Relatórios & Baralhações
Senhor ministro, não havia necessidade.
A resposta dos HHs em relação às consultas de especialidade sempre foi má.
Este problema da rede de cuidados radica, em última instância, na cultura hospitalocentrista do nosso Sistema de Saúde.
Que a lista é extensa e que os tempos de espera são elevados já nós sabíamos há muito.
O que é novo é este "frisson" criado pela notícia da TVI.
O problema não é novo. É velho, com barbas. Passou por todos os Governos, incapazes de esboçarem qualquer abordagem, a mínima solução.
Foi preciso a notícia da TVI para todos nos alarmarmos. E a oposição fingir indignação. Especialmente, a Teresa Caeiro, olheirenta de preocupação.
Mais uma prova que, hoje em dia, nada acontece nas nossas vidas sem passar na TV. De preferência na TVI.
Relativamente a esta matéria o Governo está a fazer o que tem de ser feito. E bem feito.
a) aumentou em cerca de 10% o número de consultas anuais dos hospitais;
b) criação de critérios de"prescrição" e procedimentos para melhorar a articulação CSP Hospitais. Quantas consultas são "passadas" pelos Centros de Saúde sem qualquer razão de ser? Sem critérios?;
c) está a mexer no fundamental. Que é a criação de um sistema de informação capaz. Que funcione. Sem o qual não é possível gerir o sistema.
Porque até agora andámos às escuras. Às apalpadelas. Sem conhecer verdadeiramente a dimensão dos problemas, nem a forma de os combater.
O relatório sobre a sustentabilidade e este levantamento do IGAS sobre as Consultas Externas, ambos encomendados por CC, voltaram-se contra o seu criador. Verdadeiros tiros nos pés.
Estas baralhações são demonstrativas da inabilidade política de CC.
Qual o próximo relatório a ser desenterrado pela TVI?
Este problema da rede de cuidados radica, em última instância, na cultura hospitalocentrista do nosso Sistema de Saúde.
Que a lista é extensa e que os tempos de espera são elevados já nós sabíamos há muito.
O que é novo é este "frisson" criado pela notícia da TVI.
O problema não é novo. É velho, com barbas. Passou por todos os Governos, incapazes de esboçarem qualquer abordagem, a mínima solução.
Foi preciso a notícia da TVI para todos nos alarmarmos. E a oposição fingir indignação. Especialmente, a Teresa Caeiro, olheirenta de preocupação.
Mais uma prova que, hoje em dia, nada acontece nas nossas vidas sem passar na TV. De preferência na TVI.
Relativamente a esta matéria o Governo está a fazer o que tem de ser feito. E bem feito.
a) aumentou em cerca de 10% o número de consultas anuais dos hospitais;
b) criação de critérios de"prescrição" e procedimentos para melhorar a articulação CSP Hospitais. Quantas consultas são "passadas" pelos Centros de Saúde sem qualquer razão de ser? Sem critérios?;
c) está a mexer no fundamental. Que é a criação de um sistema de informação capaz. Que funcione. Sem o qual não é possível gerir o sistema.
Porque até agora andámos às escuras. Às apalpadelas. Sem conhecer verdadeiramente a dimensão dos problemas, nem a forma de os combater.
O relatório sobre a sustentabilidade e este levantamento do IGAS sobre as Consultas Externas, ambos encomendados por CC, voltaram-se contra o seu criador. Verdadeiros tiros nos pés.
Estas baralhações são demonstrativas da inabilidade política de CC.
Qual o próximo relatório a ser desenterrado pela TVI?
saudepe & joão pedro
7 Comments:
"... criação de critérios de "prescrição" e procedimentos para melhorar a articulação CSP Hospitais.
Quantas consultas são "passadas" pelos Centros de Saúde sem qualquer razão de ser?
Sem critérios?;"
O grande busílis da questão. Entramos num terreno muito escorregadio. Não há regulamentação - por mais bem feita que seja - que possa valer.
As "prescrições" que julgo serem as "transferências" dependem, em primeiro lugar, dos conhecimentos individuais do MF, da capacidade local de realizar briefings (a equipa), da capacidade técnica e dos meios instalados nos CSP.
Finalmente, como já disse há alguns dias, salvaguardando a autonomia dos CSP e, acrescente-se dos HH's, abrir vias de integração expeditas para preservar a unicidade do doente (não da doença).
Agora, enveredar pelas metas previstas no PNS (30% de crescimento) sem modificar as insuficiências das infraestruturas, neste momento operativas, é "encanar a perna à rã".
A "consulta na hora" pressupõe muito mais do agilizar o caminho CSP-HH's.
Pressupõem a resolução de problemas locais que permitam um bom desempenho, um bom encaminhamento e alguma atenção (investimento - palavra maldita para os actuais gestores) às estruturas hospitalares (sem complexos de o sistema ser apelidado de hospitalocêntrico) que não aguentam tudo, ou seja, metas a esticar até romperem pelas costuras.
Porque o drama poderá ser muito mais grave se, por hospitalofobia, chegarmos à situação de que pouco adianta transferir ou não. Uma autêntica tragédia se detectarmos os problemas de saúde e não existir capacidade para actuar em tempo útil.
Todo este "rio" que corre de montante para jusante, não pode ter barragens, isto é, regolfos com águas paradas...nem ser desviado para regar campinas de outrém (por exemplo: concessionadas, contractualizadas, etc ).
Enfim, uma "trabalheira"...como dizem os alentejanos.
O problema da oposição é que é cega.
À falta de estratégia de um verdadeiro conhecimento de causa, agarra-se a qualquer coisa que se lhe acene.
