CC e a Reforma do SNS
Hospital Condes de Castro Guimarães
Saudando o regresso do Semisericordia ao Saudesa (acredito que tal como o conhecemos, ou seja, militante pelo SNS e não para fazer mera “prova de vida”), quero, antes de mais, dizer que concordo quase ponto por ponto com a sua análise no post de 4 de Janeiro, titulado pelo Xavier O que CC, muito bem, está a tentar fazer (link). E digo quase, e não totalmente, porque me parece que melhor se teria dito O que, muito bom, CC está a tentar fazer, não muito bem.
De facto, a meu ver, o Ministério da Saúde tem plena razão para sustentar que o SNS, tal como existe e tem existido, precisa de ser reformado, diria mesmo que precisa de ser refundado. E isto porque, tal como é, não satisfaz ninguém: nem os utentes, nem os contribuintes, nem os profissionais, nem os gestores e, pelo visto, nem os próprios governantes, a cada passo confrontados com a manifestação dessas insatisfações e forçados pela evidência a reconhecer a sua razoabilidade.
Poderá então perguntar-se se o nosso SNS não tem nada de bom, ou se está pior do que era anos atrás. As respostas a estas perguntas são, na grande maioria dos casos, influenciadas pelas opções partidárias de cada um e, sejam positivas ou negativas, são de igual inutilidade, ou seja, deixam o SNS tal como é e não mais. A mim, mas evidentemente é só o meu juízo, parece-me que o SNS tem muito de bom, resumidamente os seus princípios fundadores que nunca deveriam ser postos em causa (deve ser geral, i.e., proporcional ou capaz de dar a cada um o que o seu estado de saúde requer, deve ser universal e deve ser tendencialmente gratuito, salvaguardando a equidade no acesso para toda a população). Isto parece-me tão importante que:
- Não compreendo que possa não ser consensual;
- Discutir o SNS noutros termos parece-me clara demonstração de confundir as causas com as consequências, o que conduz ao cortejo de ruídos que tantas vezes temos ouvido.
O Semisericórdia põe o dedo na ferida quando afirma que “os países menos desenvolvidos exibem graves problemas de organização e gestão de serviços de saúde”. Aqui, tem o meu acordo total. Na verdade não é pela disponibilidade e pela afectação de recursos à saúde que nos afastamos dos países mais desenvolvidos:
- o SNS dispõe de uma rede hospitalar, quase integralmente renovada e equipada, que só pecará por excessiva;
- temos índices de profissionais de saúde e de camas por 1000 Habitantes comparáveis aos dos restantes países;
- a formação pré e post graduada dos profissionais segue os padrões da E.U.;
- gastamos com saúde tanto ou mais que outros países que conseguem resultados melhores que os nossos.
Parece forçoso concluir que na realidade o que nos distingue dos países mais desenvolvidos são aspectos que têm a ver com a organização e gestão de serviços de saúde. Precisamos de repensar onde gastamos os recursos, qual a sua combinação necessária para vencermos a sub-produtividade reconhecida (nos HH como nos CSP, na saúde como em outras áreas), para que os resultados sejam os efectivamente esperáveis. Depois, mau grado as dificuldades que possam existir, é necessária persistência e determinação para fazer o que for preciso fazer.
