Contra as Maldades do Governo
A adesão global à greve da Administração Pública foi acima dos 80 por cento.
Temas de Saúde. Crítica das Políticas de Saúde dos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI Governos Constitucionais
posted by xavier at 4:26 da tarde
8 Comments:
Lá tivemos direito a mais um torneio de números, sobre os níveis de adesão à greve, entre o Governo e os Sindicatos.
Pergunto-me se este repetitivo "jogo" já não poderia ter dado origem a uma nova fonte de rendimentos da Sta Casa da Misericórdia de Lisboa, através de um concurso de apostas múltiplas.
Independentemente destas guerras de alecrim e manjerona e destes floreados, as declarações de Sócrates, hoje, lá longe, na India, afirmando: "...que os esforços que têm sido pedidos aos funcionários públicos "nos últimos 5 anos" só produziram resultados nesta legislatura.", mostram a infinita hipocrisia como, neste País (melhor seria dizer neste Mundo), se governa por "timmings".
No meio desta hipocrisia, hoje, muitos trabalhadores da AP (peço desculpa ao Dr. João Figueiredo pelo meu atrevimento) fizeram greve e, no próximo mês, dão deixar de receber uma parcela, com muita probabilidade, de um exígua remuneração.
As declarações de José Sócrates, na India (não quis falar sobre números...), e o eco assumido por João Figueiredo, em Portugal, sobre esta greve, fizeram-me lembrar Voltaire, um distinto iluminista, que afirmava ser a dissimulação uma virtude de reis e das camareiras.
Esta a maldade a que, no fim deste dia, julgo ter direito!
Com a devida vénia e solicitação da benevolência de dispensa de direitos de autor ao Prof. Santos Silva...
Greve da função pública marcada pela habitual guerra de números
01.12.2007, Natália Faria
O Governo diz que adesão foi de 21,8 por cento, enquanto sindicatos apontam para perto de 80 por cento. PS avisa que políticas "não vão mudar"
Houve escolas fechadas, consultas médicas adiadas, tribunais às moscas, lixo por recolher e pessoas sem transporte. Mas, como habitual, o balanço da greve da função pública variou consoante as versões. O Governo contabilizou uma adesão de 21,8 por cento, enquanto os sindicatos reivindicam adesões entre os 70 e os 80 por cento.
"A greve não perturbou o normal funcionamento dos serviços públicos", garantiu o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, dizendo que 85 por cento dos serviços periféricos do Estado estiveram a funcionar. "Mais de um milhão de estudantes ficaram sem aulas", contrastou logo a seguir Carvalho da Silva, líder da CGTP.
Colocando-se à margem desta "guerra de números" que marcou a abertura dos telejornais, o primeiro-ministro, José Sócrates, falou a partir da Índia para lançar um apelo conciliador. "É importante que os portugueses percebam que não se pode modernizar o país e os serviços públicos, deixando a administração pública na mesma", afirmou, sublinhando as virtualidades das suas políticas: "Havia coisas que tinham que mudar e mudaram nos últimos anos, em benefício de todos os portugueses e de um futuro melhor."
Argumentando que o país está num "ponto de viragem", Sócrates lembrou ser a primeira vez "nos últimos anos" que os funcionários públicos terão aumentos salariais em linha com a inflação. "No próximo ano, os funcionários públicos serão aumentados em 2,1 por cento, o que corresponde à inflação esperada. Isso já é um progresso", sublinhou. E, apesar de reconhecer que "os esforços pedidos aos funcionários públicos nos últimos cinco anos só produziram resultados nesta legislatura", o líder do Governo considerou que medidas como o fim do congelamento das carreiras e das remunerações salariais são "boas notícias" para os trabalhadores do Estado.
Adoptando a mesma estratégia de desdramatização, o porta-voz do PS, Vitalino Canas, avisou que a greve "não conseguirá mudar a direcção da política reformista do Governo", ou sequer "ofuscar o essencial". E o essencial é: "A certeza de que estes sacrifícios são necessários para a reforma do Estado e o equilíbrio das contas públicas."