Esta reforma requer tempo e conhecimento.
Trata-se da alteração de procedimentos, de hábitos, de cultura enraizada, que são fundamentais à melhoria do nosso sistma de saúde.
Eu também penso que o que está a ser feito, está a ser bem feito.
O fundamental, já o repetimos aqui centenas de vezes, é criar um sistema de informação capaz: base de dados nacional, sistema de comunicações que permita a processar informação em tempo real e controlo de procedimentos.
Depois há outros problemas estruturais, como seja o ajustamento da capacidade instalada (gabinetes, MCDTS que permitam a consulta e diagnóstico na mesma sessão de consulta).
Aqui entra o problema dos convencionados e da capacidade do sector privado em satisfazer esta procura direccionada.
As experiências em relação às cirurgias não tem sido satisfatória (doentes perdidos no pós operatório, sem médico de follow up, de regresso ao hospitais públicos em busca de auxílio).
Fazer esta reforma num tempo de vacas magras, de limitação aos invetimentos, é obra.
Para não repetir o slogan cavaquista: "deixem-nos trabalhar",
lanço apenas um apelo: saibam ao menos ler os relatórios encomendados pelo MS.
Na verdade parece que isto já lá não vai com esta equipa.
Há dias foram as listas de espera cirúrgicas; agora são as consultas de especialidade. E todos nós sabemos bem quantos mais problemas existem! Cuidados Paliativos? Ainda há dias as notícias eram muito más nesta matéria. Cuidados Continuados? Mais um grande falhanço do Governo. Há escassíssima oferta e a que há nem sempre é disponibilizada para os que mais precisam.
E nem nas USF as notícias são boas. Está muito aquém o número de unidades previsto. E começam a surgir muitas dúvidas sobre a adesão voluntária dos profissionais ao modelo.
Mas, mudando um pouco de tema.
Falemos de Informação. Que se passa com os relatórios e contas de cerca de metade dos HH EPE's?
Porque não são divulgados no site hospitaisepe? E uma situação ainda mais curiosa (já aqui referida por outro bloguer): porque desapareceu o relatório e contas do HIDP de Aveiro? Porque foi metido na gaveta?
É isto uma administração transparente?
PS: se alguém quiser aceder a essse relatório eu tenho-o gravado em arquivo.
(...) Só quem anda muito distraído ou não tenha tido necessidade de recorrer ultimamente a um especialista hospitalar é que pode ter ficado surpreendido com o elevadíssimo número de portugueses - quase 400 mil, que se encontram em lista de espera para uma primeira consulta nos hospitais do SNS.
O número é, de facto, esmagador, brutal, chocante. Mas não é uma surpresa. Surpresa seria que ele fosse mais baixo do que o anunciado. Mas, infelizmente para os cidadãos, aquele número não só peca por defeito como, hoje - um ano depois do relatório da inspecção de saúde, é certamente muito maior que há um ano. Mais, com os constrangimentos a que o governo sujeita actualmente os hospitais, todos os dias aquele número vai crescendo, pela simples e óbvia razão que a oferta disponibilizada pelos serviços de consulta hospitalar é claramente inferior à procura.
Porquê? Por várias razões, grande parte delas com raízes nas políticas prosseguidas por sucessivos governos e que o governo actual se encarregou de agravar, todas convergindo para um mesmo resultado: a fragilização, a inoperância, o défice de resposta do SNS.
Cada vez que Correia de Campos fecha um serviço, uma urgência ou um SAP está a convidar os doentes a procurar uma consulta num hospital. Quanto mais tempo passar sem que todos os portugueses disponham de médico de família, maior será a tendência para procurar uma solução no hospital. Enquanto continuar o divórcio entre os centros de saúde e os hospitais e persistir a ausência de médicos especialistas - sobretudo de certas valências, nos centros de saúde, maior será a pressão sobre a consulta hospitalar.
Se Correia de Campos continuar a impor limites à "produção" dos hospitais, punindo os que fazem mais do que o autorizado, apenas para reduzir à força a despesa, os hospitais não terão outra alternativa que não seja ver a lista de espera a crescer. Se da fusão e integração de hospitais - tão acarinhada por Correia de Campos, não resultar o aumento das suas capacidades mas, sim, a sua diminuição - como tem vindo a suceder, as listas de espera vão engrossar. Se Correia de Campos insistir na dispensa de médicos ou em reduzir o seu horário no SNS, como anunciou recentemente, para facilitar o seu trabalho nos hospitais privados, mais consultas ficarão por realizar. Se, exclusivamente por razões financeiras, os hospitais continuarem a recusar o recurso a trabalho médico extraordinário para alargar o horário das consultas, então, o resultado será inevitavelmente o crescimento das listas de espera.
Em resumo, são bem conhecidos os mecanismos e as razões que conduziram a esta situação desastrosa e que espelha, com grande realismo, o estrangulamento - o funil, em que se transformou o acesso aos serviços de saúde. (...)
João Semedo
João Semedo é médico e deputado. Já deu provas de ser um técnico altamente qualificado e conhecedor da realidade a que está ligado, nomeadaqmente como gestor hospitalar.
Já no Saúde SA foi quase unanimemente elogiado.
Concordo totalmente com o que o tambemquero transcreveu.
Ah, o relatório também fala no tempo de espera para fazer marcações para ir à primeira consulta ou só fala no tempo de espera depois da marcação e antes da primeira consulta ?
Pronto, já estraguei todos os números !
O tempo de espera (TE) é calculado a partir da "prescrição" da consulta da especialidade (Hospitais) pelo médico de família (P1), até ao dia do atendimento do doente (efectivação) no Hospital.
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