CC, MS, 12.03.05 / 29.01.08
Por tudo isto, é o momento certo para o sublinhar: Correia de Campos foi um bom ministro. Encerrou as maternidades e as urgências sem qualidade; controlou, pela primeira vez, o horário e a assiduidade dos médicos; atacou o lóbi das farmácias; apostou nos médicos de família e nos cuidados primários; controlou com mão de ferro as despesas hospitalares e responsabilizou os gestores. Tudo medidas oportunas. Poderia ter sido mais prudente, menos conflituoso, mais sereno e menos precipitado. Falhou várias vezes e dificilmente poderia continuar, mas deixou uma marca: serviu o país com seriedade, coragem e conhecimento. O epitáfio está escrito: saiu o ministro que, logo na tomada de posse, simbolizou a luta do Governo contra os grupos de interesse e de pressão. link
André Macedo, DE 30.01.08O afastamento do Ministro da Saúde na esperada remodelação governamental constitui uma clara vitória da rua, do aparelho do PS e da oposição. Decididamente é impossível fazer reformas contra os interesses estabelecidos, contra as visões localistas e contra o clamor demagógico dos média. Resta esperar que a reforma do SNS que Correia de Campos concebeu e iniciou - absolutamente necessária para a sua sobrevivência - não fique pelo caminho, para gáudio dos que apostam sobretudo na sua insustentabilidade. Mas o mais prudente nestes cenários é temer a contra-reforma...
Aditamento: Bem gostaria de saber, mas é fácil adivinhar, o papel que os interesses da indústria e do comércio farmacêutico, a quem Correia de Campos cortou um bocado dos seus fabulosos proveitos, teve na óbvia campanha de "assassínio político" do ex-Ministro da Saúde. Como é bem sabido, os interesses não dormem...
Vital Moreira, Causa Nossa
Correia de Campos era impopular por ser corajoso, por tomar decisões, por assumir escolhas, qualquer que seja o juízo que fazemos sobre o respectivo valor. A sua retirada é simbólica, por isso: em breve se verá passar de moda o discurso das reformas, do afrontamento, da ruptura e da determinação.
António Lobo Xavier, DE 30.01.08
Substituir o Ministro da Saúde neste momento é um grande sinal de fraqueza do Primeiro-ministro. A Ministra da Cultura há muito que era irrelevante estar lá ou não, por isso não conta para nada. Na verdade, a remodelação é só de um ministro e dá um sinal aos outros que acabou o período em que o Primeiro-ministro era indiferente aos assobios e a Manuel Alegre. Os manifestantes da rua, os assobiadores da CGTP e Manuel Alegre é que fizeram a remodelação. Mau sinal.
JPP, Abrupto
CC caiu como bom guerreiro: no campo de batalha.
joão pedro
Agora que CC saiu surgem as vozes a reconhecer que a política é a correcta, ainda que o processo, o escalonamento ou a comunicação não o tenham sido. A coligação de políticos locais e partidos, acolitada pela comunicação social, mais não fizeram que substituir os verdadeiros interessados no vozeio demagógico.
42 Comments:
Sim, Correia de Campos deixou marcas positivas. Não podemos porém esquecer que foi o ministro que mandou as portuguesas "parir a Espanha"; impôs regras e bem, a maternidades públicas que não teve coragem de estender às privadas; assistiu impassivo à explosão de hospitais privados sem curar de saber da conflitualidade público/privado; permitiu a vergonha das taxas moderadoras em cirurgias; fechou SAP(s) sem criar alternativas válidas; governou com soberba desprezando o diálogo.
Foi derrotado menos pelos lobies do que pelo Povo a cujos anseios não soube dar voz.
Que o castigo da arrogância de CC faça mais tolerante este blogue que tem vindo a expulsar e a censurar tudo que não seja da linha de pensamento dos promotores.
Primeiro monta-se uma metódica campanha de assassinato político, com a prestimosa colaboração das televisões-tablóide. Depois passa-se a mensagem de que "o ministro é insustentável"...
vital moreira, causa nossa
Aquela que julgo ser a "pergunta para queijo" no assunto da remodelação, que gostaria que comentasse: se é verdade que o Presidente da República teve uma mão na remodelação governamental, devemos aceitá-la como normal representação da sensibilidade popular, ou interferência em função de um projecto político específico?
Pergunto-o porque me preocupa a possibilidade, não de o Presidente poder interferir, mas de poder interferir sem nunca se explicar ou se dar a ver. Existirão, contudo, recados na comunicação social, que pretendem tornar "evidentes" e "de interesse nacional" os conselhos do Presidente (i.e., NAL, o referendo europeu), quando se trata de opções políticas ideologicamente determinadas. Se o Presidente considerava que as reformas da saúde apenas careciam de explicação, porque não "ajudou"? E já agora, porque não "ajudou" Alegre, que no essencial concordava com a racionalização dos serviços? Se é atribuído mérito à remodelação "comunicacional", os que se interessam pela política "de facto" não terão tudo a perder?»
João M., causa nossa
É tempo deixar de carpir, acabar de zurzir, de lamentar e a altura azaada para fazer balanços, gizar extractos e procurar saldos.
A governação de CC na Saúde, encerra um longo e irregular ciclo que pode ser caracterizado pela "gestocracia".
Penso que os lobbys políticos não vão permitir, tão cedo, a repetição deste modelo.
CC, não caí sozinho.
A sua queda arrasta uma clique que domina a Saúde, directa ou indirectamente, há 2 dezenas de anos, i. e., quando se começa a estruturar o SNS, nomeadamente, os cuidados primários e secundários de Saúde.
São também os co- promotores de uma cultura hospitalocentrica (no omento, ultracriticável), envergonhada, que, em tempos mais recentes, procurou, e conseguiu, efémeros aliados nos CPS.
A sua luta foi incriminar e depois despojar o grupo médico de eventuais privilégios ou de putativas perrogativas económicas que, segundo pensam, foram ilegitimamente acumuladas ao longo de séculos...
Conseguiram-no, em grande medida, sempre apontando incapacidades para bem gerir a Saúde e ligando os médicos ao desperdício, ao despesismo e à incompetência de gerar boas contas.
Estas escaramuças foram, acima de tudo, intervenções conflituosas, extremamente prejudicais para o ambiente funcional e operativo do SNS mas, em grande medida, cosméticas.
Desses pequenos sucessos nasceram apetites para voos estruturais.
É aqui que se encaixa o grande desafio do consulado de CC.
Entraram com grande espalhafato técnico no domínio político.
E aí soçobraram. As regras são outras.
A casuistica é lida selectivamente.
Para além dos números estrictos, tem a cavalo, são permanentemente escrutinados, os custos sociais e políticos.
A queda de CC é de certo modo a hecatombe desta visão fracturante da Saúde a que se acopulou um projecto de liderança que passava pela ENSP, como placa giratória do sucesso.
Nem M Delgado, nem C Sakellarides, têm estofo e peso político para dar continuidade ao modelo que é enterrado com CC.
A escola de CC, "morre" com o afastamento político do protagonista.
Daí a grassar um grande vazio, um sentimento de orfandade, nestas hostes.
O futuro será das lideranças multidisciplinares , integradas, onde individualmemte os grupos da Saúde - todos sem excepção perdem espaço - mas há em carteira enormes potencialidades colectivas.
Obviamente, a partir desta última experiência, subordinadas ao poder político (latu senso).
Pode ser o poder da rua, das greves, das reivindicações ferozes e selectivas, para grande escândalo ou incomodo de Vital Moreira ou de José Pacheco Pereira.
CORREIA DE CAMPOS: DEMITIDO PELA PARVÓNIA
Se Correia de Campos tivesse cedido às farmácias, tivesse modernizado o SNS ao mesmo tempo que mantivesse serviços de saúde de má qualidade em todos os municípios, se tivesse decidido sobre a localização dos serviços de saúde depois de ouvir os autarcas, se tivesse nomeados boys do PS para todos os cargos de gestão seria agora um ministro muito bem visto e ninguém estaria muito preocupado com o aumento do défice, até Sócrates teria a ganhar porque a sua obsessão pelo défice seria atenuada.
Mas Correia de Campos não foi por aí, em dois anos fez mais reformas na saúde do que as que foram feitas na última década, teve que enfrentar a parvónia. Onde estão os que tiveram uma crise de nacionalismo quando foi encerrada a maternidade de Elvas? Estão calados, sabem muito bem que se a maternidade de Elvas reabrisse ficava às moscas.
É evidente que Correia de Campos não é um político e como comunicador é um desastre, cometeu o erro de não ter explicado as suas reformas, foi essa a crítica que lhe dirigiu um Cavaco Silva que em tempos se esqueceu de fazer a mesma crítica a Leonor Beleza, uma ministra que ele apreciava. Essa crítica não foi justa, quando encerrou as maternidades Correia de Campos desdobrou-se em explicações mas isso de nada lhe serviu, a contestação à sua decisão foi ainda maior do que a que se viu em relação às urgência.
