sexta-feira, novembro 2

Consultas Hospitalares

Entre 2004 e 2006, as consultas de especialidade hospitalares, para o total do SNS, cresceram 9,8%. E as primeiras consultas 8,8%.

O Plano Nacional de Saúde, prevê, como meta, a subida da taxa de primeiras consultas para 33% (ano 2010- projecção 26%), relativamente ao volume total de consultas hospitalares, o que talvez seja pouco ambicioso dada a prática de efectuar um grande número de consultas subsequentes, muitas delas desnecessárias (prática que é necessário alterar).

O problema do TE das consultas de especialidade, reside na deficiente articulação entre CSP e Hospitais.
Para ultrapassar esta dificuldade, o MS desenvolveu um projecto nacional de reorganização, dirigido à mudança das Consultas Externas Hospitalares, denominado "A Consulta a Tempo e Horas", que prevê o estudo de revisão de procedimentos de forma a desburocratizar o acesso, através da eliminação de requisitos desajustados. Implementação da banda larga para melhoria das comunicações e circulação célere de informação. Estabelecimento de prioridades em função da gravidade dos casos. Planeamento de consultas de forma a permitir aos doentes saber o tempo que terão de esperar para conseguir uma nova consulta.

O MS fez o trabalho de casa. Raramente, o MS trabalhou tão bem e tão afincadamente como em relação a esta matéria.

7 Comments:

Blogger tonitosa said...

Escrevi no meu comentário anterior que os dados sobre consultas de especialidade, segundo os quais 382 866 doentes aguardam por uma consulta, com tempos de espera que chegam a ultrapassar os dois anos, não tardariam a ser relativizados.
Tem sido sempre assim. Quando um relatório é desfavorável ao MS logo surgem defensores (oficiais e oficiosos) a procurar desvalorizá-los ou a tentar convencer-nos do contrário.
Para além dos comentários aqui no Saúde SA, uns a favor e outros contra, no caso presente, foi a Senhora SE Carmen Pignatelli que mais uma vez nos surpreendeu. Perante as câmaras da TV disse ela: os números apurados pela IGS podem estar errados porque houve alguns hospitais que não forneceram dados! Questionada se, então, isso significava que os doentes em espera podiam ser ainda mais, logo acrescentou: podem ser mais ou menos. Podem ser menos porque entretanto houve doentes que faleceram e outros que desistiram e recorreram a médicos particulares!
Ora aqui está mais um rasgo de inteligência.
Então os doentes que desistiram e que faleceram não deviam ser contabilizados nas listas de espera?! Dir-se-ia que, a médio prazo, as listas até se poderiam reduzir a zero, sendo apenas uma questão de fazer esperar os doentes cada vez mais.
Então se os doentes constam na lista de espera não é porque ainda não foram chamados, Senhora Secretária de Estado? E se não foram chamados, não são doentes em lista de espera? Não são doentes a quem não foi dada resposta?
Por amor de Deus, tirem-me deste filme!
Conheço um caso em que um doente, falecido havia mais de dois anos, recebeu(?), finalmente, uma carta a chamá-lo para a consulta!
Não façam de nós parvos. Com ou sem banda larga, os dados aí estão. E dois anos já passaram desde que esta equipa governativa está no MS.
Os progressos nesta matéria não passam de medíocres.

12:03 da tarde  
Blogger saudepe said...

A capacidade de resposta dos HHs em relação às consultas de especialidade sempre foi má.

Este problema da rede de cuidados radica, em última instância, na cultura hospitalocentrista do nosso SNS.

Que a lista é extensa e que os tempos de espera são elevados já nós sabemos de há muito.

O que é novo é este ar de novidade criado pela notícia da TVI.
O problema não é novo.

É velho. Com barbas.

E todos os Governos foram incapazes de o abordar. De esboçar qualquer solução.

Foi preciso a notícia da TVI para todos nós nos alarmarmos.
Para a oposição se fingir indignada.Especialmente a Teresa Caeiro. Olheirenta de preocupação.

