sexta-feira, maio 4

Carreiras Médicas


(...) Com a introdução e nomeações através do novo modelo de contratação individual, o imperativo de prestação de provas, no qual assentava as carreiras médicas desapareceu LINK
Carlos Pereira Alves lembra que a Saúde é um problema sério, que diz respeito a todos, na medida em que todos “somos potenciais doentes”. Diz, por isso, que a defesa das carreiras médicas é a defesa de um serviço de qualidade. “O director de serviço não é mais um médico ou cirurgião “faz tudo”. Não é também uma espécie de fim de linha para resolver no bloco ou na enfermaria os problemas que outros não conseguem.
O director deve hoje ser o responsável pela gestão do funcionamento do serviço em qualidade e em quantidade. Tal gestão é essencialmente clínica. Esta gestão clínica exige, para ser bem executada, óbvios conhecimentos, experiência prática, prestígio e reconhecimento pelos pares”.
No debate, a preocupação dos médicos assentou na convicção de que o prestígio e reconhecimento por decreto ou nomeação não pode dar bons resultados. A função de director não pode ser vista como a de um chefe de repartição burocrática ou administrativa”.
As carreiras médicas, concordam os clínicos, tem sido um instrumento de formação contínua, assegurando o valor da excelência médica de que depende a qualidade em Saúde.
Na opinião do presidente da Sociedade dos Hospitais Civis de Lisboa, a reunião veio confirmar que se para alguns médicos as carreiras médicas morreram, para outros elas estão em perigo iminente, caso não sejam adaptadas às novas regras da gestão hospitalar.
Esta adaptação, referem, deve ser encarada como um objectivo fulcral da Ordem dos Médicos. Defendem, por isso, que “a OM deve analisar rapidamente a nova realidade e fazer propostas a quem de direito”. Segundo os clínicos, a defesa das carreiras médicas não é um problema de interesse corporativo mas sim um problema de defesa da qualidade da Medicina e da sua melhoria. Carlos Pereira Alves lembra que esta é também a posição da União Europeia, a qual defende e exige esta avaliação contínua. “As carreiras médicas são uma das formas de o fazer, pois exigem uma formação contínua para a obtenção dos graus de diferenciação profissional. Esperar que esta exigência de formação seja espontânea é ingénuo, deixar a mesma entregue a simples regras de mercado é um erro”, afirma.
GH n.º 26

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

A "morte" anunciada (verificada) das carreiras médicas vem - para além de provocar o "colapso" da formação médica contínua dos especialistas seniores - "destroçar" a organização interna dos serviços e desmotivar os profissionais para exercerem um papel activo na tutela da formação pós-graduada, isto é, nos Internatos Complementares das Especialidades.

Esta situação é muito importante na medida em que condiciona, a médio prazo, o desmembramento dos serviços hospitalares que, em minha opinião, devem ser concebidos orgânica e funcionalmente como unidades integradas.

Estas condicionantes (relativas às carreiras médicas) passaram, inadevertidamente, ao lado, quando se abordou, há 2 dias, alguns aspectos práticos do ensino médico.
Todavia, são determinantes, quer na área da formação, quer na qualidade assistencial e refletem-se na orgânica funcional dos Hospitais, "marcando" o seu futuro.

1:01 da manhã  

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