sábado, janeiro 12

Ofensiva para Arrumação dos Bancos (4)


Em complemento ao comentário anterior link aconselho a leitura da entrevista de dois elementos da comissão de urgências (CTAPRU) "Ou há coragem para pegar nisto ou o sistema vai colapsar", publicada hoje no JP.link

- Picos de urgência no H Aveiro e H Feira:

«AM: há sempre aumento por alturas das festas, porque os Centros de Saúde fecham quatro ou cinco dias…»
«JMA: Em Aveiro houve um pico e os picos acontecem de vez em quando. Aliás o hospital (Aveiro) tinha tido mais doentes no mesmo dia do ano anterior, ( a demora no atendimento da senhora que morreu depois de aguardar quatro horas) foi um problema de encaminhamento»

- Relação fecho dos SAP e “urgências” com impacto nos SU:

«JMA: os SAP da minha área de influência (CHC) já fecharam há mais de um ano. Fui analisar o impacto no meu SU. Tínhamos em média 17 doentes (provenientes dessas áreas) e passaram para 19 um ano depois»

«JMA: Em relação ao hospital da Anadia … os próprios doentes sentem que aquilo não é uma urgência». (citei)
Hermes

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4 Comments:

Blogger tonitosa said...

O melhor comentário que se poderia fazer a este comentário era dar-se igual relevo aqui no Saúde SA ao comentário, do é-pá a propósito da mesma entrevista.

Mas há que respeitar os "critérios editoriais" e como sabemos geralmente a notícia de primeira página é que vende...

Na verdade da mesma entrevista é possível lermos também o seguinte:

"António Marques e José Manuel Almeida reconhecem que os cidadãos recorrem às urgências porque o sistema não dá resposta às suas expectativas, mas frisam que a requalificação tem de avançar."

"A proposta de referenciação que entregaram há quinze dias não inclui alguns serviços de urgência, como o do Curry Cabral (Lisboa), cujo fecho propunham, mas que o ministro já anunciou que se vai manter aberto.

Essa é uma decisão política do senhor ministro. Por isso é que nós queremos uma lista formal a dizer: isto sim, aquilo não. Não nos basta saber pelos jornais."

"As reformas - estas duas e também a do pré-hospitalar - têm de avançar em paralelo. São assuntos diferentes mas tocam-se. Haverá sítios onde se conseguirá andar mais depressa, outros mais devagar."

"É demasiado caro investir num helicóptero só para ter um táxi. Vamos gastar uma pipa de massa nos helicópteros sem aproveitar as potencialidades dos helicópteros? Porque a grande vantagem do helicóptero não é tirar uma pessoa daqui e pô-la no hospital ao lado, é levá-lo para o sítio mais adequado. Se tenho um grande queimado em Bragança talvez tenha de o levar para Coimbra por não ter vaga no Porto. Se já é complicado, quando temos médico e enfermeiro, responder às exigências de um doente grave, que fará se o enfermeiro tiver de fazer tudo sozinho. Ainda por cima, no ar as pressões atmosféricas têm implicações, os doentes sangram mais, é um desafio médico muito superior."

"PUBLICO - Mas não há médicos em número suficiente...

A. M. - O argumento de que não há médicos para assegurar as escalas dos helicópteros não cola. Estamos a falar em três escalas, não em trinta."

Volto pois a insistir: é fácil encerrar serviços; difícil é melhorar os existentes ou criar novos!

6:48 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Hermes:

Não posso concordar que da leitura da entrevista dos 2 membros da CTAPRU salte à liça uma leitura explicativa dos "picos" de atendimentos nas urgências verificados em alguns HH's, nem como uma postura justificativa dos fechos dos SAP's, como têm decorrido.
Há muito mais nessa entrevista...

Caro Xavier:

E, esse "muito mais", ultrapassa largamente a "Ofensiva para Arrumação dos Bancos", ou como foi, no início desta cruzada, sarcaticamente referido, uma "OPA aos Bancos".
Como sabe - p. exº, no caso da PT - há OPA's hostis.

6:57 da tarde  
Blogger Clara said...

Interessante a abertura do comentário do tonitosa.

O é-pá entendeu valorizar no seu comentário as eventuais fissuras entre o trabalho da comissão e a decisão política relativamente ao processo de requalificação das urgências.

E esta clivagem seria tão importante que teria levado o xavier (sob suspeição, relativamente a tudo que diga respeito a CC)) a preterir o post do é-pá, melhor elaborado, maior profundidade, conteúdo crítico, em relação ao do hermes.