Sócrates mudou de política ou de estratégia de comunicação? Qualquer das duas opções são válidas para quer renovar a maioria absoluta, para o que precisa de reduzir a contestação ao seu ímpeto reformista e impedir que os simpatizantes de Manuel Alegre avancem para a criação de um novo partido. A nova ministra da Saúde também significa a entrega de uma pasta ministerial a Manuela Alegre, como ele não se cansa de dar a entender.
O Jumento
Transcrevo um comentário anterior ("Foi derrotado menos pelos lobies do que pelo Povo a cujos anseios não soube dar voz.") e pergunto se o Povo teria tido a mesma atitude de os Media não tivessem ignorado as explicações do ex-MSaúde, optando pelo que está a render: amplificar os problemas identificando como culpados os habituais - os Políticos -, noticiar dolosamente sem qualquer rigor (veja-se o caso do bebé de Anadia, os partos em ambulâncias como se não tivessem diminuido, etc...). Foi o Povo? Ou alguém se serviu do Povo?
Como já foi afirmado o professor CC governou o pais como um verdadeiro servidor da causa pública contra os interesses instalados, tendo na sua mente a razão de ser do SNS, que são os utentes que necessitam de cuidados de saúde. Afrontou claramente aqueles que não entendem que, se pretendemos proporcionar a estes doentes melhores cuidados de saúde temos que poupar. Este ministro:
- Encerrou urgências e despromoveu algumas (acabou com as horas extraordinárias ganhas a dormir, muitas vezes em casa) – poupança esta que começava a ser aplicada naquilo que importa, tratar mais doentes e melhor (novas tecnologias, mais doentes incluídos em terapêuticas essenciais e caras). A verdade é que alguns preferem ver esse dinheiro nos seus bolsos, os doentes o que é isso?.
- A aposta deste ministro (de um verdadeiro técnico) era a de “CUIDADOS DE SAUDE PROGRAMADOS”. A verdade é que esta forma permitia poupanças consideráveis (para serem utilizadas noutras áreas da prestação) e melhores cuidados prestados. Para alguns os cuidados devem ser prestados na urgência (“vinga o principio da hora extraordinária). Na realidade quando analisamos a gravidade dos utentes que vão às urgências (triagem de Manchester – considerando que existe uma triagem defensiva), verificamos que mais de 60% são consultas externas – realizadas num ambiente inadequado e caro.
- Controlo Biométrico da assiduidade de todos os funcionários e elaboração de horários com actividades definidas. A verdade é que este controlo permitiu verificar aquilo que todos já sabíamos, EXISTEM MÉDICOS EM EXCESSO. Conto a este propósito uma pequena história, verdadeira. Aquando do registo dos funcionários (para o registo biométrico) de um grande hospital, dizia assim o director de um serviço “o quê este gajo ainda cá está?”. É preciso que se diga, muitos médicos não comparecem, reiteradamente, nos seus locais de trabalho, diminuindo a capacidade de resposta do SNS. Neste período aumentam a capacidade de resposta das suas privadas.
- Atacou as farmácias, permitindo a abertura de farmácias nos hospitais e novas farmácias de ambulatório. Situação que não se compreendia.
- A indústria farmacêutica sentiu pela primeira vez em 30 anos o sabor de crescimentos reduzidos (0%). Neste campo muito foi feito (muito havia a fazer): protocolo terapêuticos, negociações com a indústria realizadas pelo governo e pelas várias administrações de hospitais (ganhos consideráveis). Foi introduzido rigor na introdução de “novos” medicamentos nos hospitais.
- Desenvolveu a contratualização interna, permitindo que mais doentes fossem atendidos no SNS.
- Desenvolveu e melhorou o SIGIC (ultimo regulamento).
- A gestão sentia que alguém olhava para todo e sabia o que pretendia, competentemente – com sentido, oportunidade.
Os princípio do professor CC, eram simples:
1.º Tratar doentes (no sector publico e no sector privado)
2.º Respeito pelo princípio da equidade. Proporcionar a todos, em especial, aos mais desfavorecidos economicamente cuidados de saúde.
Os indícios, relativamente ao futuro, parecem-nos preocupantes. Serão sempre os mesmos a pagar, neste caso os utentes do SNS.
É a derrota da competência. O país vai pagar caro estas mudanças. As populações os autarcas vão ter as suas Urgências (os utentes nada ganham).
Este ano não vai haver falta de água em Portugal. Com tantas carpideiras a chorar por CC, as barragens vão, com toda a certeza, encher-se.
É curiosa a coincidência. Os apoiantes «institucionais» de CC (que só agora claramente se revelam) estão, todos,postados claramente à direita do espectro político: JPP, José Manuel Fernandes (Director do Público), Lobo Xavier, etc. Vital Moreira? Não conta, já não se sabe bem em que espectro se encontra. Diria, que se encontra, apenas contra a Ordem dos Médicos, contra a Ordem dos Farmacêuticos, enfim, contra, pura e simplesmente. Quer fazer jus à sua tese de Doutoramento.
Já não dou o benefício da dúvida a mais ninguém. O poder corrompe os carácters, o poder absolto corrompe absolutamente.
Viram já a pose decidida e vaidosa do novo Ministro da Cultura? Mau sinal...!
Gostei do post de e-pá.
É triste ver que é preciso o ministro ir-se embora para alguém reconhecer o óbvio: o tal joelho esfolado,a manipulação partidária e a ignorancia do povo ( acrescentaria ainda a má fé dos média) tudo a fazer marcha atrás.Se querem o país a andar para a frente, mudem de tática. Agora o ministro já era bom!!!!Pois era mas foi-se! link
DE 31.01.08
Começo este meu comentário por uma pergunta: quem é o tabemquero?
Ainda não consegui perceber quem é essa "personalidade obscura" que, não tendo ideias próprias, se limita, sistematicamente, a reproduzir as opiniões de terceiros em tudo quanto diga respeito à defesa da política do "defunto" CC. Será que vamos ter que o suportar no futuro?
Por amor de Deus...tirem-me daqui!...
Merece-me também registo o comentário de "joão torres ilhas". Penso que é a primeira vez que participa no blogue (o que faz com todo o direito). Não deixa de ter pertinência (?) o sentido do seu comentário, mas não concordo com a generalização que faz segundo a qual "...este blogue tem vindo a expulsar e a censurar...".
Aceitar este comentário, sem mais, seria cometer uma grande injustiça para com o Xavier. Na verdade, e estou à vontade para o dizer, Xavier assumiu a defesa acérrima de CC. Mas não pode, com justiça, ser acusado nos termos em que o faz joão torres ilhas. O Saúde SA, iniciativa do Xavier, surgiu como um blogue "contra" LFP e o anterior governo e sempre assumiu a defesa de CC (algumas vezes, na verdade, de forma mitigada e outras euforicamante). E quando CC assumiu a pasta da Saúde neste mesmo blogue não faltou euforia da maioria dos comentadores (candidatos a um lugar de relevo), sendo notória a tendência para destacar tudo quanto fôsse sinónimo de apoio a CC. Mas, ainda assim, Xavier, nunca expulsou ou censurou as opiniões discordantes. Faça-se-lhe justiça. Até porque soube resistir à opinião de alguns "extremistas" que achavam que quem não apoiasse CC não devia ter lugar no blogue.
Mas, voltando à saíde de CC, acho que o mesmo é passado. Arrogante e autista, teve o destino que mereia. E, recorde-se, não foi a primeira vez que, como MS, saíu pela porta das traseiras.
CC desde antes do 25 de Abril sempre viveu "à mesa do orçamento".Em França, como "bolseiro" (?) e em Portugal como dirigente de uma ENSP (feita à sua imagem e semelhança). E tem sido assim enquanto alto dirigente da Administração Pública.
Por mais que os seus apaniguados pretendam convencer-nos do contrário, CC falhou mais uma vez como ministro da saúde. E usou da mentira, nomeadamente quando criticou o seu antecessor, para tentar convencer-nos da bondade da sua política.
O seu primeiro erro, recorde-se, começou quando durante meses não foi capaz de receber (para ouvir) os dirigentes dos HH's SA. E, chegou mesmo a dizer que os CA, então em funções, não falavam com os governantes mas deviam "limitar-se a falar" com os presidentes das ARS's (já por si nomeados). A transformação dos HH's SA's em HH's EPE's foi a sua primeira "patranha". Devia ter tido a humildade (bastante) para reconhecer o mérito de profícuo trabalho desenvolvido em tão curto período, e melhorar o que vinha sendo feito. Mas não pensou assim. Atirou contra tudo e contra todos, e não respeitou a dignidade pessoal de quem, tal como ele prório, vinha servindo a causa pública. E veio anunciar, pomposamente, as chamadas "cartas de compromisso" como se aí estivesse a chave das necessárias mudanças na gestão hospitalar. Puro engodo! E, no fim, foi o que se viu...
Para mim, CC-MS é passado. A sua passagem pelo MS fica bem ilustrada pelo vídeo de Ricardo Pereira (gato fedorento). Paz à sua alma.
Excelente comentário do cffc! Subscrevo na integra!
