quinta-feira, abril 26

Saúde e ambientes


(...) Para reflexão, deixo 3 linhas do debate internacional. Uma, é a redefinição do âmbito da intervenção das políticas de saúde pública. Reconhecemos que muitas outras políticas governamentais ao nível local, nacional e internacional têm impacto na saúde humana. Evidências recentes demonstram que, mesmo nas economias mais evoluídas, existe uma relação entre estado de saúde e posição sócio económica do individuo, tal como há dois séculos atrás. Podemos mudar?

Uma segunda linha, promove a evolução da avaliação do risco e epidemiologia ambiental. Enfatiza-se a quantificação, a exactidão científica e a análise, na maior parte das vezes, retrospectiva. A avaliação retrospectiva contribui para uma sólida base de conhecimento e aprendizagem.

Uma terceira linha de debate surge da avaliação do impacto de todas as actividades económicas nos ambientes dos indivíduos. Porém, a relação de importância atribuída ao impacto do ambiente físico em detrimento do impacto social é digno de registo e preocupação. A avaliação do impacto social revela as questões de saúde mais relevantes das sociedades modernas. Por exemplo, quem nos guia na compreensão de fenómenos de violência como o que abalou os EUA recentemente? O que gera desequilíbrios de Saúde mental com proporções epidémicas? Não temos dúvidas: são efeitos dos ambientes em que as pessoas vivem!
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Paulo Kuteev Moreira

8 Comments:

Blogger naoseiquenome usar said...

Já escrevi isto mo MEMI. Reproduzo mutatis mutandis:

"A cultura é de violência sim; a aquisição de armas é tão fácil como a de rebuçados, também, e, um caso de violência em massa é explorado como se fosse de violência em série, não atendendo às características particulares do caso, fomentando assim, por imitação, cada vez mais violência.
Bolas! bolas de neve... que em vez de derreter se adensa."

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E acrescento:
as depressões são cada vez mais frequentes. Relacionadas com factores genéticos, biológicos ou psico-somáticos. E são, sim, negligenciadas, porque, ennquanto estamos bem, temos toda a gente connosco.

Quando mostramos algum sinal de fraqueza psíquica ou física, ficamos sozinhos.

A fraqueza psíquica, não se entende, em geral, porque para "doidos" já bastamos "nós"
A física, não se entende por impotência, e, porque, consequentemente, arrasta a vertente psicológica, e, de doidos, estamos "fartos" ...

E assim se fecha o ciclo...
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Pese embora, um testemunho trazido pelo DN (suponho) de uma Bio-informática a residir no loca, nos transmita que ao contrário do que se pensa, em Virgínia se pode dormir sem porta trancada, que o carro pode ficar aberto e que... no dia, já em alerta vermelho, passou por todas as polícias, sem ser minimamente questionada...

12:05 da manhã  
Blogger cotovia said...

No meio de tanta miúda boa, o pobre do Seung-Hui Cho não conseguia safar-se.

E pirou-se.

Se não fosse a bandalheira das armas nos EUA, o Seung-Hui Cho limitar-se-ia a digerir o mau ambiente com umas valentes bebedeiras.
Assim no lugar de um futuro cirrótico aconteceu uma tragédia.

1:26 da manhã  
Blogger e-pá! said...

A reflexão que artigo de Paulo K. Moreira nos sugere a partir do “massacre da Universidade de Virgínia Tech, EUA” , transporta-nos para uma vasta e importante questão:
- SAÚDE & AMBIENTE.

É um problema do Mundo actual e que tem sido objecto de importantes trabalhos. Porque esta correlação para além de significativa tem cada vez maior expressão, nas diferentes sociedades.

A European Enviroment Agency (EEA) tem dedicado a maior atenção a este tema. Um estudo publicado em 2003 revela que cerca de 25 a 30% da morbilidade na Europa deve ser imputada a factores ambientais. Com um rebate na morbilidade deste teor não é possível, para os responsáveis políticos, trabalhar na Saúde, sem equacionar e actuar sobre os factores e as condições ambientais.

Mas, a grande ênfase não se circunscreve às doenças (morbilidade). Estudos patrocinados pela OMS (The Lancet. 363. 2004. Valent, Francesca et all. Burden of disease and injuries attributable to selected environmental factors among Europe’s Children and Adolescents. World Health Organization.) revelam que 1 em cada 3 mortes de CRIANÇAS pode (deve) ser correlacionada com a má qualidade do ambiente.
Esta cifra representa, na Europa, à volta de 100.000 mortes/ano. O impacto sobre este importante índice da Saúde, a totalidade da mortalidade infantil é de 34%. Impressionante!

Qualquer País civilizado não pode ficar indiferente a esta tremenda vulnerabilidade das crianças à poluição. Existe um “Plano de Acção Europeu Ambiente e Saúde para as crianças” (Eur/04/5046267/7 19:04.2004).
Não conheço em que medida este Plano está sendo trabalhado, ou foi implementado, em Portugal.
Ou, ainda, com que prioridade foi inserido na estratégia do MS sobre Saúde Infantil?

Mas, porque são chocantes estes números sobre a mortalidade infantil/ambiente, nasceram Planos com âmbito mais vasto, definidos no seio da Conferencia Ministerial Ambiente e Saúde da EU (Junho 2004) que, coordenadamente, visam atenuar os efeitos do Ambiente na Saúde, nomeadamente em:
- doenças respiratórias (asma, alergias)
- alterações neurológicas
- cancro
- disfunções endócrinas.
Depois do massacre recentemente protagonizado por Cho Seung-hui, deveríamos, rapidamente e avisadamente, acrescentar:
- perturbações psíquicas (fundamentalmente, a depressão).