Quando, a partir dos serviços de urgência e do seu distorcido posicionamento na rede de serviços de saúde o Semisericordia enuncia as pesadas consequências que daí derivam, aborda ou faz-nos pensar em quase todos os pontos que, embora desgarradamente, podemos identificar como inseridos na estratégia de CC para a reforma que se propõe do SNS. Que parecem bons. Vejamos:
a) – Redefinir e revalorizar os CSP:
i) Promoção e educação para a saúde
ii) Proximidade dos cuidados; alargar a cobertura por MF, promover USF
iii) Aumentar capacidade de intervenção dos CS / Agrupamentos (MCDT)
iv) Fixar os profissionais, aumentar a produtividade, premiar o desempenho
b) – Reestruturar a rede de Serviços de Urgência:
v) Redefinir e requalificar os pontos da rede de SU
vi) Aumentar recursos na Urgência pré-hospitalar / INEM
c) – Ajustar a rede Hospitalar e promover a produtividade:
c1) – Ajustar a rede:
vii) Concentrar Cuidados Diferenciados /CH, promover complementaridade
viii) Encerrar serviços sem condições de segurança: maternidades ou SU c/movimento insuficiente
ix) Rever estatuto jurídico dos HH e dos profissionais: HH-EPE e CIT
x) Reduzir camas nos maiores HH
C2) – Melhorar a utilização dos recursos:
xi) Contratualizar produção/Incentivar Cirurgia Ambulatória e Hospital de Dia, reduzir DM e inapropriação no Internamento
xii) Reduzir desperdício/aumentar a sustentabilidade
xiii) Código de Conduta, Avaliação e Responsabilização /remuneração pelo desempenho (incentivos)
xiv) Melhorar o controlo/Aumentar a credibilidade: prestação de contas
É verdade que alguns destes pontos são ainda projectos em gestação, ou estão apenas em fase inicial de concretização, não podendo, portanto, considerar-se adquiridos. Outros não tiveram ainda o tempo necessário para evidenciar resultados. Mas é também verdade que se trata de uma estratégia para uma legislatura ainda longe de concluída. E que, na minha análise, o que de pior poderia acontecer seria voltar ao ponto zero. Porque, como acima referi, me parece que esta estratégia toca nos pontos fundamentais e será adequada e capaz de produzir significativa melhoria do SNS.
Esquecendo outros aspectos, que já tenho abordado, mas que agora ponho de parte, penso que os maiores reparos devem visar a forma de apresentação e de implementação da estratégia e não o seu conteúdo. Fraco poder de mobilização dos profissionais e de adesão das populações será, talvez, o que mais está em falta. Porquê? Porque é da inserção numa estratégia global, e globalmente boa, que cada um dos pontos que nela se integram retira compreensão e aceitabilidade. A maioria dos profissionais, e mais ainda a maioria da população, não lê Programas de Governo, nem mesmo Planos Directores para a Saúde. Por isso, apresentadas desgarradamente, uma a uma, até as melhores medidas têm escassa visibilidade, ou, noutro modo de dizer, só são vistas pela sua face negra (que existe em tudo e em todos, como diz a cantiga). Não adianta agredir, negar o que as pessoas sentem; o acento tónico deveria ser colocado naquilo que vai ser ganho, fazer antever o ponto de chegada, e mostrar que é melhor. Não se pode esquecer que, como diz o Prof. Ara Darzi (Health Care for London),
“• Public support. For change to succeed both the public and politicians need to believe that it is in the public’s interest. The clinical case for change needs to be clearly made. And there needs to be up-front investment to help put new services in place quickly and win public support for change.”
Aidenós
Saudando o regresso do Semisericordia ao Saudesa (acredito que tal como o conhecemos, ou seja, militante pelo SNS e não para fazer mera “prova de vida”), quero, antes de mais, dizer que concordo quase ponto por ponto com a sua análise no post de 4 de Janeiro, titulado pelo Xavier O que CC, muito bem, está a tentar fazer (link). E digo quase, e não totalmente, porque me parece que melhor se teria dito O que, muito bom, CC está a tentar fazer, não muito bem.
De facto, a meu ver, o Ministério da Saúde tem plena razão para sustentar que o SNS, tal como existe e tem existido, precisa de ser reformado, diria mesmo que precisa de ser refundado. E isto porque, tal como é, não satisfaz ninguém: nem os utentes, nem os contribuintes, nem os profissionais, nem os gestores e, pelo visto, nem os próprios governantes, a cada passo confrontados com a manifestação dessas insatisfações e forçados pela evidência a reconhecer a sua razoabilidade.