É a quarta greve contra o actual Governo. A quarta vez que CGTP e UGT se unem contra Sócrates, num protesto que reivindica um aumento superior a 2,1 por cento para os funcionários do Estado. "É chocante que um Governo diga que é indiferente aos protestos quando estes trabalhadores, nos últimos sete ou oito anos, perderam 10 por cento do valor real dos seus salários", diz Carvalho da Silva, considerando que a persistência nas actuais políticas vai condenar este Governo.
Em termos sectoriais, a educação foi a área mais afectada, segundo o próprio Governo, que apontou uma adesão de 29 por cento. Em termos absolutos, dos 9310 estabelecimentos de ensino, 1737 fecharam as portas. Já a leitura dos sindicados é diferente. "Houve para cima de duas mil escolas encerradas", adiantou ao PÚBLICO Mário Nogueira, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), para acrescentar: "É ridículo a ministra da Educação ter dito que na região Centro encerraram trinta escolas. Só se ela engoliu um zero, porque nós contámos trezentas."
Na saúde, os dados também foram divergentes. Na base de dados do Governo, contava-se uma adesão de 27,6 por cento. Mas Carlos Santos, do Sindicato Independente dos Médicos, sustentou que o número de blocos operatórios encerrados e de consultas adiadas variou "entre os 80 e os 90 por cento". Foi a primeira vez em quatro anos que o SIM aderiu a uma greve. "Foi preciso este autoritarismo, esta prepotência toda, para dizermos basta", concluiu.
JP 01.12.07
O "peso" para o Estado de salários
a 500 euros
A campanha antifuncionalismo público está longe de terminar. O ataque lançado em várias frentes e com muitas armas propagandísticas tem resultados já bem visíveis em diversos sectores. Recorre agora à demagogia do custo de cada funcionário público, que dizem ser de 25 mil euros por ano, curiosamente num ciclo político em que os salários de ano para ano perdem poder de compra e os contratados nos diferentes tipos de regime de contratação, que já representam uma significativa fatia dos trabalhadores nos vários ministérios, há muito são sujeitos a salários de miséria abaixo dos 500 euros. Realidades bem concretas que o Governo quer ignorar, preferindo as contas mais fáceis e superficiais, tentando chocar os portugueses com números mal explicados e contraditórios com a verdadeira dimensão da precariedade que se alastra na função pública. Naturalmente, como é o propósito desta liberalização contratual, os seus efeitos práticos reflectem-se na redução dos custos com pessoal.
É pois neste quadro político e para atingir fins claramente assumidos de redução efectiva de trabalhadores que se lançam tais campanhas. Isto porque concluem que em década e meia foram recrutados mais 240 mil trabalhadores. Como o Governo se propôs reduzir 75 mil até 2009 e diz que ainda só reduziu 17 mil, a estratégia é clara e a campanha antifuncionalismo público promete acentuar-se com recurso aos mais variados meios, valendo mesmo tudo.
Mas exactamente há cerca de década e meia os contratos a prazo passaram a ser o modelo de gestão na função pública e a chamada regra de "dois por um" (por cada duas saídas, apenas uma nova contratação) também não corresponde à realidade desde o governo PSD-CDS, a que Sócrates deu continuidade fechando as portas a novas contratações, preferindo recorrer a assalariados, recibos verdes e POC. Como pode o Governo utilizar números referentes a funcionários públicos, quando milhares destes trabalhadores precários são exactamente os que menos contribuem em termos de encargos para as contas apresentadas como responsáveis pelo défice. Estes são os parentes pobres na função pública. (...)
JP 01.12.07, José Lopes, Ovar
As greves são sinais de vida no meio da pasmaceira geral
01.12.2007, José Pacheco Pereira
A realidade que mobiliza os grevistas é incontornável e tem a ver com o empobrecimento dos portugueses
Enquanto escrevo decorre uma greve da função pública e os noticiários seguem o padrão habitual de todas as greves recentes: o Governo diz uma coisa, os sindicatos outra, as televisões e rádios fazem uma ronda por escolas, hospitais, tribunais, transportes, com também os habituais resultados, esta repartição funciona esta mais ou menos, esta escola está fechada, aqui não se notou nada. Parece uma recitação de uma peça de cor, em que todos os actores já sabem mecanicamente os seus papéis sem ninguém prestar nenhuma atenção especial ao que se passa. O que sobra é um discurso de nonchalance e desprezo que une os yuppies da direita moderna, os socialistas tecnológicos sem o "bocadinho de socialismo" que Soares desejava e os bem-pensadores da imprensa económica.
