terça-feira, novembro 20

Subsistemas de Saúde criam desigualdades


O economista, Pedro Pita Barros, é de opinião que «os subsistemas de Saúde criam desigualdades em saúde», desigualdades essas que se «atenuam» quando se subscreve um seguro de saúde.

Esta posição vem contrariar «a ideia de que os seguros de saúde acentuam as desigualdades, porque permitem aos mais ricos aceder mais facilmente aos seguros de saúde», frisou o economista, que chegou a estas conclusões depois de analisar os dados do Inquérito Nacional de Saúde, cedidos pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Pita Barros falava no segundo painel de discussão da conferência organizada pela Plataforma Saúde em Diálogo, na ExpoFarma, realizada no passado dia 10, dedicada ao tema «Desigualdades em Saúde — como as superar?».

Na mesa sobre seguros de saúde e subsistemas, o especialista referiu que, nesta matéria, é esquecida uma componente muito importante: «Quem tem, de facto, saúde, tem menor interesse em adquirir um seguro de saúde que, no caso de Portugal, é complementar».
O economista lembrou que «os subsistemas, que toda a gente julga serem bons para tratar as desigualdades, acentuam essas desigualdades, porque é uma população muito específica» que tem esse benefício através do emprego.
Apesar de as diferenças serem pouco significativas, o sentido destas variações difere das ideias estabelecidas e, segundo Pita Barros, «obriga a pensar» por que razão os dados encontrados no Inquérito Nacional de Saúde não reflectem essas realidades que se assumem como verdadeiras.
Pita Barros tentou ainda perceber se, na realidade, as seguradoras restringem o acesso aos doentes crónicos a seguros de saúde, e concluiu: «A verdade é que não.» Só no caso dos diabéticos é que o economista encontrou uma relação entre doença crónica e o acesso aos seguros. «Quem é diabético tem mais dificuldade em ter seguro», explicou Pita Barros, acrescentando que «o que condiciona o ter ou não ter seguro é, sobretudo, o rendimento» e por isso «as pessoas com rendimentos com doença crónica conseguem ter, aparentemente, seguro de saúde com maior facilidade».

A ideia gerou indignação na plateia e Mário Beja Santos, da Plataforma Saúde em Diálogo, reconheceu ser possível a um doente crónico contratar seguros, mas que esses seguros só são concedidos «com exclusões». Em resposta, Pita Barros assegurou que «o seguro não é o mecanismo adequado para lidar com os problemas das doenças crónicas» e tem de ser «o Estado a dar resposta, no público», a situações de cronicidade.
TM 1.º CADERNO de 2007.11.19

"As seguradoras não restringem o acesso aos doentes crónicos a seguros de saúde." "Os subsistemas acentuam desigualdades."
Duas afirmações a valerem uma boa discussão.
Se não concordo liminarmente com a primeira, faltam dados para avaliação da segunda.
Em defesa do mercado de seguros. Mais umas achas contra a ADSE. Que, curiosamente, é, simultâneamente, um subsistema e um seguro obrigatório de saúde´. Segundo PPB,gerador de desigualdades.

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

O Prof. Pedro Pita Barros organiza e vai intervir no Painel Temático sobre a ADSE integrado na 10.ª Conferência Nacional de Economia da Saúde.
Um excerto do "abstract" deste painel, desvenda, de certo modo, a trajectória prospectiva da discussão.
"Importa, no actual contexto das contas públicas, a principal fonte de fundos da ADSE, e num momento em que se redefinem estruturas do sistema de saúde português, discutir qual o papel que se pretende e/ou que é possível para a ADSE."
A ver vamos.
Só tenho pena de não poder estar presente, tanto neste como noutros temas, que reputo do maior interesse e de plena actualidade.

Espero que, à beira de uma greve da FP, o MS - que encerra a Conferência - não me meta em devaneios sobre a ADSE e que
deixe esse delicado assunto para discussão conjunta com o Ministério das Finanças e os Sindicatos.

10:06 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home