Estas vistas curtas e irresponsabilidade inaceitável de:
- da nossa esquerda arruaça "mrpptizada" (eu sou de esquerda) e populista do tipo "a luta continua"
- das oposições irresponsáveis q se colocaram ao lado dos lobbies do sector q estavam sob ataque do ministro
- dos media que apenas desinformaram ao bom estilo Fox News(sobretudo a SIC)
ainda vai sair caro aos utentes!
Espero sinceramente que esta ministra continue as reformas essenciais para a racionalização de recursos e modernização do SNS para o dotar de uma rede mais eficiente para o utente, principal preocupação de CC!
É impressionante, em Portugal, o culto das desgraças, da infelicidade.
A dificuldade em fazer lutos.
O Prof. Correia de Campos, fraquejou no seu projecto de reforma porque não cuidou da política. Ou facassou na política porque não cuidou bem das reformas.
As reformas - vamos circunscrever-nos à reestruturaçâo da rede de urgências - que pretendeu introduzir, sob o ponto de vista técnico, são, por assim dizer, óbvias.
O grande problema é que foram - não podemos passar a vida a esconder o facto - reformas imperfeitas, à pressa.
Subjugadas por gritantes condicionamentos orçamentais.
Pretendeu-se contabilizar consequências antes de injectar condições, disponibilizar meios. Obter ganhos à sombra do paleio reformistas. Reproduzir os negócios da China. Vender banha da cobra.
O Povo não é tolo! Apercebeu-se das imperfeições destas reformas - não pelos princípios das mesmas - mas porque uma coisa são mudanças qualitativas outra são "trapalhadas" quantitativas - para rapidamente poupar uns cobres.
E o Povo não sendo tolo é muito desconfiado. os Partidos não têm apetencia por posições suicidas ou para martires. Só os movimentos fundamentalistas.
As eleições autárquicas de 2009 já mexem. Começaram as reuniões preliminares em todos os Partidos, começam a definir-se estratégias, selecionar candidatos, etc.
Na situação de "levantamento nacional" que Arnaut referiu existir em muitos sítios, o PS não conseguirá arranjar um único candidato à Câmara que não leve com o encerramento de qualquer coisa na cara: - seja SAP, Escola, repartição de Finanças ou CTT,... à escolha.
Nem mesmo fazendo uma tombola consegue arranjar alguém disposto a vitimizar-se. Ninguém está disponível.
Foi este o problema que CC e os seus boys arranjaram ao PS.
Uma reforma técnicamente bem urdida e pensada, ditada da João Crissostomo, válida urbi et orbi.
Não para ser adoptada para ser integrada no SAP's, transformqando-os. Mas para de rajada eliminar da face da terra os malditos SAP's. Depressa, em força, já. Que o orçamento urge.
Nenhum partido suporta isto e todo o político sabe-o. Muito mais Correia de Campos, na política, desde o 25 de Abril.
O problema foram os "boys" que empurraram CC para esta aventura política em nome da revolução do sistema. Boys, mutios deles da sua corte da ENSP, que pensam nas reformas em modelo copy / paste.
O que foi feito no NHS deverá ser feito no SNS.
Na estrutura sociológica que temos no meio rural, com uma inabalável devoção ao S. Tomé (têm de ver para crer) muito renitente em relação às benesses do Terreiro do Paço, esses boys - a entourage de CC - os news health managers demonstraram:
- incompetencia política; - incapacidades no entendimento do sistema;
- desastrados na percepção dos problemas locais,
- desadequada acção técnica no terreno;
- falhas intoleráveis nos meios técnicos disponibilizados.
Embarcaram no sacrossanto sistema que tanto os encanta:
"com menos dinheiro vamos fazer mais".
Na linha de montagem da VW funciona, em políticas sociais, não é assim.
Por isso desde há 2 dias que se ouve é um clamor de choros e lamentações, como se diz em Coimbra, tardias, ... pois, agora Inês é morta...
Caro é-pá,
Basta ler os seus últimos comentários para compreendermos o que está a acontecer. O que vai acontecer. E antever onde isto tudo vai parar.
O senhor doutor está cada vez mais parecido com o Tonitosa. E com o regressado Vivóporto.
Aqui não há carpideiras.
Trata-se de fazer alguns pequenos registos para memória futura.
Por que daqui para a frente com os senhores Alegres deste país a comandar o desatino na Saúde está de volta. Para ficar.
Mesmo que a dr.ª Ana Jorge consiga assegurar a colaboração do Francisco Ramos.
Os lirismos carregados de irresponsabilidade estão de volta. Aconsenho a dr.ª Ana Jorge a ter muito cuidado com os seus companheiros de route. Com malta dessa todo o cuidado é pouco.
Caro é-pá abriu-se uma nova página.
Faço votos para que o Xavier continue a ter paciência para nos aturar. Porque vamos ter muita matéria para debater aqui na SaudeSA. O fim deste filme não é dificil de adivinhar.
Eu não disse que não faltariam as "carpideiras"?!
Até o Vivóporto foi agora transformado em inimigo!
E claro...temos que ter cuidado com a nova Ministra da Saúde! Bom, mesmo bom era o "paizinho" da ENSP.
Tadinhos deles!
Se dúvidas houvesse...
No que me diz respeito, continuarei como sempre: apoiando (o pouco que houve para apoiar) e criticando (e não faltaram factos concrectos e razões para o fazer) o que achar oportuno, sempre em defesa do direito à saúde e no uso, responsável, da liberdade de expressão; por muito que custe aos que, se pudessem, não hesitariam em utilizar a "lei" da mordaça.
Porque para mim as "coisas" sempre foram "claras".
Cara Clara:
Não resistiu à tentação de tentar adivinhar.
Clara: o que vai acontecer?
Segue-se o "amansar" da fera. Vai acontecer pouco. Consolidar o que de bom foi feito.
A dramatização sobre uma hipotética (mais do que previsível) viragem à Esquerda na condução política da Saúde, não é nenhum desastre. Eu próprio já suportei várias derivas de Direita, relativamente incolume.
Agora, que a leitura do blog nestes últimos 2 dias faz lembrar Luís XV ... e a celebre tirada: "depois de mim o dilúvio..."
Cara Clara:
Na verdade não sei se foi Luís XV que a disse no Parlamento se foi a Madame Pompadour ao seu retratista preferido.
Mas sei, que o dilúvio, porém, não veio nem depois dele, nem depois dela, nem depois de outros arrogantes que pronunciaram a mesma frase.
~Pese embora o incomodo do senhor Tonitosa, vou postar mais este excelente texto do Vital Moreira.
Que um editorialista de um jornal de referência, como o Público de hoje, insista no truismo de que o «direito à saúde das populações não pode ser sacrificado em nome da sustentabilidade das finanças públicas», para dizer obviamente que era isso que estava a suceder com as políticas de Correia de Campos, mostra o dificuldade de fazer triunfar na opinião pública um discurso reformista sério sobre o SNS.
Três notas a este respeito:
a) o encerramento das pseudo-urgências não afectou nenhum direito à saúde, antes visou garantir um direito a melhores cuidados de saúde, o que, como mostrou o encerramento dos blocos de partos, na altura tão vilipendiado, não se assegura com maus serviços ao pé da porta;
b) o reordenamento territorial dos serviços de urgência não obedece a nenhuma lógica de poupança financeira, pois os encargos da nova rede de urgências e dos meios de transporte são muito maiores do que os custos dos serviços encerrados;
c) como é sabido, a salutar contenção do crescimento (insustentável) dos gastos do SNS deve-se sobretudo a ganhos de eficiência (ver o caso do Santa Maria) e a poupanças na factura dos medicamentos.
Nesta altura do campeonato, e consumada a saída do "culpado", tudo isto deveria ser pacífico. E o mínimo de homenagem que se deve ao ex-ministro da Saúde consiste em não lhe imputar o infamante projecto de querer "poupar dinheiro à custa da saúde dos portugueses". Para demagogia, basta o que basta!
vital moreira, causa nossa
“ A princípio, a metamorfose dela preocupava-o e ele oferecera-se para trazer a bruxa de Vilar de Perdizes ou levá-la ao doutor, em Montalegre.”
Ele era Leonardo e ela Ermelinda, personagens de Terra Fria de Ferreira de Castro.
Alguns dos comentários aanteriores revelam que os seus autores olham para a gestão e para a economia da saúde como Leonardo olhava para a medicina.
No caso, com uma única diferença. Nem sequer têm dúvidas. Preferem a bruxaria.
Está a ser feita uma construção, por um dos bocados da manta em que se tornou o PSD, do homem de plástico.
O desvario é tal que o homem de plástico, o tal que conseguiu os votos para que CC fosse ministro, se tornou o mau da fita - provavelmente os papéis estariam invertidos e o que estaria certo era ser CC a despedir Sócrates.
Devia ter mantido a seu próprio custo e com o partido em guerra o devaneio do Servidor Público que nunca teve negócios na área de Consultoria em Saúde e nem vai voltar a eles.
Deixem-se de autismo político porque CC morreu ás vossas e às mãos dele próprio muito menos que às de outrem.