Gostamos de colocar as coisas assim. Com uma pitada de conspiração as coisas tornam-se mais apetitosas.

O trabalho da comissão é técnico. A decisão de CC é política.
Não há qualquer clivagem.
Naturalmente a decisão política de CC não poderá coincidir com todas as indicações da comissão. Basta que siga as fundamentais.
O ritmo de implementação deste projecto terá de ser consentâneo com os acordos/contestação dos autarcas e populações.

Da leitura da referida entrevista não é lícito retirar que há muito, muito mais. Que os elementos da comissão, decepcionados se setem uns incompreendidos e que CC está a atraiçoar o espírito desta reforma.

A greve dos argumentistas dos USA bem poderia ser aproveitada por alguns comentadores deste blogue para o relançamento de carreiras.

7:41 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Critérios políticos e investimentos em atraso estão a desafinar a reforma. Os peritos estão em alerta

A polémica em torno das Urgências está de regresso e, agora, com alguns alertas negativos dos próprios técnicos que idealizaram a nova rede. O grupo mantém o apoio ao ministro da Saúde, Correia de Campos, mas admite preocupações com Viseu, Évora, Braga, Vila Real, Faro e Vila Nova de Gaia.

Estas Urgências têm de concentrar investimentos para serem “verdadeiramente polivalentes” - o maior nível de diferenciação - , defende António Marques, presidente da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTPRU). Segundo a sua avaliação, “o caso mais flagrante” é Évora, que ao lado de Faro, Viseu e Vila Real, integra o grupo de serviços que precisam de maior esforço financeiro para terem todas as valências.

Esse trabalho essencial para o bom funcionamento da reforma depende agora da avaliação das respectivas Administrações Regionais de Saúde. São elas que estão a analisar a exequibilidade da proposta de requalificação apresentada pela CTPRU para “ajudar a evitar as mortes que são evitáveis”, diz António Marques. E “se concluírem que não é viável, isso tem de ser assumido com verdade”, acrescenta.

Depois do fecho das Urgências na Anadia, Cantanhede e Peso da Régua, a questão ganhou nova relevância, até porque “importa assegurar que este não é um processo de encerramentos, mas de requalificação”, reconhece o responsável, salientando que estão em causa 15 encerramentos mas também a requalificação de toda a rede e a abertura de 26 unidades, algumas das quais em centros de saúde.

É esta a base para a tabela de referenciação que garante a 90% da população estar a 30 minutos da Urgência mais próxima e a 45 minutos de uma Urgência Médico-Cirúrgica.

António Marques e José Manuel Almeida - outro dos 11 membros da CTPRU - dizem que o êxito desta “reforma vital para a sobrevivência do Sistema Nacional de Saúde” exige um trabalho paralelo ao nível dos Cuidados de Saúde Primários e da Emergência Pré-hospitalar. “É essencial a sua gestão articulada”, concordam. “E para o trabalho ser sério é preciso definir um calendário”.

Num momento em que as Urgências estão debaixo de fogo, depois da morte recente de duas mulheres nos serviços de Vila Real e de Aveiro, o grupo de peritos admite que “o que o país tem neste momento não é bom”, “há doentes a serem enviados para o sítio errado, há transferências sucessivas entre locais de atendimento e há ineficiências”. Por isso, António Marques considera que o ministro Correia de Campos “revela uma enorme coragem política” por assumir mexer no sistema mas ressalva que falta o resto. É preciso ter mais coordenação na rede, o que não é fácil quando Correia de Campos ordena mudanças por decisão política. Situações que já ocorreram em São Pedro do Sul, que perde a Urgência Básica; no Curry Cabral, que mantém a Emergência, e em Macedo de Cavaleiros, que ganha uma Urgência.

Paramédicos precisam-se
A melhor solução para assegurar o serviço de emergência hospitalar está nos paramédicos. A proposta para reforçar o investimento nestes profissionais é defendida por António Marques, presidente da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTPRU).

Já apresentada ao Ministério da Saúde, a estratégia contempla um modelo idêntico ao de Inglaterra, Canadá e EUA e requer a profissionalização dos serviços mínimos de emergência. A Comissão acredita que não são precisos médicos ou enfermeiros a bordo de todas as ambulâncias. Exige, no entanto, que o seu envolvimento seja feito mediante protocolos com responsabilidade médica relativamente aos meios accionados e aos actos praticados. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) garante que as regras estão feitas e serão submetidas à Ordem dos Médicos após as eleições. Na instituição, a medida é vista como um risco para a população e garante-se: “há médicos desde que lhes paguem”.
semanário expresso 12.01.08

7:58 da tarde  

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