Relatório, financiamento SNS
Até parece que não ouviram a entrevista. link link O que foi dito e que o relatóro confirmará é que os 10% dos portugueses que recorrem aos seguros, fazem-no apenas de uma forma complementar, muito complementar. Será que não vale a pena discutir o regime de isenções? Que faz com que 50% de nós estejamos isentos! Não valerá apena discutir o facto de 90% dos portugueses não terem acesso a cuidados de medicina dentária? Não valerá a pena discutir o regime de deduções fiscais que beneficia as classes médias e altas em detrimento dos mais pobres que estando isentos de IRS não podem descontar as despesas privadas, nomeadamente os gastos com consultas das especialidades, medicina dentária, óculos e medicamentos? Para quem não saiba JS falava no final de uma Conferência organizada pela ARS Algarve e Universidade do Algarve realizada no campus de Gambelas/Faro semelhante a uma anterior realizada em Braga. Quanto aos seguros esperem pelo relatório porque ele confirmará a "fraca cobertura das apólices de seguros". Os dados revelados pelo relatório apontam para um gasto público da ordem dos 80% e não dos 70 e picos fornecidos pela OCDE.
Avicena
Nota:
Por sua vez, CC, relativamente ao relatório da comissão presidida por Jorge Simões, considera que " hoje a situação financeira do sector já não é tão preocupante como há dois anos" (quando anunciou o estudo da sua sustentabilidade) link
«É evidente que me preocupo [com a sustentabilidade do financiamento do sector], mas estou mais preocupado em manter a sustentabilidade alcançada em 2006 e que vamos continuar a assegurar .»
«É evidente que me preocupo [com a sustentabilidade do financiamento do sector], mas estou mais preocupado em manter a sustentabilidade alcançada em 2006 e que vamos continuar a assegurar .»
DE 14.05.07
Etiquetas: Avicena
2 Comments:
"os 10% dos portugueses que recorrem aos seguros, fazem-no apenas de uma forma complementar" ( apenas). Por enquanto, não? Enquanto se não tiver a verdadeira percepção da realidade/necessidade.
Enquanto o “Relatório sobre a Sustentabilidade do SNS”, já entregue ao MS, dorme um sono profundo, o que permite invocar razões desse foro a torto e a direito, aqui e acolá, vão-se desvendando pequenos tabus em nome de um grande tabu – a oportunidade política.
Todavia, apesar desta aparente dormência, os devastados campos da sustentabilidade mantêm-se agitados. Vários protagonistas colocam peões no terreno.
Hoje, ao ter conhecimento pela imprensa do livro de PKM, “Políticas de Saúde – Ensaios para um Debate Nacional” (livro que confesso, não li), o registo da súmula do redactor da notícia, contem uma asserção, que me chamou a atenção.
“Gastar mais nos cuidados de saúde primários é despesa boa. Gastar muito nalguns serviços hospitalares é despesa má”.
Independentemente de poder estar a citar fora do contexto geral, impressionou-me o terrível maniqueísmo desta “nova” máxima.
No meu entender, ao enveredar por estes caminhos, situações que são complementares ou, noutros casos, supletivas, são “empurradas” para um dilacerante confronto de opostos. Pugna-se, ao defender tais soluções, por colocar, o cerne do problema da sustentabilidade do SNS, em profundas trincheiras, por consequência opostas e incompatíveis.
Recordo, muito embora esta opinião possa gerar alguma polémica, que a rede hospitalar pública, tem aguentado – ao longo de anos a fio - com as manifestas e sobejamente conhecidas insuficiências do SNS.
É politicamente correcto defender que a MGF, ou melhor, os CPS, são o esteio do SNS. Ninguém, em termos conceptuais, contesta isso. Todavia, sempre que a rede de cuidados primários mostrou, ao longo do tempo, dificuldades, nomeadamente, no campo da cobertura integral do território, ou, exibiu fragilidades na assumpção de adequadas (prontas) acessibilidades, foram os HH’s que valeram à universalidade e à equidade do SNS. Nomeadamente, através dos serviços de urgência onde, como sabemos, se cuidava de tudo – emergente, urgente, agudo, sub-agudo, crónico, etc.
Neste momento, estão em curso reorganizações e reestruturações, quer no campo dos serviços de urgência (SBU’s, SUMC’s e SUP’s), quer nos CPS, com as USF’s.
Dessas medidas, que pressupõem investimentos (…os que o orçamento permite), esperam-se resultados.
Os HH’s públicos, neste momento assediados com a pujança financeira, o arrojo estratégico e a moderna organização que o SPS exibe, exactamente, no investimento em Hospitais, devem, na concepção de PKM, passar a “parentes pobres” do sistema. Não há um plano de reorganização, de reestruturação ou de modernização. São à cabeça "despesas más"!
O único plano visível é o aparentemente inesgotável combate ao “despesismo” que, em última análise, esconde uma inércia total em termos de organização, planeamento e, não escondamos, de investimento.
Deste modo, nesta penúria, a rede hospitalar pública defina sob o olhar concupiscente dos Sistemas Privados de Saúde.
Na verdade, é notório que os serviços hospitalares, não vivem dos serviços prestados, carecem de novas (ou de outras) oportunidades.
Porque não se desenvolveu, por exemplo, a via de transformação dos tradicionais Serviços hospitalares em Centros de Responsabilidade Integrada (CRI’s)?
Claro que é mais barato não investir, deixar cair, fechar.
Não enfrentamos - deslocamos - o problema da sustentabilidade.
Das grandes e pequenas insustentabilidades que vão sendo endossadas ao SNS, nascerá a sustentabilidade global do SPS.
Ou seja, a insustentável leveza do ser – ou continuar a ser – SNS.
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