Às vossas porque batem palmas e incentivam tudo o que o Chefe insinua e sabem tanto de política como ele - às dele porque quem viveu tanto tempo em Coimbra e nas abas do poder deveria ter aprendido mais.
A política é somente a arte do possível, não é seguramente a porta aberta da utopia - ainda por cima, como na canção que ele sabe bem também nela "só passa quem souber".
Os erros de palmatória cometidos por CC vão custar muito caro ao país. Vamos ver se acertamos aqui alguns pontos essenciais (se o xavier publicar, claro):
1) CC e a sua equipa sabiam que estavam para ser remodelados desde o verão de 2007. A prova é que vários assessores e adjuntos foram, desde essa altura, tratando da vidinha e arranjando colocação noutros poisos do sistema. Só quem anda distraído é que não aceita esta ideia.
2) CC falhou rotundamente no pensamento estratégico! Poquê? Porque o processo de requalificação dos SU deveria ter começado em Dezembro de 2006 e não ficar suspenso durante meses para não criar ruidos de fundo durante a Presidência europeia e ser inciado de forma precipitada no fim do ano de 2007 “para estar terminada antes do começarmos a campanha para a reeleição’. Devido ao atraso por motivos de falhas de gestão operacional do seu gabinete, a decisão estratégica de CC combinada com Sócrates deveria ter sido congelar o processo para depois de 2009 introduzindo pequenas alterações até lá conforme as USF e os Agrupamento de CS no terreno fossem ficando consolidados. Insistir na medida precipitada e fora do tempo foi a morte do artista. Nada poderia ter sido mais desajustado... aliás, uma boa análise deste tema é um texto do vosso muito querido PKM publicado no DE de 10/Janeiro de 2008 que, para surpresa de quem o leu, não foi "referenciado" no vosso blogue.
3) A remodelação do MS e a nomeação de Ana Jorge reflecte o oportunismo de um grupo auto-intitulado “apoiantes de Alegre” que, com muita alegria, tratou de deitar o ministro abaixo para assaltar o Poder nesta área em que, a partir de agora, tem Sòcrates agarrado pelo pescoço e totalmente manietado. Por outras palavras, o PCP, infiltrado no PS, voltou ao Poder. Um aviso para os mais distraidos.
4) A escolha de Ana Jorge, aconteceu apenas por uma questão de oportunidade. Será, previsivelmente, uma nulidade como Ministra da Saúde o que, naturalmente, é o que convém aos intereses que se sentiam ameaçados pela astúcia de CC que preparava uma série de rudes golpes aos esquemas de enriquecimento ilicito montados no SNS. Não tivesse CC cometido este erro fatal de insistir na requalificação dos SU na altura errada, e estariamos a falar de coisas muito mais importantes neste momento.
5) A manutenção de Francisco Ramos na equipa ministerial, ainda assim, mantém alguma esperança de que algumas medidas tenham sustentação. Mas, Francisco Ramos será o sustentáculo de uma equipa sem competências para liderar o SNS num momento tão vital como este período até meados de 2009. È pedir demais ao eterno Sargento de CC que nem tempo teve de descansar. Mas tem uma coisa de bom. Mantém a malta dos Admin. Hospitalares contentes e com jobs para distribuir entre si.
6) Ao contrário do que diz ‘epá’ a queda de CC, não representa o fim da influência da ENSP. Pelo contrário. Este período dar-lhe-á tempo para regressar com mais força mantendo a sua influência estratégica. Primeiro, porque Francisco Ramos também é da ENSP. E segundo porque a ENSP tem uma nova geração de líderes que preparará o futuro para depois de 2009 e estará à frente da fase seguinte de modernização do SNS. Esta geração inclui pessoas tão competentes, com ideias inovadoras e capazes de liderar processos multiprofisisonais e transversais como Adalberto Campos Fernandes, PKM, João Pereira e Leal da Costa. É claro que, Manuel Delgado, Lopes Martins e Ana Escoval ainda estarão por aí por mais alguns anos. Mas esses estão muito presos a diversos compromissos (incluindo o fatal compromisso com o que resta dos Administradores Hospitalares) e terão difculdades em apresentar ideias isentas.
E mais não digo que para lançar a discussão, já chega.
NOTA: Há muito regressados ao blogue. Denunciam-se desta forma as suas anónimas pessoas.
A mini-remodelação ministerial parece ter assustado os mais recados e prudentes pensadores sobre a Saúde.
Esta remodelação era, cada dia que passava, um indigente e penoso processo de sobrevivência política, que parecia resistir perante todos os percalços imagináveis e inimagináveis.
Com toda a sinceridade que costumo imprimir às minhas posições devo confessar que foi bem visível por parte do Xavier o lançamento do primeiro sinal de que algo tinha entrado na zona vermelha. É quando faz uma breve nota sobre um encontro com o “Hermes”, homem (AH) com grande visão estratégica da Saúde que merecia do Xavier o maior respeito. Dessa conversa teria ressaltado a necessidade de desenvolver um trabalho mais profícuo, concertado e abrangente, no seio do SNS. O lema seria: “ todos juntos até 2009!”.
Este rodeio, este enigmático encontro, mostrou-me que tinha tocado os sinos a rebate e o sector da administração e gestão da Saúde, tinha decidido cerrar fileiras.
Essa estratégia foi fielmente estampada no Saudesa, com uma profusão de artigos sobre a obra realizada e evocações de declarações do ministro em relação a planos de trabalho até 2009 (Jornal Sol, p. exº).
Por outro lado, manobras de diversão, suscitando uma re-discussão das PPP’s (a propósito do lançamento de mais 2 HH’s) de modo a desviar a discussão das permanentes “trapalhadas” que ocorriam à volta da reestruturação das urgências, de grotescas falhas da emergência pré-hospitalar, do caos da comunicação, isto é, do engrossar de uma onda de contestação ao Ministro.
Essa onda de contestação é insistentemente denunciada como demagógica, com as mais diversas citações da imprensa e personalidades. A realidade é que o seu crescimento tinha variados motivos, a demagogia entre eles com certeza, mas ia para além disso e, o mais preocupante, paulatinamente, engrossava. O Ministro nunca entendeu, ou displicentemente desvalorizou, os terríveis danos que estava a causar no aparelho do seu partido. Se fosse arguto, saberia que fora do alarido demagógico ou outro, o aparelho partidário iria exigir, o mais cedo possível, a sua cabeça. “Eleições à porta”.
Nesta altura, e atenta ao escorregar da situação, a Oposição política resolve questionar a capacidade de Correia de Campos para manter-se como homem do leme do SNS.
A petição de BE, logo assinada por A. Arnault, por M. Alegre, pelo bastonário da OM e outras individualidades foi, politicamente, um ultimato a Sócrates.
E, nada, nem ninguém, o pode salvar. Correia de Campos caí e arrasta consigo um modelo economista e de gestão desta vital questão social que é a Saúde.
Caí e arrasta consigo a orquestração política e estratégica que Vital Moreira lhe foi, directa ou indirectamente, fornecendo. Não será tão cedo que VM aceitará o desfecho.
É o fim de um ciclo que, de algum modo, funcionou corporativamente, isto é, à volta da ENSP de que CC foi o grande líder e mentor (hoje até esse estatuto perdeu) e que promoveu, à revelia das estruturas naturais e diversificadas do SNS, os AH’s a lideres da mudança e a donos da estratégia de futuro.
Hoje CC já não pontifica na ENSP. Não influencia o OPSS. Não comanda a vanguarda da investigação. Não reservou espaço político no PS. Saí zangado e abruptamente passou a ancião. Homens como o Prof. Doutor João Pereira, substancialmente diferentes de CC, de outra geração, vão crescendo e vão aparecendo (outros hábitos, outros métodos).
Penso, que esta é a mudança necessária e, em muitos sectores profissionais, interpretada, como a imprescindível deriva à Esquerda do PS, nas áreas sociais. É a libertação das férreas amarras economicistas que vêm perseguindo a Saúde há mais de uma década (desde Guterres).
Antes de tudo, abre caminho a uma nova arrumação do enorme Casarão da Saúde, que é o SNS.
Mais, objectivamente cria condições para uma pacificação no interior do SNS.
É o rejuvenescimento que lhe trás novo élan.
Será também uma viragem à Esquerda por privilegiar uma gestão integrada e participativa deste vasto e diversificado Mundo da Saúde, coisa que não sucedeu até aqui. A gestão colectiva será a impressão política desta viragem e um rude golpe na longa carreira hegemónica da ENSP que terá sucumbido a grandes ambições. Maior do que a camioneta, embora pareça contraiar as esperanças do comemtador "festas".
Nunca mais os políticos vão dar rédea solta a gestores, economistas ou médicos, para tratarem da Saúde. E a peregrina ideia de que o PCP nomeia ministros no Governo PS, só é comparável à seráfica premonição (às 48 h) que a Dr.ª Ana Jorge, será uma "nulidade" como MS... Caro "festas" informaram-no que o muro de Berlim foi derrubado?