Mais uma prova que, hoje em dia, nada acontece nas nossas vidas sem passar na TV. De preferência na TVI.

Relativamente a esta matéria o Governo está a fazer o que tem de ser feito. E bem feito.

a) aumentou em cerca de 10% o número de consultas dos hospitais;

b)está a criar critérios que os médicos de família devem seguir para a"prescrição" de consultas da especialdade. Quantas consultas são "passadas" pelos Centros de Saúde sem qualquer razão de ser? Sem critérios?;

c) está a mexer no fundamental. Que é a criação de um sistema de informação capaz. Que funcione. Sem o qual não é possível gerir o sistema.
Porque até agora andámos às escuras. ÀS apalpadelas. Sem conhecer verdadeiramente a dimensão dos problemas, nem a forma dos combater.

Estou convicto que os doentes podem ter esperança. Que a situação está a mudar.

1:04 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Bloco de Esquerda, em comunicado, critica o ministro, sublinhando a urgência de regulamentar "a Carta dos Direitos de Acesso dos Utentes", um projecto aprovado este ano, que "obriga o Ministério da Saúde a definir prazos máximos para as consultas de diversas especialidades".

1:12 da tarde  
Blogger tonitosa said...

E que dizer daqueles "malandros" do H. D. de Faro que resolveram demitir-se? Aqueles malandros também devem estar a tentar desviar o "negócio" para os privados(?!). Ou, melhor, estão a mentir! Afinal no HDF tudo corre sobre rodas. E será que nas Urgências já está instalado o ALERT?

1:20 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Carmen Pignatelli nota que a prova de que o ministério está a tentar combater este problema é o facto de ter lançado em 2006 o programa Consulta a Tempo e Horas (a marcação é feita pela prioridade clínica e não pela data do pedido), que arrancou em nove hospitais e este ano já está a funcionar em 33 hospitais e 160 centros de saúde. Mas o processo adivinha-se lento: é necessário alargar o sistema aos 98 hospitais, 350 centros de saúde e 1700 extensões de saúde. A responsável promete apenas que, até ao final do ano, será publicado um regulamento sobre a marcação de consultas. Já o tempo de espera máximo garantido só deverá entrar em vigor em 2009. Entretanto, Pignatelli admite o recurso ao sector social e privado, como acontece já com as cirurgias, se o Serviço Nacional de Saúde não der resposta.
JP 03.11.07

3:45 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

O relatório sobre a sustentabilidade e este levantamento do IGAS sobre as Consultas Externas, ambos encomendados por CC, são verdadeiros tiros nos pés.

Estas baralhações são demonstrativas da inabilidade política de CC.

Qual será o próximo relatório a ser desenterrado pela TVI?

6:15 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Afirma-se, frequentemente, que o nosso sistema é hospitalocentrico.

Mas quando pesamos as medidas de impacto (algum impacto, bom ou menos bom, não importa!), deste MS, vemos que as mesmas dizem respeito aos CPS, às Maternidades, aos Cuidados Continuados Integrados, à re-estrututuração das urgências.
Quanto aos HH's - nada de estrutural:
Vimos medidas de fachada - EPE's, em vez de SA's, ou avulsas, daquelas que se aplicam a todas as situações: controlo da assiduidade, combate ao desperdício, ganhos de eficiência...
Mais parece um modelo "hospitalocentrifugo"...
Portanto, não admira estes 382.866 doentes, apesar do aumento de produtividade das 1as. consultas.

Os meus receios vão mais longe...

Destas mais 380.000 quantas servitão para aumentar as listas de espera cirúrgica?

Por outro lado a "Consulta a Tempo e Horas", para além do seu avanço a passo de caracol, é facil de prever dificuldades na articulação CSP e HH's. Trata-se de um mal crónico do SNS, essencialmente organizativo, dificilmente ultrapassado por "bandas largas" ou outras modernidades tecnológicas.
Então quantos destes doentes chegarão tarde e deixam de integrar quaisquer listas de espera?

Aí temos "a pescadinha de rabo na boca".

1:42 da manhã  

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