Gastar Mais e Pior Saúde
Gostava de ter escrito isto:
(...) A gestão empresarial dos hospitais pode ser um caminho para reduzir o desperdício e melhorar os cuidados médicos. Mas, como está concretizada, é apenas uma via de degradar a assistência na saúde. Os objectivos financeiros deveriam ter sido completados com exigência de qualidade e obviamente com os hospitais de retaguarda. Como sempre, ficou-se pelo corte de custos e pela criação de empresas com lugares para ocupar nas administrações. Tudo o resto, o mais importante, ficou por fazer estragando uma boa solução. O resultado final, ainda o veremos, será gastar mais e ter pior saúde. Lamentável. link
Helena Garrido, DN 05.12.06
Helena Garrido, DN 05.12.06
6 Comments:
A "boa solução", com o mais importante ou o menos importante por fazer, está posta à prova e os resultados são evidentes.
Mas o resto da análise feita por Helena Garrido sobre "a escolha das patologias mais ou menos rentáveis", faz-me lembrar o que eu algures aqui no SaudeSa comentei a propósito do post:
"SNS - Sector Público /sector Privado"
"Por outro lado os privados continuarão a "escolher" os casos que mais rentabilidade e sustentabilidade dão à sua empresa.
Como? Exemplo duma Companhia de Seguros que protela e acaba por não se responsabilizar pela admissão dum sinistrado nos seus Serviços Clínicos pelo facto de ser previsível um tratamento prolongado em regime de internamento sem necessidade de intervenção cirúrgica. A mesma Companhia de Seguros, num outro caso em que o tratamento cirúrgico "está á cabeça", com um internamento previsível de curta duração, é a primeira a contactar os Serviços Públicos para "recuperar" o sinistrado para os seus Serviços Clínicos.
Dois pesos e duas medidas."
Pois é.
É o dito Sector Público empresarial a "copiar" a estratégia do Sector Privado.
De acordo com a Agência Lusa,
"a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) suspeita de que alguns hospitais públicos com consultas neurológicas negam acompanhamento a portadores de esclerose múltipla por razões de ordem financeira."
Manuel Delgado veio dizer que não é credível esta conclusão da ERS, admitindo no entanto que alguns hospitais, por falta de meios especializados, estejam a encaminhar doentes para outros estabelecimentos.
Imaginem isto no tempo de LFP/HH SA's!...
Quantos comentários já aqui teriam surgido? Quantas críticas?
Sou eu que estou a ser exagerado? Pois bem, vejam o que se escreveu quando surgiu a suspeita de que alguns SA's estavam a dar prioridade no atendimento de utentes de subsistemas.
Mudam-se os tempos...mudam-se as vontades. E é caso para dizer: expliquem-me como se eu fosse muito burro!
PS: creio que só o Joaopedro abordou o assunto.
Há um outro tipo de problema com tratamento destes doentes que é a comprovação da eficácia de certos medicamentos muito caros, propagandeados pela indústria farmacêutica.
Aguardemos por mais notícias sobre a matéria.
O responsável da ERS comunicou as suas "suspeitas" de selecção adversa dos doentes com esclerose. à comunicação social, no Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla.
Terá sido no início ou no fim da festa deste dia comemorativo?
Com hospitais empresarializados ou privados o Estado (através dos nossos impostos) vai passar a pagar mais por pior serviço.
Eu não tenho dúvidas disso.
Cabe aos estudiosos deste blogg demonstrar que assim é ou o seu contrário.
A diferença está no cumprimento da reivindicação politica de abertura do sector público às empresas privadas.
No lugar de serem uns milhares de agentes do Estado a "mamarem" com o negócio da saúde, vamos ter meia dúzia de empresas privadas a tirar proveito dos nossos impostos.
Imposições do capitalismo liberal, das empresas apoiantes do engenheiro sócrates.
No meio disto tudo CC não passa de um confuso Paulo Bento com um discurso melhor alinhavado, entusiasmado à custa de algumas palmadinhas nas costas.
Ainda não vi neste blog nenhuma análise comparativa de custos e da qualidade praticada dos nossos hospitais com, por exemplo, os hospitais do Reino Unido.
Comparativamente, a remuneração do trabalho dos profissionais de saúde no nosso país é muito baixa o que deve traduzir-se em custos mais baixos por doente tratado (pese embora a elevada ineficiência).
O padrão de qualidade dos nossos cuidados de saúde não é igualmente inferior à dos países da UE.
O que vai acontecer com esta privatização do nosso SNS é a subida imediata dos custos.
Acontece que o nível de rendimento dos cidadãos portugueses não é comparável ao da maioria dos cidadãos dos países da UE (quinze).
Vamos ter, assim, muitos portugueses arredados do acesso aos cuidados de saúde.
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