Intervenção de CC no Ciclo de Conferências da ANF(…) Muito se tem especulado, também, sobre uma porventura desejável analogia com as regras em países como a Espanha, a França ou a Grécia, onde a reserva da propriedade farmacêutica é ainda prevalente. Todavia, este debate tem, em regra omitido o facto de Portugal ter uma densidade de farmácias, que é muito inferior à desses países. Assim, se Portugal adoptasse a razão habitantes/farmácias de cada um deles, teríamos que abrir mais 2.099 farmácias, ou mais 961, ou ainda mais 5.943, caso adoptássemos a densidade de Espanha, da França ou da Grécia, respectivamente. Não foi isso o que fizemos. A cláusula 5ª do Compromisso, embora baixando a capitação máxima, ficou em 3.500 habitantes por farmácia, por razões ligadas à sustentabilidade económica do estabelecimento. E foi este o acordo. Como se vê, bem mais favorável para os agentes económicos nacionais que o regime em vigor naqueles e noutros países. LINK
Além da Recomendação da Autoridade da Concorrência, o Governo analisou as recentes tomadas de posição da Comissão Europeia sobre o sector das farmácias em Itália, Áustria e Espanha, com fundamento na incompatibilidade das normas de direito farmacêutico nacional com as regras da liberdade de estabelecimento e de livre circulação de capitais.

CC, Ciclo de Conferências da ANF, 24.04.07
Discurso de João Cordeiro
(…) A pergunta que faço é se não deveria o próprio Estado ter orgulho por ver um pequeno sector desenvolver-se desta forma, após uma revolução traumática para o País e quando, ao fim de trinta anos, depois do consumo de recursos financeiros quase inesgotáveis, internos e externos, se vê a braços com dificuldades incomensuráveis de ordem económica e social. LINK
A pergunta que faço é se não deveria o Ministério da Saúde tentar preservar, a todo custo, aquilo que de positivo ainda existe, no caso das farmácias um sector ainda na mão de cidadãos portugueses, o que é hoje uma coisa rara em Portugal.
O diálogo não existe.
Assinámos, é certo, o Compromisso com a Saúde, mas lembro que a sua negociação foi promovida e assumida directamente pelo Sr. Primeiro-Ministro, sem empenhamento aparente do Sr. Ministro da Saúde.
Desculpar-me-á, Sr. Ministro, se estou a ser injusto neste particular aspecto, mas é esta a minha profunda convicção. (...)
Discurso de encerramento de JC, 8.ª Conferência Nacional das Farmácias, 19.10.06
5 Comments:
(Desculpe: ainda não chega de "farmácis/Lutas/ ANF/MS"?)
O certo é que a liberalização da propriedade das farmácias vai mesmo para a frente.
Não vemos que esta medida possa ter repercussões na redução do preço dos medicamentos.
Vamos ver se não vamos ter redução da qualidade dos serviços prestados.
Vingou o parecer da AdC.
a mim, parece-me que mal começou...
É extremamente significativo, na nossa gíria política e social, o uso (e abuso) da palavra (e do conceito) "liberalização".
O caso vertante das farmácias é, essencialmente, uma questão de Direito e, como todos vemos, a regularização do acesso à propriedade, comparativamente com outros bens patrimoniais.
Trata-se de acabar com um regime de excepção, carregado de condicionantes, em nome de uma mistificação da eficácia, ligando-a, primordialmente, à posse patrimonial.
Estabeleceu-se um "feudo" que privilegia uma área comercial, enfatizando-se o interesse público, e explorando-se as particularidades do campo social da Saúde. Isto é, estabeleceu-se uma estreita relação de dependência entre direitos, seus titulares e a
apropriação das coisas. Uma "apropriação perfeita", no entender da ANF, porque estrategicamente condicionada.
Aos farmacêuticos responsáveis pelas farmácias caberá, como o projecto de Lei consagra, o "direito de gerir" e deverá ser por esse caminho que se deve assegurar a eficiência da sua prestação social e o decorrente interesse público.
O "direito ao rendimento", não é correlacionável com a prestação social e, por justiça, deixará de ser condicionado. Ele não pode ser ligado à eficiência, fora de um âmbito mercantilista.
Quando se fala repetidamente e acintosamente em "liberalização das farmácias" pretende-se assim inquinar a polémica (não o escamoteemos) que se levantou sobre a propriedade das farmácias.
Todos conhecemos as devastadoras consequências das "liberalizações" no sector social.
Foi por isso que JC e a ANF deslocaram o problema para essa área. Pretendem contaminar a questão. Falsamente, porque todos nos recordamos da posição de JC quando Ferro Rodrigues anunciou as "farmácias sociais". Nessa altura, JC evocou as leis do mercado e da concorrência.
Agora, tem-nas à perna. Não tem de se queixar.
Mais, foi (vai continuar a ser) beneficiado com o reclamado "compromisso com a saúde". Sejamos perspicazes, com a participação de CC e/ou a benção de Sócrates, o "compromisso" é uma prebenda para as farmácias.
Toda esta polémica não tem razão de ser.
A liberalização que poderia marcar e fazer doer era a da instalação.
Tudo o resto é cantiga.
Se o regime fosse como o de Espanha abriam 2.000 farmacias !!!
Porque não abrem???
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