O que motiva os sindicatos é a defesa de um modelo de sociedade, economia e política que em nada se distingue do do Governo a não ser no peso da repartição dos sacrifícios entre o presente e o futuro mais imediato. Em ambos os casos, Governo e sindicatos, partilham o mesmo "modelo social europeu", só que o Governo pretende geri-lo de forma a adiar os seus efeitos de ruptura para um prazo mais longo, enquanto os sindicatos se preocupam com a geração actual. A célebre sustentabilidade da segurança social é o adiamento programado da ruptura gerada pela conjugação da demografia e da globalização sobre o actual esquema de segurança social, universal e tendencialmente gratuita, ou seja, paga pela redistribuição fiscal dos rendimentos da classe média para manter um sistema "socialista", cujos efeitos de injustiça social são grandes - ricos e pobres beneficiam dos serviços sociais universais e gratuitos, precisem ou possam pagar ou não, em nome de uma ideia de carácter político-ideológico, a de que ao Estado cuida dar a todos ensino, saúde, reformas, subsídios.
No fundo, sindicatos e governo querem o mesmo, só que com tempos diferentes e com benefício de gerações diferentes, ou de tempos diferentes da mesma geração. Os sindicatos que representam a geração actual exigem que esta não seja muito sacrificada em nome do futuro, o Governo coloca mais a ênfase na sustentabilidade a prazo, dez anos pelo menos, e adia os problemas de fundo de insustentabilidade estrutural do "modelo social europeu", onerando mais o presente para fazer durar mais uns anos um sistema que está condenado a prazo. Proclamações grandiloquentes sobre a sustentabilidade da segurança social já tinham sido feitas pelo governo de Guterres e bastaram meia dúzia de anos para se perceber que a ruptura estava para amanhã e não para décadas, e o mesmo irá acontecer com as medidas deste Governo. São paliativos e adiamentos, não são uma política que resolva os problemas de manter competitiva a economia portuguesa e europeia, de modo a garantir bem-estar e progresso social, defrontando o mercado global e o envelhecimento das sociedades pelo aumento da produtividade e pela abertura
à competição.
Só há uma alternativa a esta política do modelo social europeu e essa alternativa é um consistente, persistente e intransigente programa de liberalismo moderado, reformista, prudente, passo a passo, sempre no mesmo sentido de dar mais liberdade a pessoas e a empresas do domínio abafador do Estado. Quando o PSD propunha menos impostos, obrigando o Estado a diminuir e racionalizar os seus gastos, e quando defendeu contra o PS um sistema misto de segurança social que responsabilizasse os indivíduos por parte do esforço para garantir as suas reformas, dando-lhe a possibilidade de aplicar como entendessem parte do que hoje pagam ao Estado, ia-se no caminho de uma outra política. Hoje, com a aproximação PS-PSD, nem isso há.
Mas uma coisa é a similitude de objectivos e visão da sociedade que une a CGTP, a UGT, o PSD, o PS e o Governo e outra são os motivos para que cada um adira à greve. Uma coisa são os sindicatos, outra os grevistas, muitos dos quais fazem greve contra o Governo pelo que este lhes está a fazer no seu dia-a-dia e porque já não têm esperança. Muitos milhares de portugueses vão perder um dia do seu magro salário para protestar, por uma multiplicidade de motivos, e mesmo que os cínicos digam que na realidade estão apenas a comprar mais um dia de fim-de-semana, é absurdo e arrogante tratá-los com o desprezo que circula pelos discursos sobre a greve e que se tornaram habituais nos nossos dias.
A arrogância e o desprezo pelas greves está muito para além da discordância com os seus objectivos, é uma manifestação antidemocrática e mais uma, entre muitas, manifestações do tardo-salazarismo inscrito no nosso espaço público e que abomina o conflito como se fosse um mal, e que deseja um mundo sem ondas e sem confrontos, onde os negócios prosperem sem complicações, em que uma mediocridade remediada seja a regra para todos e onde a ausência de escrutínio e vigilância democrática decorrem do peso abafador dos consensos. Um pouco como já acontece com a "Europa".
