Central de Negociação
IDEIA: link Instalação de uma Central de Negociação (CN) para negociação de todas as condições de fornecimento de medicamentos, reagentes (laboratórios), consumo clínico e outros materiais a distribuir a instituições públicas (hospitais, centros de saúde, instituto português de sangue), sociais e privadas de Saúde.
O QUÊ: A aquisição de medicamentos, reagentes e outros produtos de elevado valor e uso generalizado são efectuadas individualmente pelas diferentes entidades de Saúde Portuguesas.
Pretende-se alavancar o poder negocial do conjunto dos prestadores de serviços de Saúde do sector Público, Social e Privados, por forma a conseguir descontos comerciais por volume, reduzindo significativamente os custos de encomenda individuais.
COMO: A Central de Negociação (CN), não intervém na logística dos produtos, apenas negoceia preços e condições de fornecimento com os fornecedores. A CN tem acesso à informação sobre as quantidades e preços das aquisições (histórico) e pode solicitar estimativas de consumos às entidades públicas, sociais e privadas aderentes. A CN é responsável pela negociação de todas as condições de fornecimento. A CN retém uma margem para funcionamento e investimento próprio. A adesão à CN é livre. A CN é responsável pela avaliação das compras efectuadas por instituições públicas. As entidades pertencentes ao SNS são penalizadas nos casos em que se comprove a aquisição de produtos com preços mais elevados que os negociados pela CN.
ONDE: Instalação num edifício devoluto do MS, com 200m2, e 6 postos de trabalho.
QUEM: 1 AH sénior, economista; 1 AH sénior jurista; 1 farmacêutico sénior; 1 analista clínico sénior; 2 farmacêuticos juniores.
QUANDO: 90 dias.
QUANTO: Os encargos de funcionamento não têm significado, face à dimensão dos benefícios .
Poderá obter-se redução de preços entre os 2,5% e 5%. Redução de despesas de "procurement" (5% do valor actual).
Problemas/efeitos indesejados: Dificuldade de criação do sistema de Informação. Os fornecedores tentarão eliminar o poder negocial através de interferências negociais e de influência política; As unidades de Saúde poderão apresentar alguma resistência ao projecto.
Grau de dificuldade: Médio, 3 ♠♠♠.
OBERVAÇÃO FINAL: Para ter êxito é necessário "Jogar bonito" e simples.
Mário Sá Peliteiro
8 Comments:
Vou postar os trabalhos apresentados mais lentamente para dar tempo de intervenção aos comentadores
Central de negociação no lugar de Central de Compras parece-me ser a originalidade da ideia.
Um catálogo do IGIF obtido por negociação no lugar dos concursos públicos.
Avaliação económica e da qualidade dos produtos no lugar dos proceimentos administrativos da AP.
A dificuldade de criação de uma estrutura destas é elevada.
A começar pelo sistma de informação.
Depois há a resistencia dos senhores habituais.
Não é por acaso que a OCDE anda especialmente preocupada com Portugal.
Parabéns ao Peliteiro pelo seu trabalho.
Algumas considerações e esclarecimentos sobre esta CN.
Em primeiro lugar para dizer que a ideia não é nenhuma originalidade (como nota JFP), pelo menos no que respeita a medicamentos. Na altura em que fui Director-Geral da Cofanor participei num projecto idêntico, limitado a 4 empresas é certo, e posso dizer que os resultados então obtidos foram excelentes (inclusivamente tentámos alargar a parceria a empresas de distribuição farmacêutica Espanholas).
Quanto às modificações entretanto introduzidas:
1- Concordo com a modificação da designação Central de Compras para Central de Negócios. Aliás no texto original eu dizia «mais apropriadamente central de negócios»; usei Compras para um mais fácil entendimento da ideia.
2- Não concordo com a eliminação de "outros" na IDEIA. A CN além de medicamentos e reagentes poderia negociar outros produtos ou serviços (ex. biocidas; material para diálise, imagiologia, até telecomunicações), sempre que se julgasse poder haver benefícios.
3- Concordo com a inclusão de instituições sociais.
4- Não concordo com a eliminação de «a avaliar as compras efectuadas por instituições públicas» em O QUÊ. O objectivo principal da CN não seria avaliar, mas sempre que se detectassem eventuais anomalias em compras efectuadas por instituições públicas, estas constariam de um relatório remetido à instância responsável.
5- Concordo com as restantes modificações.
(erro em requisitos)
Quanto à sugestão de JFP:
1- Concordo com a inclusão de «Em estreita colaboração com "A Comissão de Farmácia e Terapêutica NACIONAL" (forte e musculada, é claro).» No entanto não convém misturar objectivos, para que amigo não empate amigo.