Qualquer trabalhador da Saúde gostaria de saber qual o tipo (e os valores) das contractualizações feitas pela Instituição onde trabalha com as ARS's. Tem de conhecer qual a parte que lhe cabe cumprir.
“Cartas de compromisso”, enterradas no mais obscuro secretismo, entre CA’s e Ministério, não são nada.
Isto, seria o mínimo que os funcionários têm de conhecer, de exigir participar, antes de aceitarem passar para o quadro de mobilidade especial…
Toda esta mudança é afinal uma metamorfose.
Como dizia Ovídio:
“E amanhâ não seremos o que fomos,
Nem o que somos.”
A demissão do dr. Correia de Campos e a forma como foi feita não só arrasam a imagem fabricada de determinação e coragem que ainda caracterizava o primeiro-ministro, como matam qualquer ilusão sobre os seus verdadeiros objectivos.
A um ano e meio das eleições, o eng. Sócrates mostrou claramente ao país, ao Governo e ao partido que nenhuma reforma compensa os custos da impopularidade e a perda da maioria absoluta. Daqui para a frente, o que importa verdadeiramente é ganhar votos, agradar ao eleitorado, nomeadamente ao eleitorado socialista, e garantir a maioria absoluta que parece cada vez mais difícil de alcançar. Resumindo: a saída do dr. Correia de Campos é um sinal de que o Governo não vai querer descontentar ninguém, a confirmação de que não há reformas populares e um marco que assinala oficialmente o arranque da campanha eleitoral.
JP 31.01.08, Constança Cunha e Sá
O que prá qui vai!
Que desvario...
O pessoal entrou em delírio...
Com o festas e o é-pá à cabeça do poletão.
Se a greve dos argumentistas não tivesse cessado...
Isto transformou-se realmente num exercício de bruxaria.
Tenham dó. Que isto de blogar até às tantas, custa a todos...
Quem tem estômago
O sr. ministro da Saúde pediu a demissão ou foi demitido pelo sr. primeiro-ministro. Numa variante, pediu a demissão; noutra variante, foi demitido; e ainda noutra variante seria demitido até se, por acaso, não pedisse a demissão. Houve, por assim dizer, uma troca telepática entre o sr. ministro da Saúde e o sr. primeiro ministro, que permitiu ao sr. primeiro-ministro correr com o sr. ministro da Saúde, sem, de facto e no fundo, correr com ele. Este fenómeno paranormal não ocorreu porque o sr. primeiro-ministro estava em risco de perder a sua reputação de reformador "intransigente" e "determinado", ou porque o dr. Cavaco e o dr. Alegre exigiam que o ministro saísse, ou porque o bom e sempre sensato povo português se manifestava contra ele, ou porque a saúde vale votos. Não, senhor. Ocorreu, porque existe no universo uma força que intervém, quando o interesse pessoal de Sócrates começa por qualquer razão a periclitar.
A essa força corresponde, de resto, uma força igualmente intensa com origem autêntica e directa no coração de Sócrates: Sócrates "compreende o sentimento psicológico das pessoas" (como coisa distinta do sentimento apsicológico das pessoas). Os pais, por exemplo, são "de uma aldeia, de Alijó", e ele aprendeu, presumivelmente desde pequenino, a compreender o "sentimento psicológico" das "pessoas de Alijó". Com esta compreensão, não podia, como é óbvio, deixar de pôr na rua o ministro da Saúde, quando o próprio ministro da Saúde, o Presidente da República e Manuel Alegre, sem qualquer antepassado em Alijó, chegaram, ninguém sabe como, à mesma conclusão.
Claro que a política de saúde não vai mudar, com a nova ministra, a dra. Jorge, só por coincidência amiga de Alegre. Sócrates, como ele muito bem lembrou, não volta atrás, nem cede a pressões. Se não fechar nenhuma urgência daqui em diante é porque muito livre e espontaneamente não quer fechar nenhuma urgência. Não cedeu e não voltou atrás. Sobretudo não mudou de política. Não fecha urgências: mais nada. Não fecha agora com tanta firmeza como dantes fechava. Com esta atitude irá com certeza "reforçar a confiança" dos portugueses no Serviço Nacional de Saúde. Como a reforçava fazendo exactamente o contrário. Excepto se, depois de 2009 e de uma segunda maioria, resolver o contrário do contrário.
Quem tem estômago para isto?
Vasco Pulido Valente, JP 01.02.08
Correia de Campos é sem dúvida o mais competente político português em matéria de saúde pública. É um homem frontal e corajoso, que vai à luta, que dá a cara e enfrenta os adversários tentando desmontar os seus argumentos. É-me pessoalmente muito simpático, por isso; e admiro a sua verticalidade e inteligência. E até admiro a sua teimosia e a capacidade que tem de cometer erros, que é timbre de pessoas com o seu carácter.
Mas as coisas são o que são. Por um conjunto variado de questões (a maior das quais, sem dúvida, é a força dos interesses que enfrentou) tinha-se tornado parte do problema e não da solução. A crispação pessoalizada nele da sociedade civil, a hostilidade dos media, as críticas públicas de relevantes socialistas estavam a tornar inaudível a sua mensagem e seguramente que a base de apoio do PS (e as eleições autárquicas estão a chegar...) iria cada dia estar mais agressiva.
O resultado seriam crescentes pressões para que arrepiasse caminho, para que tentasse conciliar o inconciliável, para meter o rossio na betesga, para chegar à terra prometida sem dores, para que alguma coisa mudasse e tudo ficasse na mesma. E se ele não cedesse acabaria afastado sem glória em nome do (inevitável) pragmatismo.
Fez bem em sair, com o seu prestígio intacto. Não por não ter cometido erros, mas por ter tido razão. Ficar seria inútil ou prejudicial.
José Miguel Júdice , JP 01.02.08
Caro Xavier:
CC, não foi demitido!
Pediu férias, ou talvez seja mais elegante dizer que meteu licença sem vencimento por esgotammento...ou cansaço, como já foi dito em relação ao Prof.Campos e Cunha (ex- min. das Finanças). Não devemos mudar frequentemente de estratagema.
Na sua ausência, encontraram num corredor de um Hospita dos arredores de Lisboa uma senhora - de nome Ana - e pediram-lhe que, nos entretantos, aguentasse o barco, até que numa manhã de nevoeiro voltasse o D. Sebastião.
A esta senhora foi-lhe encarecidamente pedido um grande favor: que sejam repostos os privilégios ignobilmente abolidos aos "interesses instalados".
"Interesses instalados" é um conceito adequado a ser contemplado por políticas de procrastinação.
O ideal para uma senhora que gosta de criancinhas.
Que nos vai contar muitas estórias até adormecermos e inopinadamente chegarmos felizes a 2009.
Por exmplo, era uma vez um senhor que resolveu meter-se com homens muito grandes, uns gigantões.
Resolveu infernizar-lhes a vida. Quando queriam uma casa para repousar ele dava-lhes uma carrinha para viajar. Até que resolveram manifestar-se contra. Aí apareceram uns apetrechados técnicos que os apelidaram de "manipulados". Como não sabiam o significado tomaram-no por um insulto. Ingratos...
Outros senhores que tinham uma casa há séculos, cuja sucessão era do tipo morgadio. Veio então o tal senhor e disse-lhes: a partir de agora qualquer duende pode fazer uma igual e vender poções.
Em compensação os velhos senhores recebem a drugshop, a minilab e a store for primary cares.
...
Para abreviar, chegaram os lobos maus e mandaram-no de férias para uma ilha distante...
Ninguém quer ir com ele. Preferem, apesar dos lobos maus andarem a rondar, ficar onde estão (...ou estavam).
De resto, para além destas estórias da carochinha, foi um sonho mau.
O pragmatismo asssinou o pragmático.
É a dramarturgia de "Fedra" na Saúde.
Fedra, pragmática, suicida-se e Hipólito tem de ser sacrificado.
Logo a terrível procrastinação deverá reinar até 2009.
Entretanto, CC vai fazer-nos as delícias com uns artigos sobre política de Saúde, p. exº., no DE e no JP.
Professor, nunca escreva sobre Economia da Saúde. Teorize sempre sobre o que não sabe e em contracorrente aos interesses dominantes. Dá notoriedade e mantem a tertúlia acesa.
E nestas questões sempre será mais tolerável do que ler VM, JPP, VPV, JMJ, CCS, PKM,...
Depois, resolvida a nova legislatura, começa nova "lufa-lufa" .
E vamos acabar, todos, por adoptarmos a impressiva máxima picassiana:
"Cansei-me de ser moderno. Quero ser eterno" .
É, então, que peço a aposentação.
Para aqueles que rejubilaram com a queda de CC e que aqui deram largas à alegria e imaginação desmesuradas, desiludam-se. CC vai continuar.
Através de um dos seus mais brilhantes pupilos: Francisco Ramos.
Deviam ter sido mais comedidos e cuidado de guardar os foguetes.
