JGE
(...) Prémio - Há novas regras que vão ser implementadas nos hospitais, com vista à diminuição de gastos com medicamentos. Os protocolos terapêuticos são medida válida?
GE– Tudo o que for feito para melhorar a gestão dos hospitais é uma vantagem para todos nós. Não se compreende que existam hospitais que tenham determinadas ‘performances’, mesmo financeiras, e outros que tenham ‘performances’ completamente diferentes. Isto por um lado. Por outro lado, também sei que não há dois hospitais iguais.
Recordo que há alguns anos avancei com a ideia de se criar uma técnica de gestão, que na altura estava muito na moda, denominada Base de Risco Zero. É muito simples, basta sabermos quanto é que se gasta em cada hospital, em medicamentos, em hotelaria, em salários etc. Porque estamos a correr um risco muito sério que é podermos estar a dar a certos hospitais um determinado quantitativo que, proporcionalmente às necessidades, não seja o correcto.
Prémio - Como é que se pode sair daí?
GE – Não é um exercício fácil, mas é com certeza um acto de melhor gestão. Foi esse o princípio que defendi para a linha do protocolo hospitalar. Foi saber, primeiro, nas duas principais áreas terapêuticas, Sida e Oncologia – que consomem mais de 50 por cento dos medicamentos de uso hospitalar – quantos doentes temos, onde estão a ser tratados, o que é que se gasta. Sem se ter estes indicadores – e eles deviam estar concluídos até final de 2006, havia um compromisso nesse sentido – os números vão ser sempre diferentes. Está à vista. Não é por acaso que o senhor ministro da Saúde, dentro da sua própria casa, tem dois ou três números diferentes. E nós temos outros números diferentes. Sem que esse trabalho esteja feito é ilusão falar de um mercado hospitalar que cresce quatro, seis, ou oito por cento.
(...) Prémio- Sente que o SNS está a acabar?
GE- Não. Sinto é que todos nós, seres humanos, somos relutantes à mudança e, na minha opinião, há que mudar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque tudo mudou na Saúde, nos últimos anos. Agora, não se faz uma mudança destas por decreto-lei. Isso é um erro. As pessoas têm de explicar quais são os caminhos que se devem percorrer. Se não se explicar vai ser muito difícil.
Prémio – O doente vai perder com esta mudança?
GE- Creio que não. O sistema de saúde nacional, tal como está – e este é que devia ser o grande debate a travar – refere que todos temos direito a ter a Saúde como temos porque cada um já paga impostos diferenciados. Penso que isso não é suficiente. Primeiro que tudo, as seguradoras têm que ter um papel mais importante do que o que têm tido até aqui. Temos vindo a assistir a um incremento da sua participação mas é pouco ainda. Isso é que pode permitir que aqueles que já pagam mais impostos tenham condições para, através de sistemas complementares, escolherem como e de que forma querem estar no sistema.
Prémio- Através do ‘opting-out’?
GE- É o que eu defendo. Um ‘opting-out’ de um dia para o outro é um número muito arriscado, mas o caminho é por aí. Não sinto que se esteja, pois, a destruir o SNS, sinto sim que se esta transicção não for feita, com todos, de forma clara, bem discutida e com alguma humildade, aí sim, será complicado.
Entrevista de Marina Caldas, revista Prémio 18.01.07
GE– Tudo o que for feito para melhorar a gestão dos hospitais é uma vantagem para todos nós. Não se compreende que existam hospitais que tenham determinadas ‘performances’, mesmo financeiras, e outros que tenham ‘performances’ completamente diferentes. Isto por um lado. Por outro lado, também sei que não há dois hospitais iguais.
Recordo que há alguns anos avancei com a ideia de se criar uma técnica de gestão, que na altura estava muito na moda, denominada Base de Risco Zero. É muito simples, basta sabermos quanto é que se gasta em cada hospital, em medicamentos, em hotelaria, em salários etc. Porque estamos a correr um risco muito sério que é podermos estar a dar a certos hospitais um determinado quantitativo que, proporcionalmente às necessidades, não seja o correcto.
Prémio - Como é que se pode sair daí?
GE – Não é um exercício fácil, mas é com certeza um acto de melhor gestão. Foi esse o princípio que defendi para a linha do protocolo hospitalar. Foi saber, primeiro, nas duas principais áreas terapêuticas, Sida e Oncologia – que consomem mais de 50 por cento dos medicamentos de uso hospitalar – quantos doentes temos, onde estão a ser tratados, o que é que se gasta. Sem se ter estes indicadores – e eles deviam estar concluídos até final de 2006, havia um compromisso nesse sentido – os números vão ser sempre diferentes. Está à vista. Não é por acaso que o senhor ministro da Saúde, dentro da sua própria casa, tem dois ou três números diferentes. E nós temos outros números diferentes. Sem que esse trabalho esteja feito é ilusão falar de um mercado hospitalar que cresce quatro, seis, ou oito por cento.
(...) Prémio- Sente que o SNS está a acabar?
GE- Não. Sinto é que todos nós, seres humanos, somos relutantes à mudança e, na minha opinião, há que mudar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque tudo mudou na Saúde, nos últimos anos. Agora, não se faz uma mudança destas por decreto-lei. Isso é um erro. As pessoas têm de explicar quais são os caminhos que se devem percorrer. Se não se explicar vai ser muito difícil.
Prémio – O doente vai perder com esta mudança?
GE- Creio que não. O sistema de saúde nacional, tal como está – e este é que devia ser o grande debate a travar – refere que todos temos direito a ter a Saúde como temos porque cada um já paga impostos diferenciados. Penso que isso não é suficiente. Primeiro que tudo, as seguradoras têm que ter um papel mais importante do que o que têm tido até aqui. Temos vindo a assistir a um incremento da sua participação mas é pouco ainda. Isso é que pode permitir que aqueles que já pagam mais impostos tenham condições para, através de sistemas complementares, escolherem como e de que forma querem estar no sistema.
Prémio- Através do ‘opting-out’?
GE- É o que eu defendo. Um ‘opting-out’ de um dia para o outro é um número muito arriscado, mas o caminho é por aí. Não sinto que se esteja, pois, a destruir o SNS, sinto sim que se esta transicção não for feita, com todos, de forma clara, bem discutida e com alguma humildade, aí sim, será complicado.
Entrevista de Marina Caldas, revista Prémio 18.01.07
Nota: A despedida de um notável dirigente do campo adversário, pessoa estimável, bem registada pela MC.
1 Comments:
Sobre a informação relativa ao consumo de medicamentos andamos todos aos papeis.
Os valores sucedem-se.
O DE de hoje traz o último valor sobre o crescimento dos consumos de medicamentos hospitalares: 4,9% (parece um daqueles números que aparecem nos saldos).
Até ao encerramento definitivo das contas de 2006 quantos valores mais aparecerão?
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