QUEM
: Procurar-se-à utilizar equipamentos e pessoal dos laboratórios existentes, não havendo, dentro do possível, lugar a contratações; procurando-se antes a reestruturação de tarefas dos actuais profissionais .

QUANTO: A centralização de laboratórios traduzir-se-à desde logo na poupança de muitos milhares de euros dado tratar-se de um processo de elevada automação permitindo a redução significativa de meios humanos.
Por exemplo, Lisboa terá um parque de equipamentos maior que Paris, alguns deles a operar 2 horas /dia; Famalicão, Guimarães, Barcelos, Braga, Fafe, Póvoa, Vila do Conde, Viana tem cada um o seu LAC e mesmo assim subcontratam análises a privados; há hospitais, em as análises do HIV (determinação da carga viral) são efectuadas no serviço de sangue e serviço de patologia clínica, sendo frequente a duplicação de laboratórios com a mesma produção no mesmo hospital.

Problemas/efeitos indesejados: a) A reacção das "Associações" será com "Muita convicção"; b) Perigo de diminuir a rentabilidade dos HH (via aumento da demora média) se não tiver gestão apurada e resultados muito melhores que os dos actuais Laboratórios.
Grau de dificuldade: médio, 2 ♠♠.

OBERVAÇÃO FINAL: Começa pelo fácil e aprende a fazer o difícil.
Mário Sá Peliteiro

12 Comments:

Blogger Clara said...

Trata-se de um projecto de muito difícil implementação. Primeiro pela grande quantidade de profissionais que envolve e que seria necessário reclassificar, movimentar e dispensar. Em segundo lugar porque exige um planeamento rigoroso e um funcionamento de relojoaria.

Será necessário comparar com experiências semelhantes realizadas nos países da UE.

Este projecto é aliciante sob o ponto de vista da redução de custos.

Poder-se-ia começar pela reorganização dos laboratórios dos hospitais, onde, na grande maioria dos casos, se perderam as centralizações, funcionando esfrangalhados com duplicação de serviços e custos.

9:24 da manhã  
Blogger saudepe said...

Concordo com a proposta da Clara. É indispensável reestruturar o funcionamento dos laboratórios hospitalares que foram criando ao longo do tempo entensões e duplicações de serviços ao sabor dos interesses das direcções com maior influência.

9:38 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Esta é uma excelente ideia.
Mas um tanto desfasada em relação à actual Política do Ministro da Saúde.

CC prefere fechar o hospital todo. Por enquanto, vai disfarçando com as centralizações.

9:45 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Parecendo interessante sob o ponto de vista da redução de custos, a centralização pode ter como consequências:
- o subaproveitamento dos recursos em laboratórios de nível I e II;
- a falta de estímulo para os que neles trabalham por se limitarem aos casos mais simples;
- os custos com transporte dos materiais para análise:
- a tendência para os laboratórios de nível III darem prioridade aos pedidos internos;
- a imediata reivindicação de mais recursos para os laboratórios de nível III, com o consequnte aumento de custos;
Parece ser mais exequível entre hospitais próximos e particularmente nos uqe integram os Centros Hospitalares (onde crei que algo já se fez nesse sentido).

10:54 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Queria apenas introduzir um elemento de reflexão:

Se nos Laboratórios privados funciona, porque não funcionará nos públicos?
Como bem sabem, os nossos sangues, muitas vezes, andam a chocalhar de maço pa cabaço, indo parar, muitas vezes, a Barcelona ou até mais longe.

Mesmo sem descer a fasquia da Qualidade, seria perfeitamente possível obter ganhos consideráveis - facilmente.

A centralização trará alguns problemas; nunca tantos aqui como nas Maternidades...

1:31 da tarde  
Blogger tonitosa said...