«Ao fim de muita insistência, José Sócrates conseguiu garantir a permanência de Francisco Ramos na secretaria de Estado da Saúde, com a tutela das contas do Serviço Nacional de Saúde. O homem que Correia de Campos levou para o Governo por duas vezes é um especialista nas finanças dos hospitais, é duro quando tem de ser, e prefere chamar as administrações hospitalares ao gabinete do que criticá-las nos jornais. Complementava de forma perfeita o estilo mais... expansivo, digamos, de Correia de Campos. No fundo é a continuidade nas políticas, mas com outro rosto. Ana Jorge poderá distribuir tranquilidade às populações e explicações à comunicação social, deixando para o secretário de Estado a tarefa de controlar o orçamento. Parece ser uma boa ideia, mas fica uma dúvida: será possível distribuir tranqulidade e, ao mesmo tempo, manter uma reforma que todos dizem necessária, mas que ninguém quer que a afecte?
DE 01.02.08
Perguntava um dia Gelinier, um Engenheiro da prestigiada Escola de Minas de Paris, bem conhecido como prático e teórico da gestão de empresas,
“ Por que é que a boa gestão, quando a procuramos exprimir em romance ou teatro, dá sempre má literatura?”
Ele próprio respondia “ Simplesmente porque ela evita o drama, - e também o ridículo.
“A tragédia antiga, por exemplo, repousa sobre um «modelo» muito simples, o do homem cujas características são imutáveis, que não é adaptativo, que não pode ser «pilotado», que segue a sua trajectória, seu destino, seu «fatum», de maneira previsível mas inexorável, acompanhado pelo estremecimento dos espectadores, até ao esmagamento final.
Muitas vezes se tem observado que a comédia recorre à mesma rigidez mecânica com, somente, a transposição «des enjeux».”
“O drama e o riso parecem nascer da atrofia cibernética, que é o inverso da gestão.”
À bon entendeur…
Caro João Pedro:
Ana Jorge e Francisco Ramos já se conhecem pelo menos desde 1997, da ARSLVT.
AJ foi assistente da Escola Nacional de Saúde Pública durante mais de 7 anos!
De modo que FR não será o tal "rabo de palha" que CC terá deixado para trás (escondido!).
E, João Pedro, o pupilo de CC na cadeira de Economia da Saúde na ENSP, será mesmo Francisco Ramos ou o Prof. João Pereira?
Porquê que quando olhamos para FR começamos a sussurrar controleirismo do tipo banking, spies, lies & politics?
Onde estão os comportamentos corporativistas?
Ao menos 1 mês de estado de graça para a MS ler os dossiers.
Ainda mal refeitos da "exemplar" campanha das eleições do Bastonário. Atormentados pelo controlo biométrico de assiduidade prantado nos hospitais por essa alma daninha, eis senão, quando o sacrificado pessoal médico viu renascer a esperança com a nomeação da nova ministra da saúde, Ana Jorge, também ela médica de profissão.
Aleluia. Oh, Lord !
Eis as primeiras reacções de alguns dos colunáveis da corporação, recolhidas pelo TM:
No meio médico, a nomeação de uma clínica para ministra da Saúde gerou o contentamento de alguns, mas também a reserva de outros, crentes no ditado que assegura que «santos da casa não fazem milagres». No entanto, todos concordam que a «morte política» de Correia de Campos era inevitável e que o estilo de Ana Jorge será diferente.
«Ana Jorge é melhor solução»
Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos (OM): «A Ordem dos Médicos não promove ministros, tal como não pede a sua demissão, e trabalha com todos com a mesma lealdade, frontalidade e transparência. Mas claro que há ministros mais sensíveis aos contributos que a OM tem para dar, e é indiscutível que no último ano o ministro Correia de Campos não ouviu a Ordem e cometeu uma série de erros que tornaram insustentável a sua situação política. Estou convicto de que, por ser médica, Ana Jorge é melhor solução do que Correia de Campos. A Ordem vai continuar a colaborar com o Ministério da Saúde da mesma forma, aplaudindo ou criticando conforme as medidas.»
«Não prevejo grandes alterações»
Luís Pisco, presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral e coordenador da Missão para os Cuidados de Saúde Primários: «A nova ministra é uma pessoa que conhece bem a área da Saúde e os cuidados de saúde primários (CSP), por isso estou certo de que continuará a haver uma aposta nos CSP. Não prevejo grandes alterações em relação à reforma em curso, até porque esta resulta de uma resolução do Conselho de Ministros e, portanto, é uma política do Governo, não do ministro da Saúde. Não dou grande relevância ao facto de a ministra ser médica, penso que este é, acima de tudo, um cargo político e o importante é que se saiba rodear de bons técnicos; as equipas é que contam. Quanto ao cargo que ocupo na Missão, o meu lugar está sempre à disposição, veremos o que a senhora ministra vai dizer.»
Carlos Costa Almeida, presidente da Associação Portuguesa dos Médicos da Carreira Hospitalar: «A saída de Correia de Campos, por si só, foi uma boa notícia. Agora importa saber se a política era dele ou é do Governo, e esse é um receio que não escondo. O facto de finalmente o Ministério da Saúde passar a ser dirigido por uma médica é positivo, mas fiquei um pouco preocupado quando ouvi a nova ministra dizer que a política de Saúde era definida pelo primeiro-ministro. Não me parece que José Sócrates seja propriamente um especialista em Saúde, para ser ele a definir a política do sector, portanto é melhor esperar para ver.»
«Uma postura séria e responsável exige cautela»
Mário Jorge Neves, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam): «Neste momento, não temos possibilidade, de uma forma séria, objectiva e não demagógica, para fazer qualquer previsão em relação ao que poderá ser o mandato de Ana Jorge como ministra da Saúde. Quando Correia de Campos foi nomeado, todos lhe teceram grandes elogios e eu fui o único que disse que era uma solução desastrosa para a Saúde. Por isso, quanto a Ana Jorge, apenas digo que me parece que vai ter um estilo diferente, porque desde logo não tem um feitio conflituoso e truculento, mas julgo que é cedo para falar; uma postura séria e responsável exige cautela. Quanto ao facto de ser médica, devo dizer que acho que às vezes os santos da casa são os que menos milagres fazem. Neste aspecto, tenho uma visão completamente anticorporativista, as pessoas valem pelo que fazem e não pelo seu rótulo.»
«Ana Jorge sabe o que é ser médico»
Carlos Arroz, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM): «A saída do ministro Correia de Campos era inevitável, face a todas as trapalhadas em torno dos encerramentos das Urgências a que assistimos. Era um ministro que não conseguia dialogar com ninguém e que tinha uma equipa muito fechada. Ana Jorge parece-me uma pessoa sensata e que revela uma postura correcta, quando diz que as reformas são para prosseguir, mas que o SNS é para preservar. É uma afirmação prudente, até porque importa dizer que Correia de Campos não será lembrado como um ministro que propôs más reformas, mas sim como um ministro que, apesar de ter os técnicos com ele, implementou as reformas de uma forma desastrosa. Por outro lado, Ana Jorge sabe o que é ser médico, o que é bom.»
«[É uma pessoa] serena, ponderada e corajosa»
Luís Januário, presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP): «A SPP congratula-se com as novas responsabilidades de Ana Jorge. É uma pessoa com sensibilidade para as capacidades e debilidades do Serviço [Nacional] de Saúde, nos apoios aos mais desprotegidos, entre os quais se contam as crianças e os adolescentes. Entre as várias facetas da sua actividade, esteve nos movimentos reformistas dos cuidados perinatais, nas tentativas mais sérias de reorganização da Urgência, na ligação entre os cuidados de saúde primários e os hospitais, nas iniciativas do Instituto de Apoio à Criança. E em todos os cargos esteve como é: serena, ponderada e corajosa.
A SPP confia em que, com Ana Jorge num cargo de responsabilidade, se abra uma janela de oportunidade para a saúde das crianças e dos adolescentes.»
João Semedo, médico e deputado do Bloco de Esquerda: «Esta é uma oportunidade que o Governo tem para emendar a política de desmotivação de todos os profissionais do SNS que vinha a ser prosseguida e de retomar uma política que defenda o SNS e permita que este sirva efectivamente as populações. Desde já lançamos dois reptos à nova ministra da Saúde: que ponha termo às taxas moderadoras para os internamentos e as cirurgias do ambulatório, e elabore uma nova rede de serviços de Urgência.»
TEMPO MEDICINA 04.01.08
Caro João Pedro:
Perderá um "tempão" se tentar contabilizar e ler as decalrações de Manuel Delgado, presidente da APAH, que aparece acordado de um sono letárgico de quase 3 anos.
Como não discorria há tanto tempo - teria sido dispensado - desde há 48 horas que é vitima de uma diarreia verbal incoercível, tendo enviado press release cheios de nada a tudo quanto era publicação ou agência informativa.
O 112 está alertado e mantem-se vigilante para o caso de não haver períodos de acalmia.
E, esquecia-me da boca sobre as eleições...
Tem havido regularmente eleições na APAH? É que se há, não parece...
Caro é-pá,
O seus últimos textos deixaram-me banzado.