Poderá então perguntar-se se o nosso SNS não tem nada de bom, ou se está pior do que era anos atrás. As respostas a estas perguntas são, na grande maioria dos casos, influenciadas pelas opções partidárias de cada um e, sejam positivas ou negativas, são de igual inutilidade, ou seja, deixam o SNS tal como é e não mais. A mim, mas evidentemente é só o meu juízo, parece-me que o SNS tem muito de bom, resumidamente os seus princípios fundadores que nunca deveriam ser postos em causa (deve ser geral, i.e., proporcional ou capaz de dar a cada um o que o seu estado de saúde requer, deve ser universal e deve ser tendencialmente gratuito, salvaguardando a equidade no acesso para toda a população). Isto parece-me tão importante que:
- Não compreendo que possa não ser consensual;
- Discutir o SNS noutros termos parece-me clara demonstração de confundir as causas com as consequências, o que conduz ao cortejo de ruídos que tantas vezes temos ouvido.
O Semisericórdia põe o dedo na ferida quando afirma que “os países menos desenvolvidos exibem graves problemas de organização e gestão de serviços de saúde”. Aqui, tem o meu acordo total. Na verdade não é pela disponibilidade e pela afectação de recursos à saúde que nos afastamos dos países mais desenvolvidos:
- o SNS dispõe de uma rede hospitalar, quase integralmente renovada e equipada, que só pecará por excessiva;
- temos índices de profissionais de saúde e de camas por 1000 Habitantes comparáveis aos dos restantes países;
- a formação pré e post graduada dos profissionais segue os padrões da E.U.;
- gastamos com saúde tanto ou mais que outros países que conseguem resultados melhores que os nossos.
Parece forçoso concluir que na realidade o que nos distingue dos países mais desenvolvidos são aspectos que têm a ver com a organização e gestão de serviços de saúde. Precisamos de repensar onde gastamos os recursos, qual a sua combinação necessária para vencermos a sub-produtividade reconhecida (nos HH como nos CSP, na saúde como em outras áreas), para que os resultados sejam os efectivamente esperáveis. Depois, mau grado as dificuldades que possam existir, é necessária persistência e determinação para fazer o que for preciso fazer.
Quando, a partir dos serviços de urgência e do seu distorcido posicionamento na rede de serviços de saúde o Semisericordia enuncia as pesadas consequências que daí derivam, aborda ou faz-nos pensar em quase todos os pontos que, embora desgarradamente, podemos identificar como inseridos na estratégia de CC para a reforma que se propõe do SNS. Que parecem bons. Vejamos:
a) – Redefinir e revalorizar os CSP:
i) Promoção e educação para a saúde
ii) Proximidade dos cuidados; alargar a cobertura por MF, promover USF
iii) Aumentar capacidade de intervenção dos CS / Agrupamentos (MCDT)
iv) Fixar os profissionais, aumentar a produtividade, premiar o desempenho
b) – Reestruturar a rede de Serviços de Urgência:
v) Redefinir e requalificar os pontos da rede de SU
vi) Aumentar recursos na Urgência pré-hospitalar / INEM
c) – Ajustar a rede Hospitalar e promover a produtividade:
c1) – Ajustar a rede:
vii) Concentrar Cuidados Diferenciados /CH, promover complementaridade
viii) Encerrar serviços sem condições de segurança: maternidades ou SU c/movimento insuficiente
ix) Rever estatuto jurídico dos HH e dos profissionais: HH-EPE e CIT
x) Reduzir camas nos maiores HH
C2) – Melhorar a utilização dos recursos:
xi) Contratualizar produção/Incentivar Cirurgia Ambulatória e Hospital de Dia, reduzir DM e inapropriação no Internamento
xii) Reduzir desperdício/aumentar a sustentabilidade
xiii) Código de Conduta, Avaliação e Responsabilização /remuneração pelo desempenho (incentivos)
xiv) Melhorar o controlo/Aumentar a credibilidade: prestação de contas
É verdade que alguns destes pontos são ainda projectos em gestação, ou estão apenas em fase inicial de concretização, não podendo, portanto, considerar-se adquiridos. Outros não tiveram ainda o tempo necessário para evidenciar resultados. Mas é também verdade que se trata de uma estratégia para uma legislatura ainda longe de concluída. E que, na minha análise, o que de pior poderia acontecer seria voltar ao ponto zero. Porque, como acima referi, me parece que esta estratégia toca nos pontos fundamentais e será adequada e capaz de produzir significativa melhoria do SNS.