Mas, a realidade que mobiliza os grevistas é incontornável e tem a ver com o empobrecimento dos portugueses. Com a excepção de muito poucos, a maioria dos portugueses estão mais pobres e não tem qualquer esperança sobre o seu futuro. Cada vez mais ameaçados pelo desemprego, pela perda de poder de compra, pelo peso esmagador do fisco, o sentimento e a realidade do empobrecimento atinge as pessoas, as famílias e as empresas. Todas as estatísticas revelam esta crise, e todos os dias saem novas estatísticas mostrando o mesmo caminho: menos "desenvolvimento humano" (um agregado da ONU de vários indicadores), mais desemprego, aumento da inflação, quebra de poder de compra dos salários, menos confiança dos consumidores e dos empresários, mais penhoras, falências, dívidas incobráveis, e os sinais de perturbação social no aumento da criminalidade.
Quando tudo isto é recebido por manobras comunicacionais e spin do Governo e dos seus apoiantes, transformando sinais de empobrecimento e estagnação em sinais de que se vai no "rumo certo"; quando a oposição do PSD continua muda e calada quando não ao lado do Governo, às claras ou às escondidas, a negociar tudo e todos, com meio mundo; quando mesmo os cínicos habituais do jornalismo ficam estranhamente apáticos e complacentes; quando numa sociedade em que as dependências e a precariedade são tantas que poucas vozes são efectivamente livres, apoucar os grevistas de hoje é ser parte da pasmaceira colaboracionista em que nos atolamos. É que há mais dignidade cívica nos grevistas do que naqueles que se queixam por tudo o que é recanto discreto ou anónimo dos males da governação Sócrates e não têm coragem para alto e bom som dizer o que pensam e sofrer as consequências.
JPP, JP 01.12.07
Ministro da Saúde minimiza efeitos da greve
O ministro da Saúde minimizou hoje os efeitos da greve e afirmou que os números da adesão à greve veiculados pelos sindicatos não correspondem às informações que recebeu, escusando-se a avançar para já dados concretos.
Correia de Campos deslocou-se hoje ao Hospital Curry Cabral, em Lisboa, para verificar os efeitos da greve da Função Pública na área da Saúde.
«Não tenho informaçõpes quantificadas», afirmou aos jornalistas, adiantando contudo que os dados dos sindicatos «não coincidem» com as informações de que dispõe.
Para o ministro, «os efeitos do início da greve estão a ser minimizados».
Sublinhou que os serviços mínimos estão a ser garantidos, o que considerou ser já habitual no pessoal da Saúde.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou hoje que entre 66 e 70 por cento destes profissionais fizeram hoje greve durante o turno da manhã e referiu situações de coaçcão sobre os enfermeiros para minimizarem os dados de adesão a este protesto.
«Faltam ainda os dados de alguns, mas poucos, hospitais. Até ao momento, podemos avançar com uma adesão [global] de pelo menos 66 a 70 por cento dos enfermeiros», afirmou à agência Lusa Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM), por seu lado, garantiu que a adesão dos médicos à greve da Função Pública está a paralisar 90 por cento dos blocos operatórios e das consultas externas em hospitais e centros de saúde.
DD, 01.12.07
Greve afecta 90% blocos operatórios e consultas externas
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) garantiu hoje que a adesão dos médicos à greve da Função Pública está a paralisar 90 por cento dos blocos operatórios e das consultas externas em hospitais e centros de saúde.
A greve da Função Pública, que decorrerá entre as 00:00 e as 24:00 de hoje, foi convocada pela Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.
Carlos Santos, porta-voz do SIM explicou que esta estrutura sindical mede os níveis de adesão à greve por dois factores: o funcionamento das salas de cirurgia e das consultas externas.
«Este é o nosso método habitual no sindicato, que tem vindo a ser feito ao longo dos anos. Nestas duas estruturas, a paralisação atinge os 90 por cento», disse.
Segundo Carlos Santos, a adesão dos médicos está a ser particularmente sentida na área das cirurgias, assim como é mais notória nos hospitais do que nos centros de saúde.