Foi o doutor que escreveu isto?
«A governação de CC na Saúde, encerra um longo e irregular ciclo que pode ser caracterizado pela "gestocracia".
Penso que os lobbys políticos não vão permitir, tão cedo, a repetição deste modelo.
CC, não caí sozinho.
A sua queda arrasta uma clique que domina a Saúde, directa ou indirectamente, há 2 dezenas de anos, i. e., quando se começa a estruturar o SNS, nomeadamente, os cuidados primários e secundários de Saúde»
E isto?
«É aqui que se encaixa o grande desafio do consulado de CC.
Entraram com grande espalhafato técnico no domínio político.
E aí soçobraram. As regras são outras.
A casuistica é lida selectivamente.
Para além dos números estrictos, tem a cavalo, são permanentemente escrutinados, os custos sociais e políticos.
A queda de CC é de certo modo a hecatombe desta visão fracturante da Saúde a que se acopulou um projecto de liderança que passava pela ENSP, como placa giratória do sucesso.
Nem M Delgado, nem C Sakellarides, têm estofo e peso político para dar continuidade ao modelo que é enterrado com CC.
A escola de CC, "morre" com o afastamento político do protagonista.
Daí a grassar um grande vazio, um sentimento de orfandade, nestas hostes.?
E esta algaraviada?
«O problema foram os "boys" que empurraram CC para esta aventura política em nome da revolução do sistema. Boys, mutios deles da sua corte da ENSP, que pensam nas reformas em modelo copy / paste.
O que foi feito no NHS deverá ser feito no SNS.
Na estrutura sociológica que temos no meio rural, com uma inabalável devoção ao S. Tomé (têm de ver para crer) muito renitente em relação às benesses do Terreiro do Paço, esses boys - a entourage de CC - os news health managers demonstraram:
- incompetencia política; - incapacidades no entendimento do sistema;
- desastrados na percepção dos problemas locais,
- desadequada acção técnica no terreno;
- falhas intoleráveis nos meios técnicos disponibilizados.
Embarcaram no sacrossanto sistema que tanto os encanta:
"com menos dinheiro vamos fazer mais".
Na linha de montagem da VW funciona, em políticas sociais, não é assim.»
E o que escreve a seguir não é sério.
«Com toda a sinceridade que costumo imprimir às minhas posições devo confessar que foi bem visível por parte do Xavier o lançamento do primeiro sinal de que algo tinha entrado na zona vermelha. É quando faz uma breve nota sobre um encontro com o “Hermes”, homem (AH) com grande visão estratégica da Saúde que merecia do Xavier o maior respeito. Dessa conversa teria ressaltado a necessidade de desenvolver um trabalho mais profícuo, concertado e abrangente, no seio do SNS. O lema seria: “ todos juntos até 2009!”.
Este rodeio, este enigmático encontro, mostrou-me que tinha tocado os sinos a rebate e o sector da administração e gestão da Saúde, tinha decidido cerrar fileiras.
Essa estratégia foi fielmente estampada no Saudesa, com uma profusão de artigos sobre a obra realizada e evocações de declarações do ministro em relação a planos de trabalho até 2009 (Jornal Sol, p. exº).
Por outro lado, manobras de diversão, suscitando uma re-discussão das PPP’s (a propósito do lançamento de mais 2 HH’s) de modo a desviar a discussão das permanentes “trapalhadas” que ocorriam à volta da reestruturação das urgências, de grotescas falhas da emergência pré-hospitalar, do caos da comunicação, isto é, do engrossar de uma onda de contestação ao Ministro.»
O é-pá faz disto um quiosque da conspiração. Uma tertúlia de gente influente, capaz de dar uma "ajudita" quando for preciso?
Sabe quanto tempo leva a preparar textos como o das parcerias?
Para evitar escrever patetices.
Não sabe, certamente.
Encontro conspirativo com o Hermes? E se o Hermes fosse eu?
Haja pachorra.
Por este andar, caro doutor, nunca mais o vemos descolar para a eternidade.
Noticia o Público de hoje – Local Porto – a abertura de um “Novo bloco de partos de luxo no Porto”
No site do Hospital, que abre o novo bloco, podemos ler:
“O novo Bloco de Partos abre hoje as portas, sexta-feira, 1 de Fevereiro, às 10 horas, para uma visita à nova estrutura que vai oferecer à grávida novas opções no parto: banheira de relaxamento, sala especialmente equipada para parto natural, luz directa, lógica de integração com cuidados neonatais, assistência médica e administrativas 24 horas, blocos operatórios imediatamente contíguos às salas de parto, circuito diferenciado para acompanhantes e acesso do exterior exclusivo.
Estas novas instalações vão ainda colocar à disposição da mulher novas técnicas para amenizar a dor durante o trabalho de parto: hidroterapia, musicoterapia, exercícios de relaxamento, bola e cordas específicas para parto natural. Conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), a mulher vai ter um corredor próprio para deambular livremente durante a fase lactente, o que estimula o trabalho de parto, chuveiro para relaxamento nas 5 salas de parto, sala de cardiotocografia (monitorização durante o trabalho de parto), sala para ecografia diferenciada com maior privacidade, salas individualizadas para reanimação de recém-nascidos, entre outras novas valências. A nova estrutura dá à grávida a opção de escolher a posição que lhe é mais conveniente dar à luz, e os meios que considerar mais benéficos para o trabalho de parto.
Partos induzidos, anestesias, tricotomias, clisteres, soro colocado à entrada da grávida no hospital, são algumas práticas já em desuso no antigo bloco de partos, e agora em extinção com as instalações que entraram em funcionamento. A episiotomia (para facilitar a expulsão do bebé recorre-se ao corte do períneo, uma área muscular localizada entre a vagina e o ânus), só será realizada em casos realmente necessários.
O novo bloco de partos traz também mais-valias para os profissionais de saúde: 5 quartos médicos para assistência 24 horas, bem como serviço administrativo permanente, o que permitirá optimizar a prestação de cuidados.”
Que hospital é este? Um Hospital privado, pertencente a algum dos grupos económicos que está a investir na saúde? BES, Mello, HPP, Trofa?
Frio, frio…. Trata-se do Hospital de S.João, onde a equipa de “boys” nomeada por CC e liderada pelo Prof. António Ferreira está, como podemos constatar, exclusivamente preocupada com os números e a multiplicação dos actos.
Se a equipa do S.João faz parte da "gestocracia", então apetece-me fazer um gesto bem popular – não se assustem, é apenas um manguito – aos “lobbys políticos (que) não vão permitir, tão cedo, a repetição deste modelo”
Caro Xavier:
Terei o maior prazer e acho ser meu dever decifrar algo que tenha escrito nos últimos dias e que possa ser mal interpretado, considerado inconveniente ou insolente.
É obvio que a minha leitura da demissão de CC não é coincidente com a de muita gente, nomeadamente com a sua.
Mas, independentemente dessas discrepâncias, nunca será uma leitura aberrante. Não piso esses caminhos. Gosto de especular, mas destesto caluniar.
E há uma questão prévia:
as minhas posições podem estar erradas, podem ser contestadas, podem conter contradições, mas são SÉRIAS, sempre o foram.
E essa afirmação (E o que escreve a seguir não é sério...) não deixa de ser ofensiva. Desculpe, mas sem qualquer valor dialéctico é uma mera asserção cujo valor questiono.
Eu não pertenço a qualquer facção conspirativa, vitoriosa ou derrotista no seio da Saúde.
Voltarei, mais tarde a este assunto, pois estou de partida para férias de Carnaval.
Voltemos a falar de coisas sérias já que CC é passado. E de má memória, para muitos. Sobretudo para aqueles que, como hoje mais uma vez se verificou em Bragança, possam ter morrido por inadequada assitência.
Retomando alguma reflexão sobre os problemas do SNS, recordo que entre outras coisas assistimos a um forte ataque à classe médica pela equipa cessante do MS. Os médicos foram apontados, frequentemente, mesmo por alguns colegas de blogue, como a causa dos mais graves problemas da Saúde e em particular nos hospitais.
Foram acusados de serem os grandes gastadores dos HH e de ganharem "dinheiro" imerecido.
E surgiram algumas medidas particularmente dirigidas contra a classe, como o corte nas horas extraordinárias realizadas em SU. E o que hoje se passa nos SU (à margem dos encerramentos) não deixa de ser em grande parte o reflexo dessa medida cega (mais uma) e própria de quem não quis ver a realidade.
Passaram a ser contratados médicos, através de empresas, para suprir as "faltas" nas Urgências. E a preços geralmente mais elevados. E os médicos contratados por essas empresas são, geralmente, os mais jóvens e consequentemente com quebra de qualidade nos Serviços.
Na verdade, alguns hospitais com maior falta de médicos, já vinham pagando, desde os HH SA's, valores exorbitantes a empresas de duvidosa idoneidade, através das quais eram contratados médicos para as Urgências.
Havia e há exageros e muita irrespnsabilidade nos SU mas, em última instância, eram os respectivos directores dos serviços os verdadeiros responsáveis. E eles próprios são um mau exemplo (como integraram a CATPRU?).