A colocação de equipamentos nos HH sem custos(?) contra a contratação do fornecimento de reagentes é uma solução que me parece acertada. Os equipamentos nesta área (e não só) rapidamente se tornam obsoletos e a forma da sua "aquisição" (porque no fundo eles são pagos a prestações) deve ser devidamente avaliada e negociada. A substituição por novos equipamentos é mais expedita e evitam-se investimentos avultados.
O que se tem verificado em muitas e muitas situações é que o fornecedor facilmente consegue a renovação do "contrato" porque os decisores (ou quem os aconselha) não estão para se "ocupar de ninharias" ou "não têm interesse em mexer na situação actual". O fornecedor melhor informado que o cliente mantém-se por muitos anos.
Mas não tem que ser assim. É um sector onde há concorrência e é possível (tenho a certeza) obter, frequentemente, condições mais favoráveis do que as "herdadas" do passado, com fornecedores instalados "de pedra e cal" nos HH.

9:39 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Drfeelgood,
Não discordo em nada daquilo que disse. Na verdade eu escrevi:
"O que se tem verificado em muitas e muitas situações é que o fornecedor facilmente consegue a renovação do "contrato" porque os decisores (ou quem os aconselha) não estão para se "ocupar de ninharias" ou "não têm interesse em mexer na situação actual".
Agora, com base no seu comentário, tenho por bem acrescentar:
É concebível que um CA que se preze não tenha um papel importante nesta matéria? Não é pressuposto que um CA (que se preze) designe para liderar o processo conducente à contratação alguém que, para além de tecnicamente competente seja também de confiança?
Do CA fazem parte O Director Clínico e o Enfermeiro Director, (agora com diferente figurino e mais regalias) e por isso têm obrigação de fazer adequada gestão, também, da área clínica. Eu sei que é uma área onde os interesses de classe criam dificuldades acrescidas. Mas no caso dos equipamentos em discussão não me parece que deva ser assim tão difícil.
Mas é, defacto, em muitos e muitos casos. Porquê? Porque infelizmente temos os gestores que temos, a cultura organizacional que temos, e muitas vezes os (ir)responsáveis fogem a afrontar as situações difíceis. Porque sabe-se lá, meu caro colega se fulano ou sicrano, que discordam das orientações do CA, são afinal amigos do Senhor Ministro?! E que diabo as nomeações são só por três anos...e há que "trabalhar" para a recondução. Percebe?
Um abraço.

11:29 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro Dr. Feelgood

As dificuldades de investimento têm servido de alibi para muitas torpelias nos nossos hospitais.

Concordo com a análise que faz relativamente às dificuldades de liderança de alguns CAs.
Há muitos Directores de Serviço que mais parecem senhores autarcas na gestão dos seus domínios:enfermarias, tempos de bloco e anexos.

Não posso concordar com a sua defesa do primado da gestão privada dos hospitais.
Certamente não conhece o que se tem passado estes anos todos com a exploração do hospital Fernando da Fonseca.

12:00 da manhã  
Blogger tonitosa said...

O Xavier não gosta mesmo nada dos autarcas. Ficou traumatizado com a eleição do Isaltino e ainda não digeriu a "derrota"?
Deixe lá. Olhe que há autarcas muito competentes, trabalhadores e honestos. São mesmo a maioria. Experimente um dia ser Presidente de Câmara ou Vereador (não sei se já o foi) e verá que não é fácil desempenhar o cargo.
Não me leve a mal...mas...IM foi mordazmente criticado por si e disso, como sabe, discordei.
Um abraço.

1:50 da manhã  
Blogger xavier said...

Estava cheio de razão como o tempo veio comprovar.
Agora sinto pena dele (o que não é bom sentimento).

Se não leva a mal vou discordar de novo.
Concordo que há bons autarcas. Mas a maioria não.
Um abraço

2:39 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Xavier,
Apenas mais um abraço.
E Viva a República...com ou sem "bananas".

11:10 da tarde  
Blogger Peliteiro said...

Só hoje me apercebi que o Xavier retirou a frase «os Patologistas Clínicos podem dedicar-se mais à Patologia Clínica, ou lá o que é isso».

Fez bem. São diatribes a que eu não resisto quando escrevo, que apimentam o texto e me dão um gozo traquinas; mas não acrescentam nada à ideia.

No entanto, já agora, duas perguntas:

1- Porque são os directores dos laboratórios Públicos sempre Médicos Patologistas Clínicos e dos Privados quase sempre Farmacêuticos Analistas Clínicos?

2- Quem faz a validação biopatológica das análises, nos Vossos Hospitais, entre as 20 e as 8 horas?

7:23 da tarde  

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