Esquecendo outros aspectos, que já tenho abordado, mas que agora ponho de parte, penso que os maiores reparos devem visar a forma de apresentação e de implementação da estratégia e não o seu conteúdo. Fraco poder de mobilização dos profissionais e de adesão das populações será, talvez, o que mais está em falta. Porquê? Porque é da inserção numa estratégia global, e globalmente boa, que cada um dos pontos que nela se integram retira compreensão e aceitabilidade. A maioria dos profissionais, e mais ainda a maioria da população, não lê Programas de Governo, nem mesmo Planos Directores para a Saúde. Por isso, apresentadas desgarradamente, uma a uma, até as melhores medidas têm escassa visibilidade, ou, noutro modo de dizer, só são vistas pela sua face negra (que existe em tudo e em todos, como diz a cantiga). Não adianta agredir, negar o que as pessoas sentem; o acento tónico deveria ser colocado naquilo que vai ser ganho, fazer antever o ponto de chegada, e mostrar que é melhor. Não se pode esquecer que, como diz o Prof. Ara Darzi (Health Care for London),
“• Public support. For change to succeed both the public and politicians need to believe that it is in the public’s interest. The clinical case for change needs to be clearly made. And there needs to be up-front investment to help put new services in place quickly and win public support for change.”
Aidenós
Etiquetas: Aidenós
11 Comments:
Caro aidenós:
Estou, em grande medida, de acordo com o seu texto.
Não gosto do termo "refundação" que sendo uma palavra aparentemente neutra, é hoje, uma bandeira da direita ultra-liberal para justificar (ou tentar iludir) insucessos políticos (fiquemos por aqui)...
Mas (há sempre um "mas" senão andavamos aqui a trocar salamaleques) continuo a verificar que os HH's têm, preservando o mesmo grau de especificação dos outros cuidados a reformar, uma "carga negativa", bastante reforçada.
Dá a sensação que os HH's serão o próximo alvo de acções "apressadas".
Mais uma vez é um terreno publicamente dificil e sensível.
O dimensionamento dos HH's e a dsitribuição regional do número de camas, deve ser objecto de um bem fundamentado estudo da rede hospitalar. Nada se fará de consistente e correcto, se prescindir do concurso e da experiência acumulada (com erros e vícios, é certo) dos médicos e restante pessoal hospitalar. Creio que, como eu, partilha de respeito e concede idoneidade suficiente ao Prof. Ara Darzi. Leu, com certeza, o seu plano de reforma para os HH's de Londres. Não acha que é um bom instrumento de trabalho para colocar à discussão, em cima da mesa, aos profissionais da área da Saúde (gestores, médicos, enfermeiros, técnicos) e depois estendê-la à sociedade (atravès dos sindicatos, ordens, associações)?
Ou parece-lhe burocracia a mais?
Tenho a sensação que já partimos para largos voos antes de fazer este ciclópico trabalho de casa. Estou a referir-me aos HH's PPP's.
Depois, vai ser necessário (obrigatório) adequar o sistema, impôr (esta é a palavra-chave e o rastilho das desavenças)concentrações de serviços(departamentalização entrou na moda sem ser discutida na vertente clínica); encerrar valências c/movimento insuficiente; reduzir capacidade de internamento (fechar camas), etc.
A reforma hospitalar, necessária, sem dúvida, tem de respeitar timings. Senão caímos noutra "bagunça".