Quanto às dúvidas de Tonitosa:
1- A CN é 100% Pública, poderá no entanto ter clientes Privados se e enquanto estes quiserem.
2- As eventuais "especiais motivações de clientes associadas a fornecedores" são apenas um dos problemas que os operacionais da CN teriam que contornar. Nesta actividade tem que se ter "olho-vivo".
3- Se a CN não funcionar (ver primeiro parágrafo) extingue-se. Fácil. A estratégia de recuo é simples.
4- Não há (que eu saiba) nem haverá (que eu preveja) AH Farmacêuticos.
5- Como foi referido atrás a responsabilidade de compra é sempre da gestão. A adesão à CN e a cada um dos negócios é livre, pelo que não se poderá dizer "pois...mas eu não tenho nada a ver com isso!"
Quanto às sugestões de SemMisericórdia:
1- Concordo com todas (ver considerações às "modificações entretanto introduzidas") excepto com a redução de preços de 5%, que me parece demasiado optimista. A questão é esta, se há alternativa de fornecedor a redução esperada pode ser vultuosa; se não, não; os produtos que representam as maiores despesas nos Hospitais, em valor, nem sempre têm alternativa de fornecimento. No entanto 1 ou 2% no SNS é muita "massa"!
Quanto às dúvidas de Ricardo e João Pedro:
1- Esta CN não substitui o IGIF nem o seu catálogo, nem avaliações económicas nem da qualidade. Também não pretende definir quais os produtos mais aptos para a satisfação de necessidades. Por isso não me parece difícil a criação desta estrutura. A CN negoceia apenas produtos bem tipificados e com um padrão de compras bem conhecido, exemplo Ciclosporina 100mg caps.; reagente HIV1+HIV2.
Obrigado a todos. Abraço.
a) - A CN além dos medicamentos e reagentes, negociará a aquisição de outros materiais, nomeadamente o consumo clínico.
b) - Agradecia que explicasse melhor como se processaria "a avaliação das compras efectuadas por instituições públicas".
Limitar-se-ia a chamar à atenção nos casos em verificasse que determinados HHs estavam adquirir produtos com preços mais elevados ao catálogo da CN. Uma vez que a adesão à CN é livre.
Avaliação das compras efectuadas por instituições públicas:
Imaginemos que o HSA comprou caps. de Ciclosporina 100mg a 3 euros, o HSJ a 2 euros e a CN conseguiu negociar um fornecimento a 1 euro.
Imaginemos que o HSA comprou um determinado contador de hematologia por 20.000 euros e o HSJ comprou o mesmo por 10.000 euros.
Imaginemos que o HSA comprou tiras de glucose da marca x a 10 euros, da marca y a 10 euros, da marca z a 10 euros; o mesmo acontece em muitos outros hospitais...
Há que reportar estas eventuais anomalias a quem de direito. Só o facto de se saber que alguém faz este tipo de avaliação poderá trazer alguns resultados. Penso eu de que.
Do que entendi do texto e dos comentários, parece que a criação de uma CN resume-se a arranjar instalações e colocar para lá uns PCs e meia dúzia de técnicos, e, já está.
Esta ligeireza é a mesma que leva o SUCH a querer meter-se na plataforma de serviços sem ter qualquer experiência para o negócio.
Primeiro é preciso decidir o que se pretende negociar.
Há que elaborar um catálogo com a especificação dos artigos a negociar. Nada fácil.
Depois há que criar uma base de dados com informação detalhada sobre preços, qualidade, contratos, etc,
Criação de um regulamento de negociação.
Avaliação do mercado, etc, etc.
O essencial na criação de uma CN não é arranjar paredes e computadores, o essencial é ter acesso ao know how sobre o processo de compras para o que é necessário reunir experts nesta matéria.
Foi talvez por isso que a senhora ministra do RU contratou a DHL, como referiu o drfeelgood.
Pouco a pouco a saudesa está a aderir às ideias liberais.
A visão tecnocrática dos problemas convertida em política dá nisto.
Diz muito bem, Caro Saudepe, é fundamental contar com profissionais com algum Know-how (e competentes, e honestas).
No entanto o efeito da curva de experiência da CN sentir-se-ia ao fim de apenas alguns meses. E se fosse usado o princípio de "começa pelo fácil para aprender a fazer o difícil" (iniciando por maiores despesas / mais que um fornecedor) rapidamente se poupavam umas boas "massas".
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