Necessitamos de preparar técnicos para esta área crítica. A Fundação Calouste Gulbenhian, na véspera do 25 de Abril deste ano, lançou um concurso sobre:
“AGIR Ambiente” e “Ambiente e Saúde”.
À atenção dos interessados...

As doenças correlacionadas com o Ambiente, apesar dos recentes desenvolvimentos e dos progressos nas questões ambientais, continuam, neste século XXI, a acumular novos riscos.
Riscos esses que são, numa primeira análise, indissociáveis da degradação da qualidade da ÁGUA e do AR.
Nesta última situação, relativamente à problemática da poluição atmosférica, essencialmente concentrada nas grandes cidades europeias, foram imputadas acima de 60.000 mortes/ano.

Outro “massacre”,… perigoso, porque, interagindo progressivamente com múltiplos factores e processando-se com lentidão, não nos choca.
Não mata em directo na TV!
E, sendo assim, mantemo-nos insensíveis, anestesiados… quanto tempo mais?

1:32 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

è-pá:
Já em 1986, 11 anos volvidos, ma Holanda, numa conferência sobre "escassez da água", tal tinha ficado assente. Dentro em breve, sabido desde há muito, assente pelo menos desse então)( ficaremos sem esse bem essencial. (Bem mais escasso, à escala planetária, do que os médicos :))
E???????

Que fizemos desde então? Que fazemos hoje???

Isto é adaptável ao "ar". Sou fumadora, e quase me castigo por isso. mas lembro-me se uma afirmação de José Miguel Júdice, que ao relatar a aventura de pôr o filho na escola, dava conta do seu sacriFÍcio para não fumar (ao pé do filho), enquANTO LHES ENTRAVAM TODOS OS GAZES DOS CAMIÕES JANELA DENTRO...)

1:55 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

PERDÃO, 1996. o LAPSO É ÓBVIO.

2:03 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Parece um aviário.

12:56 da tarde  
Blogger ricardo said...

Mas porque é que não me calhou uma universidade assim...
Todas as noites havia tiroteio.

1:04 da tarde  
Blogger Unknown said...

Encontrei esta notícia no sítio da internet da ARS Allgarve, http://www.arsalgarve.min-saude.pt/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=1318&Itemid=64, discurso interessante do PR que passou desapercebido da imprensa generalista " Presidente da República apelou, este domingo, 22 de Abril, ao empenho de todos no combate pela prevenção e controlo das doenças cardiovasculares, na sua intervenção durante a sessão oficial de abertura do XXVIII Congresso da Sociedade Portuguesa de Cardiologia que decorreu em Vilamoura até ao dia 25 de Abril. Discurso integral, http://www.presidencia.pt/?id_categoria=22&id_item=5388, " As doenças cardiovasculares pertencem a um grupo de patologias susceptíveis de serem prevenidas. A prevenção primária das doenças do coração e dos vasos sanguíneos depende, em larga medida, da adopção de comportamentos e estilos de vida saudáveis. Entre estes, deve destacar-se o abandono do tabagismo, a escolha de um regime alimentar saudável, o combate ao sedentarismo e ao stress e a prática de exercício físico.Como cidadãos, temos o direito de exigir políticas públicas saudáveis. Além de medidas de protecção no local de trabalho e de um planeamento urbanístico mais salutar, poderá destacar-se a necessidade de instruir e educar para a saúde. Nos nossos dias, o Estado deve capacitar os cidadãos para fazerem opções saudáveis. Só uma pessoa informada está habilitada a realizar boas escolhas.Se os cidadãos têm o direito de exigir políticas públicas saudáveis, também dos cidadãos se deve exigir, em contrapartida, uma atitude de vida mais vocacionada para a saúde. Por muito eficaz que seja a intervenção do Estado, por muito competentes que sejam os , os resultados serão sempre escassos se os- e disso não tenho dúvidas -médicos cidadãos nada fizerem pela sua saúde, pela sua própria saúde.A saúde começa por nós. É a nossa saúde que está em causa. Ao contrário do que por vezes se diz, promover um estilo de vida saudável não corresponde a uma atitude paternalista por parte dos poderes públicos, nem constitui uma intromissão intolerável na liberdade e na privacidade de cada um. Ninguém deseja instituir uma qualquer «tirania da saúde» nem uma «ditadura da vida saudável».
Numa sociedade livre e aberta, todos têm o direito de escolher o seu estilo de vida e os seus comportamentos, desde que essa liberdade não colida com a liberdade dos outros. Mas, numa sociedade evoluída, todos devem conhecer os riscos que decorrem, como a investigação científica tem mostrado, de determinados estilos de vida e comportamentos. Existindo informação, a liberdade é indissociável da responsabilidade. Não podemos querer ser autónomos na escolha dos nossos estilos de vida e, depois, esperar que o Estado e os médicos consigam curar doenças que poderíamos ter evitado...O exemplo do combate ao tabagismo ilustra o que pode ser feito para diminuir aquele que é o maior risco para a morte por doença cardiovascular. As políticas que conduzam a uma redução do consumo de tabaco representam, por um lado, uma obrigação cívica de exigência de respeito e protecção dos não-fumadores, em particular dos mais jovens, e constituem, por outro lado, uma oportunidade de informar e criar condições para escolhas responsáveis."

11:31 da tarde  

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