É necessário, previamete, equipar os HH's, com centros de Cirugia de Ambulatório (dedicados,i.e., equipados com as condiçoes definidas internacionalmente), HD's (não só oncológicas mas também para "patologias pesadas" ...
Não começar por fechar e, depois perante a irrascibilidade da população, p. exº., transferir um doente da Guarda para Viseu, para uma cirugia de ambulatório e a ambulância despistar-se no trajecto.... Os tais "entalanços".
E, finalmente, o que eu considero o calcanhar de Aquiles da gestão da saúde hospitalar.
Em relação aos CPS, recomenda-se as USF's (e bem, acrescento eu);
Nos HH's, nunca se fala em CRI's (porquê? pergunto eu).
Dois pesos, duas medidas?
Lapso?
Caro Aidenós
Infelizmente o semisericórdia não está de volta.
Aconteceu que face ao ressurgir da contestação dos encerramentos eu decidi reeditar um antigo post sobre a reorganização da rede de cuidados do SNS.
É um texto didáctico de grande qualidade e clareza, iguais a tantos outros que ele aqui postou. Só ao alcance do maior economista da saúde que eu conheço.
O bastonário substituto ao CM
«…É evidente que o Serviço Nacional de Saúde, tendo quase três décadas, precisa de ser modernizado, precisa de ser adequado às novas realidades.
E nesse sentido nós estamos totalmente a favor dessa reforma.
De uma reforma no sentido da melhoria do funcionamento do
sistema.
Mas na nossa perspectiva não é isso que está a acontecer.
O que está a acontecer claramente é o emagrecimento do Serviço Nacional de Saúde e um ataque às regras mais básicas e aos alicerces mais nucleares do Serviço Nacional de Saúde. Não nos parece que alguém possa dizer de boa mente que está a tentar salvá-lo…»
José Manuel Silva, CM 06.01.08
Este senhor além de reconhecido incendiário é autor de vários textos hiper demagógicos como o que foi publicado no TM e JP 08.01 2007, que começa assim:
Em meu nome pessoal e no dos médicos, reclamo das condições em que somos obrigados a trabalhar e declino quaisquer responsabilidades
pelos erros que possam ser cometidos em situações de sobrecarga nos serviços de urgência de qualquer instituição de saúde. link
Lideres desta espécie não prestigiam de forma alguma os profissionais médicos.
JMS é um "Bota Abaixo" do SNS.
Um médico com sede de protagonismo.
Demagogo, incendiário voluntarioso, as suas críticas têm mais a ver com um determinado perfil do que uma visão própria e capacidade de intervenção mais ou menos estruturada relativamente aos problemas do SNS.
O SNS não carece mais deste tipo de intervenções. Mas sim de lideranças capazes de levar a cabo críticas sérias em prol do desenvolvimento e melhoria do SNS.
Pode não gostar-se do Prof. José Manuel Silva;
Pode não gostar-se dos escritos do mesmo.
Agora, rotulá-lo de "incendiário", só põe a nu ódios e paixões a um grupo profissional que não encaixam no perfil de um político.
Não nos podemos calar quando Manuel Alegre diz não compreender as questões do fecho de Anadia e outras;
Iludir quando Luis Filipe Menezes foi lá mesmo incendiar (posso dizê-lo eu que não exerço cargos políticos);
e, chamar incendiário ao Prof. JM Silva.
Se Cavaco Silva, por acaso, acidente ou malícia política, fosse visitar a Anadia, a sua atitude era "compreendida e tomada em consideração"...
As declarações do dito ao CM são puramente assépticas e não acrescentam nem retiram nada que não tenha sido dito e redito nos media sobre o SNS.
Aproveitar essas declarações para reproduzir tipo "his master voice", o epíteto de "incendiário", não!
Até porque a História mostra que os "incendiários políticos e das instituições" foram homens do Poder, veja-se Nero, para não ir mais longe...