Esta é a primeira vez em quatro anos que o SIM avança para uma greve.
«Nos últimos quatro anos não avançámos. Pela primeira vez fazemo-lo com as confederações sindicais. Não é mais tolerável o autoritarismo, a prepotência e a arrogância do Governo, armas que servem os incompetentes para não serem questionados nas suas capacidades», referiu.
Em termos de percentagem global, o SIM ironiza, indicando que a adesão se situa nos 2,1 por cento, um valor igual ao aumento salarial proposto pelo governo.
«O Sindicato Independente dos Médicos declara que não aceita, por parte do Governo, percentagens de adesão à Greve Nacional dos Médicos que não sejam de 2,1 por cento. E não aceitamos negociar qualquer outro valor para além deste exacto valor de 2,1 por cento, pois este é o que podemos dar na actual situação difícil do País», refere o sindicato numa nota.
«Escusa o senhor primeiro-ministro, o senhor ministro das Finanças, ou mesmo o senhor ministro da Saúde vir dizer, com aquele estranho sorriso que só os políticos que estão no Governo conseguem ostentar, que não houve consultas e cirurgias, em Centros de Saúde e Hospitais e que a Greve, à excepção das Urgências, foi um sucesso com efeitos nacionais que nós não cedemos. A adesão à Greve foi de 2,1 por cento, nem mais um cêntimo», termina o SIM na nota colocada no site oficial do sindicato.
O pré aviso de greve do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) abrange todos os serviços da administração central, regional e local, do sector empresarial público e todos os serviços dos sectores privado e cooperativo onde trabalhem médicos, qualquer que seja a sua carreira, categoria, função ou vínculo jurídico e inclui ainda aqueles que se encontram em formação no internato médico.
Nos 33 pontos de justificação de adesão à greve, o SIM apresenta reivindicações como o direito a carreiras médicas, à contratação colectiva ou ao «trato com probidade, urbanidade e educação por parte do Governo, do Ministério da Saúde, das Administrações, dos Conselhos Directivos e demais hierarquias».
O SIM pretende uma avaliação de desempenho «específica e negociada», contesta a precariedade laboral, horários de trabalho «aberrantes, penosos e ilegais» e «a pressão, a arrogância, a instigação do medo, a intriga, o compadrio e a perseguição dos trabalhadores e das organizações que os representam».
Lutar «contra a contra-reforma nas Unidades de Saúde Familiar, limitando a níveis obscenos o acesso a melhor remuneração», é o último ponto da lista.
DD, 01.12.07
Greve: 66 a 70% dos enfermeiros aderiram, diz sindicato
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou hoje que entre 66 a 70 por cento destes profissionais fizeram hoje greve durante o turno da manhã e denunciou situações de coaçcão sobre os enfermeiros para minimizarem os dados de adesão a este protesto.
«Faltam ainda os dados de alguns, mas poucos, hospitais. Até ao momento podemos avançar com uma adesão [global] de pelo menos 66 a 70 por cento dos enfermeiros», afirmou à agência Lusa Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros.
Segundo dados do sindicato, o Hospital de São José, em Lisboa, registou uma adesão de 100 por cento e a Maternidade Alfredo da Costa, também na capital, de 65,3 por cento.
O segundo hospital com adesão total à greve foi o do Montijo, e perto disso esteve o de Anadia, com 98,8 por cento. Na unidade de Vila Franca de Xira a adesão foi de 60,6 por cento e no Barreiro 93,3 por cento.
«O cumprimento dos serviços mínimos tem permitido manter a funcionalidade dos hospitais, como é suposto. os maiores problemas poderão ocorrer nas consultas externas [dos hospitais] e, talvez, nos centros de saúde«, adiantou Guadalupe Simões.
O sindicato dos enfermeiros denunciou situações de »coacção« sobre os enfermeiros: »Ameaçaram enfermeiros de que se fizessem greve podiam não ver os contratos renovados. isto aconteceu em todo o país«, adiantou.
Outra forma de coacção, acrescentou, foi usarem o modelo de controlo de pontualidade para alterarem os dados de adesão à greve.
