domingo, novembro 19

Hospital c/ Coquepite


A ESS, do grupo financeiro BES, envolvido ultimamente numa série de escândalos bancários - Mensalão, Portucale e, o último, com investigações em Madrid e Barcelona, por lavagem de dinheiro, prepara-se para inaugurar o “hospital da Luz”, o qual, segundo o expresso economia, 18.11.06, vai revolucionar os internamentos das unidades privadas em Portugal com uma grande aposta na tecnologia.
Trata-se do já famoso coquepite, um computador instalado nas camas do internamento que serve de meio de comunicação para os doentes e pessoal clínico, o qual só funciona com cartões de segurança e passwords (e com cartões de crédito com saldos substanciais).
Trata-se de um hospital 5 estrelas, todo informatizado, "no paper", destinado a utentes com muito papel.
É o sector privado a "ganhar músculo" para assumir a gestão de importantes unidades do SNS, através das Parcerias Público Privadas (PPP).

Informação sobre o novo Hospital da Luz: link link

4 Comments:

Blogger tonitosa said...

Pois venham os hospitais com ou sem coquepite! O que é preciso é uma medicina de qualidade. Ao Estado cabe sempre o dever de ser melhor do que os melhores. Assim não se vê por que razões não poderão coexistir os dois sectores.
E finalmente os bons gestores hospitalares que temos e que hoje proliferam nos HH EPE's e SPA's terão boas oportunidades para mostrarem o que valem.

12:47 da tarde  
Blogger Clara said...

Primeiro um abraço para o Tonitosa

Seria óptimo que se estabelecesse em Portugal um sistema de concorrência salutar entre o sector público e privado.

Infelizmente, a experiência tem demonstrado precisamente o contrário.
O sector privado tem vivido e deenvolvido à custa do Estado.

A experiência do Amadora Sintra com investimento público, formação do pessoal feita no sector público é bem elucidativa do que é capaz o sector privado.
Esperava-se, pois, uma prestação de cuidados de maior qualidade. Tal não aconteceu, bem antes pelo contrário.
Que lucros,entretanto, terá realizado a Mello Saúde com este projecto?
Falta um estudo, tal como os Ingleses tem feito em relação às parcerias para responder à seguinte questões:
Se tivese sido o Estado a assegurar a Gestão do Hospital Amadora Sintra quanto teria gasto?

Quanto gastou com a exploração da Mello Saúde?

Qual o saldo económico da decisão de ter concessionado a exploração do H.Amadora Sintra a uma empresa privada?

Mas o Estado apenas está interessado em entregar, a qualquer preço, o sector da Saúde aos privados. É uma decisão política (do nosso bloco central) que precede toda e qualquer análise sobre esta matéria.

Neste projecto do ESS é de saudar o primeiro grande investimento privado num edíficio que parece reunir todas as condições para a prestação de cuidados de elevada qualidade.
Mas lá temos os médicos e enfermeiros formados nos hospitas do estado.

Mas o investimento privado na Saúde faz parte de uma estratégia mais ampla de ganhar posições que lhe permita dominar o sector e ditar as suas próprias regras de mercado (acesso, preços, padrão de qualidade).

Isto perante um Estado incapaz de supervisionar e fiscalizar os contratos de longa duração efectuados com os privados como ficou demonstrado com o contrato do hospital Amadora Sintra.

O que as empresas financeiras privadas são capazes para cumprirem o seu objectivo, realizar lucros, poderá ser bem demonstrado pelos inúmeros escândalos em que o grupo BES ultimamente se tem envolvido.

O que está a acontecer com a Saúde em Portugal é de trazer os portugueses muito preocupados.

3:06 da tarde  
Blogger Clara said...

Queria corrigir o seguinte:

Desenvolvido - 5.ª linha;
As seguites - 14.ª linha.

3:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meus amigos
"Um computador instalado nas camas do internamento que serve de meio de comunicação para os doentes e pessoal clínico, o qual só funciona com cartões de segurança e passwords";
"Os circuitos funcionais desenhados com o objectivo de proporcionar as máximas condições de segurança e racionalidade, sendo a articulação dos processos clínicos, operacionais e financeiros, garantida através de um sistema de informação de vanguarda" e tudo o mais que de inovador e de vanguarda se propõe ser instalado.
Quem não gostaria de ter e ver a funcionar nas Instituições de Saúde Públicas?

Haja espírito inovador (que o há, como se prova) e boa capacidade de gestão e dinheiro (que não parece haver no serviço público) que também se conseguirá transformar a qualidade dos HH públicos para níveis iguais a este que o Hospital da Luz se propõe (?) alcançar. Mas qualidade não é só de bem estar, de inovação, de serviços de apoio ou de gestão empresarial. É e deverá ser também qualidade assistencial em termos de resultados a curto, médio e longo prazo.
E não penso que seja necessário utilizar o conceito de “cenoura e chicote” (a lembrar qual D.Quixote e seu burro que não o Sancho Pança) para atingir esses objectivos.
Dêem-se as mesmas condições de trabalho aos profissionais que neles trabalham, a mesma responsabilidade a nível de chefias intermédias, as mesmas remunerações e as mesmas regalias que a satisfação e a dedicação virão por acréscimo.

Mas fica tudo dito quando referem os mentores do projecto "que o Hospital da Luz vai ser um hospital vocacionado para a população em geral, com vantagens de custo para pessoas que possuam seguro de saúde ou sejam beneficiárias de subsistemas de saúde, um mercado alvo entre 30 a 35 por cento da população da Grande Lisboa".
Estudos de prospecção de mercado terão sido feitos à luz do actual sistema de Saúde (com base na procura de serviços privados e das comparticipações/convenções com subsistemas de saúde e com o Estado) mas também com base na tendência que os actuais responsáveis da Saúde imprimem ao SNS e porque não também de "promessas secretas" por alguém realizadas.

Parece fácil assim atingir um alvo populacional de 30 a 35% da população de Lisboa para rentabilizar 150 camas mas mais fácil o será quando se transferir o mais oneroso dos cuidados médicos para o SNS, apesar do Director Clínico do novo Hospital da Luz ter deixado claro que não se prepara para "ficar com o lombo e entregar os ossos" às unidades do sector público.
Como se nós acreditássemos.

3:22 da tarde  

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