Entretanto, os HH's continuam na mesma - uns são EPE's, outros do SPA. Não é?
Caro é-pá,
Segundo o jonalista, os colegas de profissão acham que o JMS é fogo.
Um abraço
Caro saudepe:
Só se for daquele ...
".... .. fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer."
Não vale a pena por a circular, ou citar, as infos "of record" dos jornalistas.
Porque, então, entravamos pela madeira dentro... e ardia tudo!
Depois lá aparecia ACS de agulheta em punho e "agachavam-se" todos! Pode crer!
É que, hoje, vivemos neste confinado espaço socrático...
Será melhor pensar que existe algum equilíbrio, p. exº.: um "contentamento descontente". Habituarmo-nos a ser frugais na linguagem... Também, aqui, há desperdícios.
Um abraço.
O Hospital de São Sebastião foi o primeiro hospital a testar a gestão empresarial. É esse o caminho?
Não há outro caminho e não há retrocesso. Quando falamos em gestão empresarial não estamos a falar em privatização de hospitais, mas sim em utilizar métodos de gestão que são típicos das empresas. É o caminho para a sustentabilidade deste mundo empresarial dos hospitais, que representam sensivelmente metade da despesa do orçamento do Ministério da Saúde.
Nove anos de actividade do hospital provou-nos que é possível gerir um hospital em Portugal com sustentabilidade económico-financeira e com qualidade - pelo menos idêntica à qualidade média dos hospitais portugueses. Do ponto de vista económico-financeiro, o Hospital de São Sebastião foi o único hospital que conseguiu viver com o que é o pagamento feito pela produção do hospital.
Ao contrário da maioria dos hospitais portugueses, o Hospital de São Sebastião nunca recebeu verbas de convergência.
JP 06.01.08, entrevista de Hugo Meireles, administrador do Hospital de São Sebastião .
Então porque não se repetiram mais experiências destas nos HHs do SNS?
Não se repetiram porque a aposta no modelo EPE permite a efectuação de manigâncias financeiras, indispensáveis para iludir o controlo dos gastos com a Saúde.
Os excelentes resultados do H. de São Sebastião permite-nos concluir que é possível gerir hospitais públicos com êxito.
Entregar HHs do SNS aos privados através das Parcerias tem unicamente por objectivo servir o interesse destes grupos económicos.
Muitas têm sido as críticas sobre a falta de nível como tem decorrido estas eleições para a OM.
Este texto da TM 07.01.08, parece confirmá-lo.
Carta do Norte provoca reacção do CNE
O Conselho Regional do Norte (CRN) da Ordem dos Médicos, liderado por Moreira da Silva, apoiante de Miguel Leão, enviou igualmente uma carta a todos os médicos. Embora datada de 12 de Novembro, a missiva que tem como assunto, expresso logo no envelope, «O dr. Pedro Nunes contribuiu para a destruição das carreiras médicas e aumento de poderes da Entidade Reguladora da Saúde», chegou a casa dos médicos apenas na semana passada. E o seu conteúdo é composto por vários documentos que, segundo os autores, comprovam a falta de «competência, capacidade, legitimidade ou força» de Pedro Nunes. A lei do acto médico e o diploma dos hospitais EPE são alguns dos assuntos trazidos à colação.
E terá sido o teor desta carta que levou o bastonário em exercício, José Manuel Silva, a agir. Segundo explicou ao «TM» o também presidente do Conselho Regional do Centro e apoiante de Pedro Nunes, o Conselho Nacional Executivo (CNE) decidiu, depois de auscultados por telefone os elementos do Sul e do Centro deste órgão, «repor a verdade». «Com muita pena nossa fomos obrigados a gastar os recursos da Ordem num mailing que seria desnecessário se não fossem ultrapassados todos os limites por parte do CRN», afirmou o bastonário em exercício. A carta, que deverá estar a chegar a casa dos clínicos de todo o País, «desmonta todas as acusações falsas que são feitas ao dr. Pedro Nunes», alegou José Manuel Silva, apelidando de «chocante» o conteúdo da missiva do CRN. Na sua opinião, este órgão «conseguiu atingir os mínimos, em termos do que é a dignidade de ser médico e o respeito que deve haver entre colegas».