Mas, nos últimos dois anos foi o descalabro.
Será que não há soluções alternativas? Será que, com a colaboração dos próprios médicos não é possível racionalizar as Urgências hospitalares? Será que não é possível dimensionar adequadamente as equipas de urgência e acabar, por exemplo, com o elevado número de "médicos em formação" em SU por vezes como forma de lhes permitir "ganhar mais uma boas centenas de euros" no final do mês?
Esta e outras medidas foram iniciadas em 2004 "cá em casa" e estavam, ao tempo, a produzir resultados. Talvez mais lentamente do que o desejável! Mas sem grandes convulsões.
Vieram outros tempos e tudo se alterou. Infelizmente para pior.
Acho que o tema bem merece ser "olhado" à luz dos ensinamentos recentes.
CC falhou na forma de conduzir o processo, na manifesta falta de conhecimento das realidades locais e do desprezo pelo sentimento do povo quanto à "proximidade" (de cuidados). Não passou à história, antes a história terá passado por ele.
Ana Jorge, começa com uma má carta de recomendação, mas estava (estará) igualmente apostada na reorganização, na rentabilização e melhor e maior eficácia a médio prazo (v.g o estudo para fusão dos hospitais militares/marinha).
Não terá sido CC ou será Ana Jorge a ditar os destino, mas sim JS, esse "homem demasiado humano quanto às "pequenas"(...!!!) fraquezas" e "demasiado plástico, arrogante, autoritário, insensível, egocêntrico e demais adjectivos" a fazê-lo.
"A vida só se compreende mediante um retorno ao passado, mas só se vive para diante" - Soren Kierkegaard
Já Francisco Ramos, um dinossauro, esteve sempre calado e continuará a estar, mas até ceita uma despromoção.
Caro Xavier:
O É-Pá é mesmo assim. Admiro a sua espantosa e militante disponibilidade, a sua cultura geral que lhe permite ir a todas, sendo que de tudo ninguém pode saber. Mas não tem mal, se não acerta no cravo bate na ferradura, e fica a impressão de que o importante é bater, ou levantar fumaça que não deixe ver o cravo.
Para isso, nada melhor do que desviar, insinuar, divagar, recorrer a alegorias. desenhar quadros fantasiosos, delirar se for preciso, e tanto que ninguém possa ter a certeza que entendeu. Depois, saem peças como as que transcreve: encontros com o Hermes (que, pelos vistos, não anda a tratar bem, veja lá se toma juízo Xavier!), Post derivativo sobre PPP – a propósito, escrevi dois nos últimos dias, mas não encomendados!
Fico mais tranquilo ao verificar que não sou só eu a não entender.
Correia de Campos e o fim do ‘Super-Sócrates’
É possível que Correia de Campos não tivesse condições para continuar. Mas a sua substituição é, também, um sinal da subjugação do Governo ao ciclo eleitoral. É puro receio da rua, do partido e dos ‘media’. É, afinal, o costume...
A demissão do ministro da Saúde destruiu o mito do ‘super-Sócrates’, o homem imune às pressões dos «media», às pressões do partido e às pressões da rua - as três forças que arrumaram Correia de Campos na prateleira dos remodelados.
A falta de jeito para a política do ex-ministro da Saúde explica metade da história. A restante só pode ser compreendida através da monumental demagogia que varreu Portugal a propósito de casos desgarrados e exemplificativos de... absolutamente coisa nenhuma.
A última dessas ondas demagógicas foi o célebre telefonema do INEM para os Bombeiros de Favaios (genialmente caricaturado por Ricardo Araújo Pereira num vídeo na Internet). Esse triste episódio, se demonstra a crise de alguma coisa em Portugal, é a crise da educação, da formação profissional, do civismo e do serviço público. Começamos por ter uma senhora que não sabe o seu número de telefone; passamos para um homem que diz, aparentemente com grande descontracção, que o irmão está morto (irmão de quem não sabe a idade ao certo) e continuamos com dois bombeiros, de duas corporações diferentes (Favaios e Alijó) que afirmam não ter meios humanos.
Perante isto, qual é a culpa do INEM ou do ministro da Saúde? Quanto dinheiro dos nossos impostos vai para educação, que não tem qualquer retorno? Quanto dinheiro damos aos bombeiros para termos uns amadores atrás de um telefone, atarantados e gaguejantes, sem saber o que fazer?
Isto não é a crise do SNS. É o retrato de um país onde há zonas terceiro-mundistas!
Depois, vieram as pressões do partido. Os pais fundadores do SNS, como Arnaut, as consciências de esquerda, como Alegre. Tudo gente estimável e acima de qualquer suspeita, mas convicta de que os recursos são inesgotáveis. Não lhes chegou o exemplo das reformas (que a geração deles recebe quase por inteiro, alguns desde a meia-idade, mas que a minha não receberá antes dos 66 ou 67 anos e cheia de descontos, e a geração das minhas filhas nem sabe se alguma coisa receberá).
Pessoas que sabem que a Saúde tem custos aterradores, que as pessoas vivem cada vez mais anos e que o sistema não aguentará, mas que insistem na inutilidade da reforma.
Foi a ideia da anti-reforma que o país adoptou. E foi a ideia de um chefe do Governo imune ao tacticismo eleitoralista que ruiu.
Sócrates é, como os outros, sensível ao apelo da rua, do partido, dos «media». Até Outubro de 2009 nada de relevante será feito em Portugal.
Hentique Monteiro, expresso edição 1840 de 02.02.2008
António Costa afirmou ainda que sente pena pela saída de Correia de Campos do Governo: "Tenho muita pena que ele tenha saído. Há um trabalho extraordinário, há um trabalho extraordinário que ele fez, de visão, com muita coragem e muita determinação. Enfim, cada um tem o feitio que tem e, porventura, terá faltado algumas vezes a flexibilidade necessária para poder prosseguir quanto ao essencial".
JP 02.02.08
Vão corrigir?
Os média e os partidos políticos que, no auge da "crise do encerramento das urgências hospitalares", que desencadeou a saída do ex-Ministro da Saúde, usaram de forma infame o caso da morte de uma criança à chegada ao hospital de Anadia, vão dar o mesmo relevo às conclusões do inquérito da Inspecção-Geral de Saúde, que não só afasta qualquer ligação entre as duas coisas como considera irrepreensível a assistência prestada nas ambulâncias?
Ou vão persistir na infâmia, pelo silêncio?
vital moreira, causa nossa
Cinismo
A demissão de Correia de Campos permitiu pôr em evidência a hipocrisia que grassa por este país, seja no meio jornalístico, nos corredores do poder ou nos comentadores. Durante dois anos foram muito poucos o que tomaram uma posição pública em apoio do desempenho de Correia de Campos, do seu desempenho ou da sua política.
Logo nos primeiros meses teve que enfrentar as investidas do aparelho do PS quando fez nomeações em função da competência sem seguir as sugestões partidárias. Talvez por isso Jorge Coelho se tenha limitado a escrever Em relação a Correia de Campos e Isabel Pires de Lima é justo que se lhes faça uma menção. Fizeram parte de um Governo que está a fazer reformas profundas. Com mais ou menos sucesso pessoal no desempenho dos cargos, tiveram a coragem de decidir no que entenderam como as decisões mais justas». Nem uma palavra de apoio, como se os ex-ministro e, em particular, Correia de Campos merecessem uma palavra de elogio. Foram meros executores de reformas e caíram em desgraça por causa das suas próprias decisões, que terão considerado serem as mais justas.
Aliás, não foi só Jorge Coelho, o “santo protector” dos boys do PS que criticou e terá ficado agradado com a saída do PS, neste capítulo os todos os boys partilharam a alegria do Litério da Anadia, o próprio Manuel Alegre falou como se a sua derrota nas presidenciais tivesse sido vingada.
Também foi necessário Correia de Campos ser demitido para que o jornal “Público” tivesse publicado um editorial a elogiar um membro do governo, mais exactamente um ministro demitido, Correia de Campos.
Bem mais longe foi Pacheco Pereira que fez um dos maiores elogios a Correia de Campos, um gesto de “coragem” pois Pacheco fica para a história como o comentador que elogiou Correia de Campos num momento em que seria mais fácil fazer como quase todos os outros. Só que esta coragem de Pacheco Pereira só sucedeu quando Correia de Campos foi demitido, nunca antes tinha elogiado a política para a saúde ou a sua decisão. De qualquer das formas ainda teve a coragem que Jorge Coelho não teve.
O próprio Sócrates num dia tentou obter proveitos políticos dando a entender que vinha aí o diálogo e uma melhor gestão do SNS para que no dia seguinte, depois de ter ouvido muita gente defender as reformas de Correia de Campos, já vir assegurar que as reformas eram para continuar. A própria ministra empossada ainda andou a gaguejar até que acertou o passo com a rectificação no discurso do primeiro-ministro.
Estou de acordo com um amigo com que me cruzei durante a hora de almoço, foi demasiado cinismo e hipoocrisia.
O Jumento
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