«Os enfermeiros deslocam-se na mesma ao local de trabalho, para decidirem quem assume os serviços mínimos. Queriam obrigá-los a picar o ponto, para contar a sua entrada. E no Alentejo até queriam que picassem o ponto ontem [quinta-feira] como se fosse hoje», afirmou Guadalupe Simões.
O Sindicato dos Enfermeiros explica que a sua adesão tem por base a rejeição de um governo que declarou guerra ao movimento sindical em geral e aos enfermeiros em particular e que o combate ao défice seja feito à custa dos salários dos enfermeiros.
Na lista de propostas está o pedido para que o Governo volte a negociar o valor do aumento salarial anual, a negociação da carreira de enfermagem, conclusão do acordo colectivo de trabalho aplicável às EPE, concretização do direito à progressão na carreira e criação e estabilidade de emprego.
Para o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, os objectivos da greve são o aumento do poder de compra e contra a redução dos salários.
Num processo, disse, em que houve «flexibilidade negocial da Frente Comum», «o Governo manteve-se imutável e autista e o governo tem outras fontes de receita para repor o equilíbrio orçamental».
O SEP quer ainda a concretização do direito à progressão nas carreiras, segundo as novas regras que restringem a possibilidade de progressão e/ou receberem prémios a cinco por cento dos trabalhadores, e a admissão e estabilidade de empregos dos enfermeiros.
A greve da Função Pública, que decorrerá entre as 00:00 e as 24:00 de sexta-feira, foi convocada pela Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.
A última greve convocada pelas três estruturas sindicais realizou-se a 09 e 10 de Novembro de 2006 contra o aumento salarial de 1,5 por cento que o Governo decidiu aplicar, apesar de a inflação prevista nessa altura ser de 2,1 por cento.
Em 2006 as três estruturas sindicais fizeram outra greve conjunta a 06 de Julho contra o novo regime de mobilidade dos funcionários públicos.
DD, 01.12.07
“A posição inegociável do Governo levou à greve” link
Que adesão esperam à greve?
A.A.: Estamos à espera de uma grande greve. Das maiores. Acreditamos que vão fechar serviços que nunca fecharam. As áreas mais afectadas vão ser a Saúde, autarquias, tribunais, finanças e Segurança Social. Houve uma nova esperança com o envio, pelo Presidente da República, do diploma de carreiras, vínculos e remunerações ao Tribunal Constitucional.
N.S.: Os dados estão lançados. As greves são como outras formas de luta, só depois de acontecerem é que saberemos qual é a resposta efectiva. De qualquer maneira temos de compreender que há um conjunto de situações de grande precariedade, que pode contribuir para que a adesão não seja tão massiva. Com os dados que temos não podemos dizer que vai ser igual, melhor ou pior. Esperamos que seja bastante melhor que as anteriores.
B.P: Esperamos uma boa adesão.
O aumento salarial foi a gota de água?
B.P.: A questão não está sequer nos 2,1%, nem está numa situação mais gravosa que é penalização de todos os aposentados. A questão essencial que levou à promoção da greve é a posição inegociável do Governo perante as propostas globais das organizações sindicais. O que o Governo fez foi reduzir as negociações a salários e pensões.
N.S.: É pela questão salarial mas fundamentalmente pela questão dos pensionistas, que vão perder poder de compra por duas vias: pela política de medicamento e pelo IRS. Estamos a chegar a uma situação em que a negociação se traduziu numa farsa. Os sindicatos ainda baixaram a sua posição. Outra questão é o valor em si, que é abaixo da inflação. Por estas questões, mas por tantas outras: o processo negocial que se atrasou, a situação que se vive na Administração Pública...
A.A.: Além da questão salarial e dos aposentados há ainda a questão da mobilidade especial e das quotas impostas aos Ministérios para que no ano que vem arranjem 30.000 disponíveis. E ainda o congelamento de carreiras. As progressões em 2008 são só para 2%.
Porque é que a greve é inadiável?
N.S.:Da parte da FESAP, a greve é no sentido de obrigar a Governo a voltar a sentar-se à mesa das negociações e negociar de uma forma mais objectiva. No que diz respeito a outras matérias que não salários e pensões, a questão está encaminhada. Mas o decorrer do processo negocial é que nos vai dizer se as coisas são para continuar ou se estão bloqueadas.
semanário económico 29.11.07
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