Por seu turno, José Pedro Moreira da Silva alega que a carta apenas pretende demonstrar que as acusações que Pedro Nunes tem feito à Secção Regional do Norte são falsas. «Durante todo o mandato o dr. Pedro Nunes escreveu na Revista da Ordem que as coisas que o CRN dizia eram mentira; como não temos direito de resposta na Revista, agora que estamos eleitos decidimos juntar os documentos e escrever esta carta aos médicos para provar que o dr. Pedro Nunes é um aldrabão», disse em declarações ao «TM». Aliás, o presidente do CRN não poupou nas palavras: «O dr. Pedro Nunes farta-se de dizer que o CRN pagou gastos do dr. Miguel Leão, mas nunca apresentou documentos que o comprovassem; ao contrário, nós mostramos os documentos que sustentam as nossas afirmações.»
Quanto à altura em que a carta é enviada, o dirigente nortenho e apoiante de Miguel Leão não esconde: «Talvez seja uma boa achega para escolher um bom bastonário.»
Além disso, no passado dia 4 o CRN fez publicar no Público um «Esclarecimento aos médicos portugueses», onde questiona a legitimidade de Pedro Nunes para «alterar as regras eleitorais a meio do jogo».
João Semedo indignado com carta do Norte
O médico e deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo, não tomou parte activa nem votou na primeira volta das eleições da OM. Mas depois de ter recebido em casa a carta do CRN resolveu mudar de ideias. E começou por escrever uma carta a Miguel Leão, explicando porque, agora, apoia Pedro Nunes.
Ao nosso Jornal, o médico disse ter ficado chocado com a missiva do Norte. «Está ao nível de uma disputa eleitoral num clube de futebol, faz lembrar os autos-de-fé da Inquisição, é mistificador, redutor e maniqueísta», classificou. O deputado questiona ainda a «legitimidade» do CRN para entrar directamente na disputa eleitoral. «Interrogo-me se antes de ser eleito já é assim, como será depois de eleito? Se tais práticas vão fazer escola na Ordem dos Médicos são o suficiente para me empenhar na derrota de Miguel Leão», acrescentou.
Sul apela ao voto
Também o Conselho Regional do Sul enviou uma carta aos médicos da região lembrando que terá lugar uma segunda volta e que na primeira a participação dos médicos do Sul foi baixa. «A 1.ª volta mostrou participações muito diferenciadas nas diferentes regiões. A título de exemplo votaram 36% de médicos na Secção Regional do Norte e apenas 27,5% na Secção Regional do Sul», lê-se na referida missiva. E embora não faça apelo directo ao voto em nenhum dos candidatos, a carta do órgão liderado por Isabel Caixeiro, apoiante de Pedro Nunes, não deixa de dizer que pede a participação de todos para a eleição «não ficar enfeudada a uma votação de carácter essencialmente regionalista». E termina afirmando que «votar é dar força a uma Ordem independente», sendo esta última palavra uma das mais utilizadas por Pedro Nunes, que, aliás, tem como lema de campanha «consolidar a independência, defender os médicos».
O sprint final
Em três dias foram 15 as USF inauguradas. Correia de Campos não admitiu que a «corrida» se destinasse apenas a «ficar bem na fotografia» ao cumprir a meta fixada, mas reconheceu o empenho nesta última etapa. «Quem conhece os mecanismos de competição sabe que há sempre um sprint final. A volta final dos corredores de atletismo é sempre decisiva», respondeu, quando questionado sobre a coincidência de haver tantas unidades a inaugurar ao mesmo tempo.
TM 07.01.07
Enviar um comentário
<< Home